A crença no diabo é o resultado de um raciocínio errado. Está baseada num sentido mal orientado e supersticioso de causa e efeito. Em épocas remotas, acontecimentos incomuns na vida cotidina, quando não compreendidos, provocavam suspeita e medo. Desse falso estado mental surgiu a crença tanto em espíritos bons como em maus — o diabo ou Satã.
Os hebreus, que foram dos primeiros a adorar um só Deus, descambaram para o medo, a superstição e, por fim, a adoração de ídolos, durante sua jornada do Egito à terra de Canaã. A ingratidão, a desobediência, a voluntariosidade, a inveja, a teimosia e a sensualidade de muitos dentre o grupo obscureceram a consciência que tinham do único Deus, o Amor, e se transviaram. Seu guia, o leal Moisés, deu-lhes o remédio para o lamentável estado deles, o reconhecimento do único Deus, o Espírito: “Hoje saberás, e refletirás no teu coração,” diz ele ao povo em seu grande discurso final, transcrito no livro de Deuteronômio, “que só o Senhor é Deus em cima no céu, e embaixo na terra; nenhum outro há.” Deuter. 4:39;
Esse conhecimento é útil, hoje em dia, para enfrentar o fascínio da superstição e do ocultismo. Ondas contemporâneas de cinismo, fatalismo, mediunidade psíquica e ações e reações nervosas incontroláveis, tendem a atrair a confiança e o interesse da humanidade para a direção errada.
O magnetismo animal, a aparente propensão a uma causa e efeito falsos — um sentido ilusório acerca de Deus, do homem e do universo — clama que toda a vida, substância e inteligência estão na matéria e são da matéria. Argumenta que o homem é a vítima eterna de forças externas e internas. Mas cada fase do magnetismo animal é decepção total, e está inteiramente sujeita ao controle da Verdade.
A Mente divina é a única Mente do homem. Essa Mente é a fonte inesgotável de pensamentos saudáveis. O universo de Deus nunca está sob a influência negativa, ou seja, do magnetismo animal. Como idéia espiritual de Deus, o homem nunca está sujeito ao mal em qualquer forma ou condição — a qualquer diabo.
O próprio fundamento do exitoso ministério de cura de Cristo Jesus era a unidade de Deus — a totalidade do bem — e a nulidade do diabo, ou mal. Nosso Mestre relegou o mal ao mundo da ficção. Nessa base, expulsou-o do pensamento e da experiência.
Ao instruir setenta discípulos, Jesus disse: “Eu via a Satanás caindo do céu como um relâmpago.” O mal e todo o seu séquito de manifestações supersticiosas não encontram lugar nenhum no pensamento centralizado em Deus, ou o Cristo. Isso é confirmado por sua afirmação: “Eis aí vos dei autoridade ... sobre todo o poder do inimigo, e nada absolutamente vos causará dano.” Lucas 10:18, 19;
“E nada absolutamente vos causará dano.” Essa verdade tão relevante e eterna foi demonstrada na experiência de uma senhora de idade avançada que vinha sofrendo devido a um colapso nervoso que havia afetado o uso de seus braços e pernas. Ela pedira ajuda a um praticista da Ciência Cristã, e juntos começaram estão orar com sinceridade, afirmando que a totalidade e a bondade de Deus estão presentes, e também a perfeição de Sua criação, inclusive o homem. Não obstante, pouco ou nenhum progresso se manifestara.
O praticista percebeu a necessidade de negar com vigor a crença num diabo pessoal. Reconheceu que a ação do homem é eternamente governada e regulamentada pelo Princípio divino, e não por crenças diabólicas a respeito de o homem existir na matéria ou no corpo físico. Ele afirmou que não há, e nunca houve, um só elemento daninho ou destrutivo na criação de Deus. O ser do homem, a manifestação do Amor divino, não está à mercê do magnetismo animal ou de supostos diabos ou demônios.
Durante anos essa senhora sentira-se alvo de atenções e preocupações de outras pessoas. Em razão de sua idade avançada, amigos chegados se empenhavam em restringir-lhe as atividades. Em conseqüência, ela se sentia sufocada e sem vida. Medo, agitação e obstinação obscureciam o pensamento dela, e sua vida parecia fora de controle.
O reconhecimento de que não existe diabo, ou mal, pessoal ou impessoal dotado de poder, mudou tudo isso e ela ficou completamente curada em uma semana.
As persistentes alegações de que o mal é uma realidade e um poder podem ser sobrepujadas pela Ciência Cristã, a qual ensina que, corretamente vista, a criação é o produto perfeito de Deus, o Princípio divino. É o desdobramento do bem ilimitado. Nesse universo espiritual não existe elemento algum de mal que possa causar dano. Tudo está intacto, é perfeito e belo.
A acusação de um sentido material e mortal das coisas, de que o homem está sob o poder da superstição, de diabos ou demônios, tem de ser enfrentada por meio de uma compreensão cada vez mais desenvolvida acerca de Deus e de Sua criação. Essa compreensão é o Cristo, que não conhece derrotas. A Sr.a Eddy escreve: “Aquele que proferiu o nome de Cristo, que virtualmente aceitou as exigências divinas da Verdade e do Amor na Ciência divina, se afasta diariamente do mal; e todos os esforços iníquos dos supostos demônios jamais poderão impedir que a corrente daquela vida flua invariavelmente para Deus, sua fonte divina.” Miscellaneous Writings, p. 19.