Certa manhã, tive de ir ao mercado fazer compras. O dia estava ensolarado e veio-me a vontade de cantar um hino enquanto andava. Começa assim:
Com o Amor seguindo vou;
Que santo dia é hoje, sim!
Não sinto mais cruel temor,
Pois Deus está bem junto a mim.
Em meu viver feliz eu sou;
Com o Amor, eu hoje estou.Hinário da Ciência Cristã, n° 139;
Ao chegar ao mercado, dirigiu-se a mim uma mulher pobre. Essa mulher tocou no meu braço com brutalidade e pediu-me uma esmola. Em reação imediata, fiquei irritada e revoltada. Após lhe ter dado uma esmola, procurei afastar-me dela o mais depressa possível. Depois de ter feito as compras, no caminho de volta para casa, continuei a condenar mentalmente o seu gesto grosseiro.
Ao chegar em casa, atacou-me forte dor de cabeça que me deixou incapacitada de dedicar-me aos meus afazeres. Busquei na Bíblia e no livro Ciência e Saúde de autoria da Sra. Eddy pelo remédio da verdade. Ponderei os salmos 23, 91 e 121 na Bíblia e “a exposição científica do ser” no livro Ciência e Saúde. Esta começa: “Não há vida, verdade, inteligência, nem substância na matéria.” E conclui: “O Espírito é o real e eterno; a matéria é o irreal e temporal. O Espírito é Deus, e o homem é Sua imagem e semelhança. Por isso o homem não é material; ele é espiritual.” Ciência e Saúde, p. 468;
Estudei o dia inteiro outros trechos da Bíblia e do livro-texto da Ciência Cristã. A dor de cabeça, porém, não cessava. Ao anoitecer, orei em silêncio a Deus, para saber qual era a causa da demora na cura.
Ao orar, veio-me a inspiração de estudar mais alguns hinos. Busquei o Hinário da Ciência Cristã e, à medida que o folheava, deparava com hinos que falavam acerca do amor ao próximo. Dentre eles se destacou o hino n° 179:
Amai-vos todos — voz reveladora;
Do erro nos salvou, é libertadora.
O mestre ensina amar,
E com Deus, o Pai, trilhar
A senda do Amor.
Ao cantar esse hino, veio-me à mente a figura da mulher pobre que eu havia encontrado de manhã no mercado. Pensei comigo mesma: “Que atitude teria tido Jesus perante essa pessoa?”
Lembrei-me do trecho que havia lido de manhã no Livrete Trimestral da Ciência Cristã, na lição bíblica cujo título era “Amor”: “Percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho e curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo.” Mateus 4:23; A palavra “curando” desse versículo captou minha atenção. “Sim!” exclamei, “Jesus curava.”
Cristo Jesus veio curar o mundo e não condená-lo. Ele foi um exemplo de amor fraternal porque vivia em comunhão espiritual com seu Pai-Mãe Deus. Queria que seus seguidores fizessem o mesmo. Deixou-nos o seguinte mandamento: “Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.” João 15:12;
Comecei a rejeitar em meu pensamento o quadro mental de uma mulher pobre que vira pela manhã. Cuidadosamente arranquei do meu canteiro mental as falsas raízes de irritação, revolta e condenação e deixei crescer as plantinhas de compaixão, paciência e perdão.
Procurei ver essa pessoa como Jesus a teria visto — como filha de Deus, alegre, completa, suprida das qualidades divinas, cheia de amor. Continuei em meu trabalho mental, sabendo que a criação de Deus, o Amor divino, já se acha completa agora e que Deus ama a todas as Suas idéias sem exceção. Apegando-me a estas afirmações da Verdade e aceitando somente a criação intata de Deus, o Amor, fiquei curada da dor de cabeça.
Na semana seguinte, ao me encaminhar novamente ao mercado, escutei algumas vozes que conversavam alegremente. Ao volver meu olhar na direção delas, reconheci, para minha alegria, a mulher pobre que eu vira na semana anterior. Agora ela estava alegre e gentil.
A luz do Cristo havia dissipado a escuridão do pensamento mortal e material e assim pude ter um vislumbre do homem real e amoroso, feito à imagem e semelhança do Amor. Ambas havíamos recebido o toque sanador do Cristo.
Com essa experiência, comecei a ver as coisas ao redor de mim, de um ângulo diferente. Vi com clareza maior que nunca que os pensamentos negativos — ódio, egoísmo, indiferença, pecado, doença e morte — não têm nenhuma realidade e desde então comecei a compreender melhor o meu próximo.
Para gozarmos boa saúde e harmonia é preciso amar o nosso próximo como a nós mesmos. Sem amor não podemos viver. É o Amor que traz a cura. Amar é compreender. Quando compreendemos que Deus é a fonte, é fácil amar. Aprendemos a lição dada no belo poema de autoria da Sra. Eddy, “Amor”:
Se a frágil cana vais quebrar
Com ato ou dura voz,
Imita quem nos soube amar,
Curando a todos nós.
Procura em Deus a inspiração
Que os homens une em afeição.Hinário da Ciência Cristã, n° 30.
