O homem reflete a profundidade, a beleza e a inteireza do Ser divino. Ele está satisfeito, realizado.
Nossas vidas, entretanto, podem muitas vezes parecer uma contradição deste fato. Se estamos tendo dificuldade em encontrar a paz e a alegria que pertencem ao homem como expressão de Deus, talvez nossa necessidade seja a de observar mais acuradamente a maneira pela qual nos estamos identificando e o que contemplamos como sendo a origem de nosso contentamento.
Geralmente, uma pessoa que se sente descontente é tentada a procurar alguém, algum lugar ou alguma coisa para realizar-se. Ora, se nos identificamos como mortais frustrados, vivendo com outros mortais num universo físico, nosso raciocínio parte de uma premissa errada — a crença de que tanto o homem como a criação são materiais e finitos.
Os ensinamentos da Ciência Cristã libertam o pensamento dos pontos de vista geralmente aceitos a respeito da vida e do ser e revelam a criação como sendo estabelecida sobre uma base espiritual, completa e permanente, não sujeita à sorte e às flutuações da crença mortal. Se deixarmos de enfocar concepções errôneas — tais como a falsa suposição de que o homem é essencialmente físico e de que sua felicidade reside em brincadeiras irrefletidas e em diversões superficiais — e começarmos a aceitar as verdades da existência espiritual, discerniremos a plenitude, a substancialidade e a inteireza de uma vida ancorada no Espírito divino e não na matéria.
Necessitamos é de sentir e saber que somos a expressão já plenamente satisfeita do Espírito, agora mesmo, em vez de apenas ter esperança de vir a sê-la. À medida que somos receptivos aos pensamentos divinos e que afirmamos coerentemente o fato de que a única Mente que possuímos, a única Mente que existe, é Deus, vamos perceber mais da divina realidade e, por conseguinte, mais de nossa verdadeira identidade. Como resultado de nossas orações, as obstruções mentais — penedos que parecem bloquear nosso acesso ao bem espiritual — são afastadas de nós. Começamos a sentir a inteireza e o contentamento que só podem vir de Deus.
Só existe uma única base do ser — a Mente e sua criação ideal. Quando, pela oração, associamos nosso pensamento à Mente, discernimos esse fato e começamos a abandonar a crença numa consciência mortal, finita, que reconhece a vida apenas de modo material e que é a fonte de todo descontentamento. “Quanto mais de perto a assim chamada mente falaz se avizinhar da pureza”, nos informa a Sr.a Eddy, “tanto mais consciente ela se torna de sua própria irrealidade, e da grande realidade da Mente divina e da verdadeira felicidade.” Miscellaneous Writings, pp. 362–363;
Fundamentalmente, o que procuramos em matéria de contentamento, jamais pode ser encontrado em meras atividades sociais ou no misturarmonos com outros. Se apenas por nos sentirmos sós, saímos à procura de companhia ou mudamos de local a esmo, sem basear nossas ações na realidade da perfeição do homem em Deus, isso não trará uma cura real a essa dificuldade. A necessidade é de, primeiro, nos identificarmos espiritualmente e reconhecer que Deus é a fonte de nosso ser. Não criou Ele uma idéia incompleta, nem privou o homem de um elemento sequer que fosse necessário ao seu bem-estar.
A consciência material espúria, ou mente mortal, quer nos convencer de que a vida está na matéria, que a substância e o contentamento estão nas formas físicas e que mesmo nossa identidade está à mercê de forças materiais. Entretanto, não há consciência material, nem força material. Na Ciência absoluta, não existe reino material. Somente ao prescindir da especulação material e ao raciocinar partindo da base de uma compreensão espiritual é que podemos começar a vislumbrar o universo de Deus, perfeitamente estabelecido, no qual o nosso lugar e propósito individuais — tudo, enfim, que constitui o nosso bem-estar — estão determinados.
Importante vitória se alcança em desfazer-se do que é material e em perceber a satisfação duradoura pelo reconhecimento de que nós não somos personalidades materiais — um determinado tipo de mortal num universo material. Imaginar que somos personalidades finitas em conflito com outras personalidades finitas, é interpretar erroneamente o homem e a criação e fazer com que nossa felicidade e o contentamento dependam grandemente das ações dos outros. A Ciência Cristã remove do pensamento a crença de que possuímos um ego particular, um ego que compete com outros egos. Deus é o único Ego, a única Mente. Toda a individualidade e identidade resultam da Mente. Vivendo de acordo com essa verdade, cessamos de lutar por obter felicidade a partir de uma suposta base de imperfeição e começamos a perceber a totalidade, a bondade e a beleza de nossa identidade como a expressão da Mente. “A personalidade material”, escreve a Sr.a Eddy, “não é realismo; não é o reflexo ou semelhança do Espírito, o Deus perfeito.” Ciência e Saúde, p. 337;
A pureza e o contentamento são inseparáveis. Podemos purificar nosso pensamento mediante a oração e vivendo em melhor harmonia com a nossa verdadeira identidade, a qual se assemelha ao Cristo. O pensamento que se está tornando menos tumultuado pela materialidade, pode mais prontamente discernir as perspectivas ilimitadas do universo da Mente, a presença e a substancialidade do bem espiritual. Cristo Jesus declarou: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus.” Mateus 5:8; E a Sr.a Eddy salientou: “Para ser verdadeiramente feliz, é preciso que o homem se harmonize com seu Princípio, o Amor divino; é preciso que o Filho esteja em concordância com o Pai, em conformidade com Cristo.” Ciência e Saúde, p. 337;
Podemos, com alegria e naturalidade, abandonar qualquer falsa noção que, porventura, tenhamos com relação à origem de nosso contentamento. Ele não reside na matéria, no tempo ou nas circunstâncias. Não está à mercê da sorte ou do capricho. Nosso contentamento está em nossa consciência de Deus. “Dessendentou a alma sequiosa, e fartou de bens a alma faminta.” Salmos 107:9.