Um novo conceito sobre a mulher se faz necessário — um conceito espiritual, verdadeiro. O conceito de mulher e do que concerne à mulher, fundamentado num raciocínio material, precisa ser revisado.
A crença na desigualdade dos sexos muitas vezes foi e ainda é o resultado de as mulheres não conseguirem obter um sentido de inteireza nem encontrarem na sociedade seu papel ou um lugar que satisfaça. Por outro lado, em geral, os homens são educados a pensar que somente a eles pertence a autoridade, a superioridade e o controle. Em geral, não sabem que Deus, o único Ego, é onipotente. Também há uma falha, não só por parte dos homens, mas mais particularmente por parte das próprias mulheres, em perceber que a verdadeira idéia — tanto a mulher como o homem — é espiritual, a expressão de Deus. À inteireza espiritual, à inteireza da expressão de Deus, a mulher é essencial.
Uma vez que a mulher, em seu pleno potencial, não foi compreendida e aceita pela humanidade, esse potencial não se evidencia na experiência humana. As mulheres têm sido quase que totalmente cegas à sua suficiência derivada de Deus; isto é, ao fato de serem suficientes porque são a expressão de Deus, e não porque têm marido, pai ou filho.
Graças à Ciência Cristã, o pensamento da humanidade está se transformando e está se estabelecendo uma compreensão da verdadeira posição espiritual da mulher. Está havendo um despertar para o que é real e verdadeiro. Embora o fato da espiritualidade da criação de Deus sempre ter existido na verdade, ou na realidade, os falsos conceitos sobre a mulher, que há muito tempo se mantiveram, somente cederão à medida que individualmente insistirmos na verdade. Mulher é uma dimensão espiritual do pensamento, que, ao ser concretizada, completa o conceito de cada idéia individual de Deus.
A medida que retificamos os falsos conceitos em nosso próprio pensamento, o verdadeiro lugar da mulher será percebido. Os homens, também, se libertarão das errôneas responsabilidades e inflexibilidades para com as mulheres, e estas revisarão seu conceito sobre o homem. As mulheres não mais serão estereotipadas como objeto da sensualidade ou uma desculpa para tal coisa. A pretensão da sensualidade — de que possa usurpar o lugar de Deus, da Alma, ao oferecer satisfação na matéria e um sentido de completação mediante o corpóreo — será inadmissível. A sensualidade deixará de escravizar o homem e a mulher. Ela não mais parecerá compensar a mulher pela injustiça inerente à crença na desigualdade dos sexos.
Os ensinamentos do Antigo Testamento a respeito do papel da mulher e as muitas referências nas Escrituras que associam a mulher ao pecado, à maldade e à tentação, há muito tempo vêm escondendo o propósito e a atividade reais da verdadeira mulher. À primeira vista, esses trechos bíblicos parecem mostrar somente um valor invertido. Mas sua mensagem mais profunda faz menção à retificação necessária no pensamento humano a fim de que se possa obter um conceito espiritual sobre a mulher. Isso se faz atacando a falsa crença básica de existência material e as discóridas que esta pressupõe trazer à experiência humana de ambos, homem e mulher. A Sr.a Eddy responde em parte à pergunta: “Qual a sua opinião sobre a mulher?” dizendo: “Homem é o termo genérico para toda a humanidade. Mulher é a espécie mais elevada de homem, e esta palavra é o termo genérico para todas as mulheres; mas nenhuma dessas individualidades é uma Eva ou um Adão.” Unity of Good, p. 51;
O relato alegórico da criação no segundo capítulo do Gênesis, a que a Sr.a Eddy se refere e no qual Adão e Eva desempenham os papéis principais, serviu por muitas gerações como explicação do que se considerava ser a criação de Deus. Nessa alegoria, o homem Adão dá nome aos objetos da criação material. O “Senhor Deus” — o mesmo conceito falso sobre Deus que foi responsável pelo Adão criado do pó — decide dar um papel subordinado e materialista para a mulher, e Adão lhe dá nome. “Chamar-se-á varoa” Gênesis 2:23;, diz ele. Na crença, a aceitação latente desse conceito errôneo sobre a mulher há muito manteve a mulher sob o jugo do sofrimento e da dor posto sobre Eva, a mulher de Adão, à qual a serpente, o pecado, enganou.
Com a perda parcial dos singelos ensinamentos e curas de Cristo Jesus, o cristianismo tendeu a perpetuar o ponto de vista errôneo sobre a mulher. A visão espiritual necessária para se perceber e compreender o significado e a importância da verdadeira mulher — a idéia espiritual — muitas vezes parecia estar ausente. Raramente se vislumbrara o papel que a verdadeira mulher espiritual desempenha na solução dos problemas da vida humana e no estabelecimento do reino dos céus na terra. Mas, até mesmo na alegoria, a mulher percebeu a crença errônea! Ela disse: “A serpente me enganou, e eu comi.” 3:13;
Atualmente, muitos cristãos rejeitam essa explicação alegórica da criação e volvem-se às ciências físicas na tentativa de encontrar a origem e a continuidade da existência material em que o homem e a mulher desempenham papéis diferentes e separados. Eles não notam o relato da criação espiritual no primeiro capítulo do Gênesis, que trata do desenvolvimento das idéias espirituais.
