No mundo de hoje é comum ouvir-se de casos em que os inocentes sofrem as conseqüências. Parecem ser vítimas das circunstâncias. Em muitos casos, crianças são vítimas inocentes de crimes. Obviamente há necessidade de um método melhor de proteção, um meio melhor de defender o inocente da imposição, dos lobos de nossa sociedade.
Nunca temos que nos reconhecer desamparados diante do mal. Todo o enfoque da Bíblia está em vencer o mal pelo bem. Cristo Jesus foi citado como o Cordeiro de Deus, o representante da verdadeira inocência. E, ainda assim, venceu o mundo, a carne e o diabo. Ao discorrer sobre a destruição do mal retratada no Apocalipse, a Sra. Eddy afirma em Ciência e Saúde: “A besta e os falsos profetas são a luxúria e a hipocrisia. Esses lobos vestidos como ovelhas são descobertos e mortos pela inocência, o Cordeiro do Amor.” Ciência e Saúde, p. 567. Como pode isso tornar-se prático em nossa experiência?
Começamos a ter resposta numa compreensão da presença e do poder de Deus, e da relação do homem com Deus. A Ciência Cristã ensina que Deus é poderoso, que Deus é o bem absoluto, que Deus fez o homem à Sua semelhança, inteiramente livre de qualquer vestígio do mal. Por isso, o homem como filho de Deus está completamente inocente do mal. Como Deus criou tudo e o achou bom, não há lugar para o mal. Porque compreendeu o poder e a realidade de Deus, o bem, e a irrealidade do mal, Jesus realizou suas maravilhosas demonstrações de proteção e liberdade contra seus inimigos. Assim, ao aplicarmos a Ciência Cristã, estaremos buscando estabelecer essa mesma compreensão em nossa consciência, e procurando ver que ela se evidencie em nossa experiência. Quando vislumbramos a irrealidade do mal, estamos no caminho de sua destruição e de nossa libertação de imposições.
Um dos ensinamentos básicos da Ciência Cristã é o de que nossa consciência é a chave de nossa experiência. O que deixamos entrar em nosso pensamento encontra meios de manifestar-se em nossa experiência. Podemos examinar diariamente nosso pensamento através do estudo e da oração para ver se estamos acreditando na realidade do mal, se o estamos expressando em nossa vida, se estamos acreditando que o homem está sujeito à imposição ou que a verdadeira inocência pode ser vítima de instintos criminosos. A pureza da Mente divina, ou Deus, é refletida no homem como semelhança de Deus, e este reflexo de pureza tem que ser visto como a fonte da inocência real e a verdade a respeito de toda individualidade.
O medo ao mal indica crença no mal e falta de compreensão da totalidade de Deus. A fim de proteger do mal a nossa experiência temos que expurgar de nosso pensamento as crenças falsas. Temos que negar a pretensão de que o homem possa ceder a sugestões malignas. O mal é uma mentira, é um impostor, um sentido hipnótico. Negamos o mal baseados em sua irrealidade. Quando o excluímos totalmente de nossa consciência, o mal não pode afetar nossa experiência. Com as verdades básicas da bondade, do poder e da presença de Deus, desafiamos a crença no mal e destruímos nosso medo a ele.
Inocência não é fraqueza, é fortaleza. Não é um estado de pensamento que possa ser perdido e nunca mais recuperado. Nem está a inocência, tampouco, restrita à infância. Na verdade, é um conceito maduro de estar-se livre da crença no mal. Resulta da oração consagrada. Quando oramos sinceramente para perceber a totalidade de Deus e para saber que a natureza de Deus como Verdade e Amor divinos está refletida no homem, limpamos de nossa consciência a crença no mal. Estabelecemos nossa inocência como um fato de nosso ser verdadeiro. Algumas referências bíblicas alusivas asseguram-nos: “Acaso já pereceu algum inocente?” e “Deus livrará a ilha do inocente; sim, será libertada, graças à pureza de tuas mãos.” Jó 4:7; 22:30 (conforme a versão King James).
