Uma tarde, perto da hora do pique, viajei de bonde. Fiquei sentada desde a primeira até a última estação sem prestar atenção ao que se passava a minha volta. Aproveitei o tempo para ler atentamente um artigo da Ciência CristãChristian Science (kris’tiann sai’ennss). De um momento para o outro, conscientizei-me vividamente da onipotência do Amor divino. De repente, percebi que o veículo havia parado a meio caminho entre dois pontos. Um homem havia conseguido passar por entre os passageiros do veículo superlotado e estava, agora, perto do condutor. Completamente fora de si, o homem gritava e praguejava, ameaçava cometer suicídio e proferia insultos raciais contra pessoas de cor. Isso perturbou muito os outros passageiros, um dos quais disse ao homem que se calasse ou recorreria a outros meios.
Enquanto isso acontecia, eu estava ainda imbuída do mesmo senso maravilhoso da eterna presença harmoniosa de Deus. Encarei o homem bem nos olhos e vi que ele percebeu meu olhar. Sorriu, calou e sentou-se calmamente. O condutor deu partida no bonde, prosseguindo a viagem. A tensão geral diminuiu perceptivelmente. Vi o homem levantar-se, estender a mão ao passageiro que ele havia insultado e dizer: “Espero que me perdoe. Não tive intenção de ofendê-lo.” Depois de breve hesitação, o aperto de mão foi retribuído. Quando o homem desceu do coletivo, acenou para o condutor num gesto amistoso. Isso aconteceu numa época em que havia muito temor em nossa cidade por causa de assaltos que vinham ocorrendo, e muitas pessoas tinham esta opinião: “Não se meta, se não quiser levar uma bofetada na cara.”
Sou muito grata porque Mary Baker Eddy teve a coragem e a persistência de registrar sua descoberta sob forma escrita, no livro-texto, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, que nos dá compreensão clara da Bíblia. As inúmeras bênçãos que recebi incluem as seguintes: abundância de tudo o de que tenho necessidade, cura de problemas de relacionamento humano, casos freqüentes de proteção durante muitas viagens, cura de pneumonia e de todo tipo de feridas, e parto virtualmente sem dor. Também sou grata pelo apoio que a Ciência Cristã me deu ao educar minha filha.
Certa ocasião, era evidente que eu estava com um eczema no tornozelo. Esse mal era renitente e causava muita coceira, especialmente à noite, o que me mantinha acordada. Tentei ater-me às verdades espirituais que aprendemos na Ciência Cristã, a fim de demonstrá-las. Encontrei muito conforto nas palavras da Sra. Eddy na “exposição científica do ser” (Ciência e Saúde, p. 468): “Não há vida, verdade, inteligência, nem substância na matéria.” Também muito reconfortante foi o primeiro capítulo do Gênesis, onde consta (versículo 26): “Disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança.” Eu sabia que por ser Deus Espírito, Sua imagem, o homem, tem de ser inteiramente espiritual e não pode expressar nada que não seja semelhante a Deus. O amor de Deus e Sua paz envolvem todos os Seus filhos e os protegem. Deus não favorece um filho mais do que outro. Compreendi que a desarmonia, em realidade, não passa de uma ilusão da assim chamada mente mortal. Aparece sob a forma de medo, dúvida, desânimo e apatia que tentam fazer com que não confiemos em Deus.
Embora esse raciocínio trouxesse alívio imediato, o eczema voltou a aparecer, não desaparecendo de forma permanente. Às vezes, eu pedia ajuda a uma praticista da Ciência Cristã. Parentes e amigos, que não eram Cientistas Cristãos, me alertaram para a possibilidade de que uma doença pior viesse a se desenvolver. Então, comecei a usar calças compridas para ocultar a bandagem em volta do tornozelo. Depois, compreendi que ao fazê-lo eu estava subconscientemente dando atenção indevida à dificuldade e também pensando que eu tinha de provar algo aos outros. Em vez disso, o que eu precisava era pôr de lado completamente um sentido pessoal de identidade, através do reconhecimento de que “eu nada posso fazer de mim mesmo”, conforme disse Cristo Jesus (João 5:30). Eu podia apenas refletir a perfeição de Deus.
A mudança começou numa ocasião em que os sintomas se manifestaram com muita intensidade. Imediatamente, solicitei a ajuda de uma praticista, que logo começou a trabalhar em oração e recomendou-me o estudo de certas citações da Bíblia e de Ciência e Saúde. A febre desapareceu instantaneamente e eu me senti em paz, calma. Estava de cama e evitava olhar para a perna tanto quanto possível. Não havia mais dor, mas o aspecto físico não mudou. Embora eu retornasse às minhas atividades normais algum tempo depois, para meu desagrado um pequeno ponto permaneceu aberto no tornozelo e era preciso colocar ali uma atadura.
Naquela mesma primavera, sem que o esperasse, tive a oportunidade de fazer o Curso Primário de Ciência Cristã. As lições em aula e as tarefas que nos eram dadas destacavam a importância de se reconhecer a identidade espiritual e perfeita do homem, identidade essa que lhe é dada por Deus, e de se começar as orações sempre a partir desse ponto de vista.
Fazia parte de nossas tarefas preparar um tratamento pela Ciência Cristã para um problema específico indicado pelo professor. O tratamento deveria ser lido, em voz alta, em aula. Ninguém tinha conhecimento do problema que eu vinha enfrentando. Imagine-se minha surpresa quando me foi solicitado tratar de um caso renitente de eczema! Isto me forçou a usar minha recém-adquirida percepção espiritual mais profunda, para negar especificamente um por um todos os sintomas que eu conhecia tão bem e reafirmar minha verdadeira perfeição como filha de Deus. Depois de ser lido meu trabalho em aula, recebi o seguinte comentário: “Um tratamento muito bom.” Então, tomei a decisão de usar esse tratamento para mim mesma.
Embora pareça estranho, realmente não sei quando se completou a cura desse mal cutâneo. Certo dia, pouco tempo depois de retornar do Curso, percebi que já não estava mais usando atadura. Quando olhei para o tornozelo, vi que já não havia qualquer vestígio do mal. A crença errônea havia desaparecido de minha consciência, e os sinais da doença de meu corpo. Conforme a Sra. Eddy explica no livro-texto (p. 131): “Uma vez destruída pela Ciência divina, desaparece a falsa evidência que se apresenta aos sentidos corpóreos.” Vários anos se passaram desde então, e não houve qualquer sinal de recaída do mal cutâneo. Essa cura, muitas vezes, tem-me ajudado a enfrentar melhor outros desafios.
Amstelveen, Países Baixos