Nessa criação espiritual está descrita a totalidade espiritual da idéia de Deus como macho e fêmea. A Bíblia diz: “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” 1:27; Aqui se faz referência ao termo genérico homem. O termo genérico inclui tanto homem como mulher no único termo “homem”. Numa declaração em Ciência e Saúde que segue essa citação do Gênesis, a Sr.a Eddy escreve: “A mulher ideal corresponde à Vida e ao Amor. Na Ciência divina, a autoridade que temos para considerar Deus masculino não é maior do que a que temos para considerá-Lo feminino, porque o Amor confere a mais clara idéia da Divindade.” Ciência e Saúde, p. 517;
Falando a respeito do relato alegórico da criação em Gênesis 2, e da habilidade que a mulher então manifestou em descobrir e rejeitar a equivocada confiança que depusera na serpente, a Sr.a Eddy nos dá um indício do verdadeiro papel da mulher na existência humana. Escreve: “Ela já aprendeu que o sentido corpóreo é a serpente. Por isso é a primeira a abandonar a crença na origem material do homem e a discernir a criação espiritual. Isso habilitou posteriormente à mulher ser mãe de Jesus e ver, junto ao sepulcro, o Salvador ressuscitado, o qual em breve devia manifestar o homem imperecível, criado por Deus. Isso habilitou a mulher a ser a primeira a interpretar as Escrituras no seu sentido verdadeiro, que revela a origem espiritual do homem.” ibid., pp. 533–534.
A verdadeira condição de mulher perfeita não pode ser negada ou apagada porque tem seu lugar essencial na ordem espiritual das coisas. Em vez disso, o conceito falso, tão amplamente mantido tanto por homens como por mulheres, necessita ser substituído pelo verdadeiro. Só mediante a oração e o despertar espiritual é que pode ser corrigida toda a falsa suposição de existência material que vem em apoio aos conceitos errôneos. Essa elevação vem por meio do Cristo — a divina manifestação de Deus — sacudir o pensamento humano da fixidez de suas sólidas convicções. É esse despertar, unido ao poder do Amor divino, que irá libertar a humanidade — os homens e as mulheres. À medida que os conceitos errôneos que constituem a existência material começam a ceder à realidade espiritual, obter-se-á um conceito correto e verdadeiro sobre a mulher — a mulher como idéia espiritual. Então as mulheres dirão com convicção: “Sou uma idéia espiritual de Deus muito amada. Regozijo-me em meu verdadeiro ser!” Esta é a condição de mulher perfeita que toda pessoa do sexo feminino pode almejar e todo homem apreciar. De posse desta compreensão, a mulher pode conhecer-se como a expressão da graça espiritual e obter um sentido correto de maternidade. Terá força espiritual e estará espiritualmente satisfeita.
A liberação da mulher de antigos conceitos errôneos terá efeito curativo e purificador. Males físicos e mentais cessarão de ter um ponto de apoio. Em vez de pensar na mulher como um ser físico algemado, que está sujeito à dor e ao sofrimento, cada um de nós conhecerá a individualidade da mulher e sua identidade espiritualmente perfeita, intata e plenamente manifesta e se alegrará com isso. Livre do pecado e da sensualidade, e cingido de força espiritual, pureza e estabilidade, o nosso conceito de mulher irá ocupar seu lugar e função adequados no desdobramento da lei de Deus na experiência humana.
Com esse conceito retificado começaremos a vislumbrar algo da função da mulher como idéia espiritual — à qual é feita referência no Apocalipse — libertar a humanidade da alegação do pecado de que pode controlar ou influenciar o pensamento. A natureza da idéia espiritual e verdadeira — a mulher — denuncia e destrona sempre a falsa exigência, o pecado; esta é a atividade da Vida e do Amor. E esta é a verdadeira função da mulher.
A mulher pode regozijar-se com sua posição espiritual e verdadeira, com seu potencial para o bem espiritual, para a atividade espiritual, para a força espiritual, cumprindo o seu próprio destino.
As mulheres, à medida que compreenderem o que a mulher realmente é, não mais se ressentirão contra o errôneo conceito e suas limitações. O ressentimento, justo ou injusto, sempre traz problemas, e, por que ressentir-se de algo que é irreal?
Homens e mulheres começarão a ver expresso em sua vida diária o que vislumbram da verdade subjacente do homem e da mulher, ao compreenderem que a única criação real é a espiritual e que a mulher está incluída nessa criação espiritual. Então todos governarão mais adequadamente seus próprios pensamentos e sua própria vida. Trarão eqüidade ao pensamento mundial. Ver-se-á que a idéia espiritual, o homem e a mulher, sempre existiram na verdade — ver-se-á que coexistem com o criador eterno. Não mais se pensará a respeito das mulheres como a mulher a quem Adão deu nome. Será reconhecida a mulher, espiritualmente dotada, a radiante expressão de Deus.
Haverá um novo conceito do termo genérico homem — um conceito espiritual, incluindo o homem e a mulher. A mulher, reconhecido o lugar que lhe cabe, cumprirá o seu destino.