Como se aplica isso a nossos filhos? Tão cedo quanto possível deveríamos ensiná-los a conhecer e a comprovar por si mesmos o poder de Deus, o bem, e a irrealidade do mal. Mas, entrementes, estão sujeitos aos cuidados atentos dos pais. E certamente não haveremos de descurar dessa responsabilidade, nem de confiar no acaso. Não expomos os filhos a influências más. Mas os pais não ficam sem recursos quando o filho está fora de casa. A consciência da presença e do governo de Deus é proteção vital para o filho. Por meio da oração percebemos que cada indivíduo é verdadeiramente a expressão perfeita de Deus, está envolto no amor de Deus, protegido pela lei de Deus, “no esconderijo do Altíssimo”. O Salmo 91 contém muitas idéias poderosas do cuidado e da proteção de Deus. Uma dessas idéias é: “Sua verdade é pavês e escudo.” Salmos 91:1, 4.
Não precisamos ser vítimas das circunstâncias. Quando percebemos que todas as situações estão sujeitas ao controle divino por meio do pensamento correto e da oração, provamos que nada está fora do alcance da Mente divina e coisa alguma está para além da lei de Deus. Refletindo a Mente divina, não nos impressionamos com o mal; não acreditamos nele. E quando permanecemos inocentes de crer que o homem possa tornar-se vítima, não podemos ser tocados pelo mal. O livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde, diz-nos: “Os pensamentos e propósitos maus não têm maior alcance, nem fazem maior dano, do que nossa crença permite. Os maus pensamentos, a cobiça e os propósitos maliciosos não podem ir, como o pólen errante, de uma para outra mente humana e ali achar alojamento sem despertar suspeitas, se a virtude e a verdade formam forte defesa.” Ciência e Saúde, pp. 234–235.
Inocência não é só ausência de culpa. É força divina, é qualidade de Deus, uma condição do ser do homem à semelhança de Deus. É uma característica do homem que pode ser comprovada. Podemos reivindicá-la e merecê-la. E podemos demonstrá-la em nossa vida.
A tradicional comparação da inocência com um cordeiro tem sido mal-entendida pelas mentalidades mundanas como se implicasse em algo desamparado ou indefeso. A inocência, no entanto, é uma das mais poderosas forças espirituais que podemos refletir. Foram a inocência e o amor de Jesus o que o capacitou a vencer a maldade e o ódio de seus inimigos e a frustrar as tentativas deles, de matá-lo.
Ao percebermos que nada pode entrar em nossa experiência a menos que tenha entrado primeiro em nosso pensamento, veremos como alguém de consciência inocente pode defender-se. Jesus ensinou que o reino de Deus está dentro em nós. Provou que Deus é Tudo-em-tudo e que a consciência da inocência pura é inviolada. O próprio pensamento de Jesus foi protegido por sua pureza inata e, desse modo, demonstrou ele a sua invulnerabilidade. A Sra. Eddy diz: “Os bons pensamentos são uma armadura impenetrável; assim revestidos, estareis completamente resguardados contra os ataques do erro de qualquer espécie. E não só vós estareis protegidos, mas também todos sobre quem repousarem vossos pensamentos, serão por esse meio beneficiados.” The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 210.
Jesus não confiava num sentido humano de força ou poder. Não veio como rei ou soberano, e não confiava em poderio militar, força muscular ou golpe político. Era o poder do Cristo, a verdadeira idéia de Deus, o que ele estava demonstrando; e este reflexo de Deus, o Amor divino, o sustinha. Era o poder do Amor sobre o ódio, o poder da Verdade sobre o erro. O Cordeiro de Deus tinha recursos espirituais desconhecidos à mentalidade do mundo.
Esses recursos estão hoje à nossa disposição. Nosso estudo e nossa oração trazem à luz o reino dos céus já estabelecido no homem. E podemos perceber a onipresença de Deus a proteger a todos, inclusive jovens e inocentes. O homem à semelhança de Deus não está sujeito ao mal. A virtude e a verdade de fato “formam forte defesa”.
 
    
