Estávamos presenciando uma manada de elefantes atravessar um rio, na África. Nosso guia, antigo observador da vida animal, de seu habitat e hábitos, contava-nos da capacidade inata e desenvoltura dos animais para sobreviver na selva. Parecia-lhe, comentou, que “quando se tira os animais de seu habitat natural, pondo-os num ambiente estranho e forçando-os à reprodução, a prole, os filhotes, parece perder a imunidade que teria herdado”.
Referia-se ele a capturar animais selvagens e transportá-los a zoológicos ou a parques de reservas animais de caráter comercial. A declaração dele foi-me, porém, uma parábola a conter uma lição espiritual! Que dizer de nós e da imunidade que herdamos?
O capítulo inicial da Bíblia descreve o habitat natural do homem, um ambiente controlado de todo pelo único Criador, Deus. Alguns pontos característicos inerentes nesse ambiente são: (1) tudo nele é bom, isto é, não poluído; não se menciona o mal no primeiro capítulo do Gênesis; (2) nesse ambiente há ordem, e nele todas as coisas cooperam juntas para o bem; (3) nele existe abundância do bem, tanto em concepção como em provisão.
O homem, tanto macho como fêmea, é definido como sendo a imagem de Deus, feito à semelhança do único criador perfeito. A natureza do homem é descrita especificamente como uma natureza de domínio sobre toda a terra, isto é, sobre o ambiente infinitamente bom que constitui seu habitat natural.
Conclui-se, dessa descrição bíblica: para que algo dessemelhante de Deus, fosse doença, dor, morte e assim por diante, viesse a invadir o ser do homem, teria primeiro de invadir Deus. “Tu, Senhor, és o meu escudo, és a minha glória, e o que exaltas a minha cabeça.” Salmos 3:3. O conceito de Deus como “escudo” é um tema encontrado com freqüência nas Escrituras. O que representa um escudo? Proteção e segurança, barreira contra ataques ou contra qualquer coisa hostil.
Quando Paulo declara que “nele [em Deus] vivemos, e nos movemos, e existimos” Atos 17:28., não estará aí corroborado aquele conceito de homem apresentado no primeiro capítulo do Gênesis? O homem, o único homem verdadeiro, o homem da criação de Deus, está incluído nessa total bondade que é Deus!
Quando temos conscientemente noção de nossa identidade como descrita na Bíblia, bem como a percepção de nossa relação com Deus que essa identidade indica, sentimo-nos em completa segurança. Aí, em nosso habitat natural, vivemos e nos movemos em perfeita liberdade, com total domínio, porque nosso ser é a expressão, a imagem, do único Ser perfeito que é Deus.
Esse é um conceito muito diferente daquele que nos é apresentado a diário nos jornais, nas revistas, na televisão. O que é que escutamos e lemos? A teologia escolástica nos ensina que nascemos pecadores, que somos a prole de Adão, o qual foi formado “do pó da terra” Gênesis 2:7.. Do ponto de vista acadêmico aprendemos, principalmente dos evolucionistas, que evoluímos partindo dos primatas!
A teoria evolucionária e a teológica tentam explicar a origem do homem como matéria, e nos levariam a crer que somos mortais, criadores pessoais, pais e mães de proles que nos pertencem, e que vivemos num ambiente (1) que é uma mescla de bem e mal, (2) que pode tornar-se caótico, (3) que pode carecer de algo essencial para a sobrevivência, (4) ou que nos pode dominar, a nós e a nossa prole. No entanto, pensar que o homem tem origem adâmica ou atômica, contradiz o conceito de que o homem se origina em Deus, o qual é Espírito.
Se em qualquer momento perdermos de vista que nosso Pai e Mãe é Deus, e que “vivemos, e nos movemos, e existimos” na infinidade de Deus, Deus infinitamente bom, estaremos aceitando um conceito errôneo da origem e do ser do homem, e, naquele momento, nos colocaremos num “ambiente estranho”.
Quando nos consideramos mortais, seja como prole seja como pais de outros mortais, esquecemo-nos de que, por sermos a imagem e semelhança de Deus, herdamos somente o que está incluído em nossa origem. E assim nos encontramos a crer que herdamos fraquezas de nossos progenitores mortais e que podemos transmitir tais fraquezas à nossa própria prole. Cremos haver perdido nossa imunidade contra o mal, imunidade que herdamos, e que, por havê-la perdido, estamos sujeitos a toda e qualquer doença, ponto de vista que discorda totalmente da declaração do primeiro capítulo do Gênesis, sobre o nosso habitat e a nossa herança de total imunidade ao mal.
A verdade é, porém, que o homem jamais pode deixar esse habitat natural, pois Deus e Sua imagem jamais se separam. O homem não pode jamais perder sua “imunidade herdada”, pois jamais pode ser menos que a imagem e semelhança de Deus. O estudo da Ciência Cristã nos mantém constantemente conscientes de que Deus é nosso escudo, e de que estamos, na verdade, para sempre a salvo, aos cuidados de Deus.
Ao prosseguirmos em nossa viagem pela África, falava-se muito, por toda parte, de malária. Em muitas zonas o medo de malária assumira proporções epidêmicas. Ao lembrar o comentário do nosso guia, traduzindo-o a termos espirituais diante dessa situação, eu reafirmava com freqüência, durante o dia, que minha origem e meu habitat natural eram o Espírito, e que meu ser era, portanto, espiritual e estava a salvo, aos ternos cuidados de meu Pai-Mãe Deus. O Espírito é o único poder, enche todo o espaço e, assim, eu jamais poderia ser tirada de meu habitat natural. Recusei-me a acreditar que eu era um mortal separado de Deus, num “ambiente estranho”, indefesa diante de uma coisa chamada infecção por malária.
Sob o título marginal “Não há hereditariedade carnal”, o livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde de autoria de Mary Baker Eddy, fornece esta declaração animadora: “A transmissão de doença ou de certas idiossincrasias da mente mortal seria impossível se esse grande fato do ser fosse compreendido — isto é, que nada de desarmonioso pode penetrar no ser, pois a Vida é Deus.” Ciência e Saúde, p. 228.
Quando certos sintomas surgiam, e aqueles que nos rodeavam e que não eram Cientistas Cristãos expressavam medo porque sabiam que não tomávamos comprimidos contra malária, eu me apegava firmemente à promessa bíblica: “Fizeste do Altíssimo a tua morada. Nenhum mal te sucederá, praga nenhuma chegará à tua tenda. Porque aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos os teus caminhos.” Salmos 91:9–11.
Durante os três meses da viagem pela África, sentimos a segurança que nos advém de estar certos de que a natureza de Deus é o bem infinito, seguros de que a Divindade é a origem única, o Pai e Mãe de tudo. Na realidade, cada um de nós pode demonstrar sua imunidade herdada contra o mal e todas as sugestões de doença, sejam hereditárias, contagiosas, orgânicas ou funcionais, na exata proporção de sua compreensão de que o Espírito é o seu habitat natural.
 
    
