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Consolando o solitário

Da edição de maio de 1978 dO Arauto da Ciência Cristã


Uma figura solitária sentada num banco de praça; um homem, ou uma mulher, encolhido num quarto frio escassamente mobiliado; uma criança abandonada e faminta agachada na beira do caminho — são imagens conhecidas retratando solidão e desespero. Talvez sejam elas o que nos vem ao pensamento quando nos lembramos do dever cristão de consolar o solitário e o aflito. “A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações. ...” Tiago 1:27; Nossos corações se enchem de compaixão por tais indivíduos desolados, e ansiamos por ajudá-los.

Ora, a experiência nos diz que infelizes não são apenas as pessoas que se acham sentadas sozinhas. A solidão é um problema muito maior do que se apresenta aos nossos olhos — e, de um ponto de vista humano, é bem mais complexo. Sabemos que os nossos esforços no sentido de ajudar o solitário precisam ser guiados pela sabedoria ou não terão o efeito desejado.

Incontável é a quantidade de pessoas que admitem sofrer de solidão apesar de estarem perto da família, de amigos e de colegas de trabalho. Proximidade a pessoas não é a resposta final a este problema de desolação mental. Um amigo verdadeiramente considerado talvez ajude, enquanto que um contato pessoal com alguém que é desajeitado talvez torne as coisas piores. Em alguns casos de solidão, as pessoas é que aparentemente são o problema — até mesmo as pessoas prestativas. Talvez pareçam incompatíveis ou insólitas, tendo pouco ou nada em comum com os próprios interesses e as aspirações do outro. No caso de pessoas prestimosas, às vezes, até parece que elas estão procurando ajudar outros só para se sentirem bem elas mesmas. O sentimento de solidão pode ser agravado pela presença delas e minorado quando vão embora.

A Sra. Eddy avisa-nos: “Se o médico descuidado, a enfermeira, a cozinheira e o brusco homem de negócios que faz uma visita ao doente, soubessem, compadecidos, que estão plantando espinhos no travesseiro dos doentes e daqueles que, com saudades do céu, desviam da terra seu olhar — oh! se o soubessem! — esse conhecimento faria muito mais no sentido de curar os doentes e de preparar os seus assistentes para a ‘chamada da meia noite’, do que todos os gritos de ‘Senhor, Senhor!’ ” Ciência e Saúde, pp. 364–365;

Como, então, se deve proceder ante a necessidade humana? Como se pode de fato consolar os doentes e os solitários? Como se pode mostrar compaixão de modo prático sem fazer com que o indivíduo favorecido sinta mais o peso de seu problema ou continue a depender de nós para obter consolo — ou, o que é ainda pior, considere-se alguém digno de pena e passe a sentir comiseração própria, aumentando, assim, a sua miséria?

Ora, a solidão só pode ser curada de fato pelo sentimento de consolo espiritual que advém da compreensão de que o homem, como idéia de Deus, é um ser individual completo e satisfeito — pelo conhecimento da alegria da inteireza espiritual do ser como reflexo do Amor divino. Este é um aspecto importante do ensinamento cristão e é a cura soberana da solidão. Conduz à adaptação humana correta e permite que o “solitário more em família” Salmos 68:6; de modo a abençoar a todos os envolvidos no caso.

Cristo Jesus disse: “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei.” Mateus 11:28; Deu ele às multidões de pessoas conturbadas a mais consoladora de todas as mensagens — a compreensão de que Deus, o Amor divino, é o Pai de todos, e que Ele provê de bem espiritual infinito a cada um de Seus filhos. Esta mensagem do amor de Deus levou consolo na época de Jesus a todos os que a aceitaram e a acalentaram. Nas palavras do profeta, deu a todos os que pranteavam “uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria em vez de pranto, veste de louvor em vez de espírito angustiado” Isaías 61:3;. O mesmo consolo se acha agora ao dispor dos que, nas horas de solidão e pesar, aceitam sua mensagem e realmente vêm a entender seu significado profundo e prático.

A Ciência Cristã o está levando à humanidade hoje em dia. Está proclamando a provisão da bondade espiritual infinita de Deus, enfatizando que de acordo com a lei divina todo indivíduo é herdeiro de substância espiritual em abundância; que ninguém carece verdadeiramente de coisa alguma que contribua para o seu bem-estar espiritual e sua realização; que cada um de nós é completo, incluindo já todas as qualidades, atributos, idéias, aptidões, faculdades e poderes espirituais que Deus, a Alma, comunica individualmente a cada um dos Seus reflexos. E ao irmos percebendo esse fato espiritual, os corações aflitos e solitários serão curados, mostrando que uma vez aceita esta verdade no pensamento humano é ela tão poderosa hoje como sempre o foi para transformar um deserto mental em um belo jardim.

De fato, todos haveremos de um dia provar nossa confiança total em Deus — provar que, para o nosso contentamento, não dependemos de contatos pessoais, mas sim do reflexo de qualidades divinas. Referindose a essa exigência divina de confiar apenas no Amor divino e de encontrar nos recursos espirituais do Amor a alegria que torna a vida uma bênção, a Sra. Eddy escreve: “Ser-te-ia a existência, sem amigos pessoais, um vazio? Virá então a ocasião em que estarás solitário e privado de simpatia; esse aparente vácuo, porém, já está preenchido pelo Amor divino.” Ciência e Saúde, p. 266.

Parece essa uma lição difícil de ser aprendida? Na verdade é uma das melhores que podemos ter. Incentiva o desenvolvimento, em nossa consciência, do reconhecimento satisfeito e radiante de nossa inteireza espiritual à imagem de Deus. Estabelece a certeza de que haveremos sempre de encontrar os vastos recursos espirituais dentro de nós e nunca mais sentir falta ou solidão.

Quando tivermos vislumbrado esta verdade da plenitude da manifestação do Amor divino no homem, e tivermos até certo ponto provado seu poder de transformar nossa própria existência, estaremos equipados também para ajudar outros a escaparem da solidão. Nossos esforços em favor deles haverão de ser verdadeiramente altruísticos — manifestações de afeto abnegado que não plantará espinhos no travesseiro, mas que verdadeiramente ajudará a estabelecer a harmonia mediante a revelação da infinidade do Amor divino.

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