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Certa noite, cerca de oito horas, a campainha tocou

Da edição de abril de 1987 dO Arauto da Ciência Cristã


Certa noite, cerca de oito horas, a campainha tocou. Meu marido encontrava-se ocupado, no andar de cima, e minha filha estava na lavanderia, nos fundos da casa. Fui atender a porta e, de passagem, peguei meu cachorrinho no colo. À porta, um rapaz, dizendo-se com problemas no carro, pediu licença para usar o telefone. Moramos em frente a uma universidade, e os estudantes haviam várias vezes pedido para usar nosso telefone.

Estava muito escuro, e a luz da varanda era fraca. Deixei o rapaz entrar. Ao virar-me para mostrar o lugar do telefone, o rapaz se pusera no rosto uma máscara de esqui e apontava uma arma na minha direção. Voltou à porta e fez entrarem mais dois homens, os quais também tinham máscaras de esqui e armas.

De início, pensei que fosse uma brincadeira de mau gosto e o disse, mas logo percebi que não era brincadeira. Adiantei: “Se procuram dinheiro, está ali a minha bolsa, sobre a mesa da entrada.”

Um dos homens colocou-se ao pé da escada e o outro numa posição em que podia vigiar as salas de estar e de jantar. Não tive medo; parecia-me ser só expectadora da cena toda.

Enquanto o primeiro rapaz esvaziava minha carteira, lembrei-me da seguinte declaração de Cristo Jesus (Mateus 18:20): “Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles.” De início, isso não parecia adequado à situação, mas, como foi o que me veio ao pensamento naquela hora, eu sabia que era a verdade de que precisava. Sabia que Deus estava bem ali, entre nós, inseparável de Sua criação, o homem. Também lembrei-me do salmo noventa e um.

Àquela altura, percebi que os jovens estavam drogados, os olhos deles se viam muito estranhos. Em vez de medo ou ódio, porém, senti grande compaixão por eles, não querendo que fizessem esse mal a si mesmos. Ocorreu-me a seguinte afirmação de Ciência e Saúde de autoria da Sra. Eddy (pp. 476–477): “Jesus via na Ciência o homem perfeito, que lhe aparecia ali mesmo onde o homem mortal e pecador aparece aos mortais. Nesse homem perfeito o Salvador via a própria semelhança de Deus, e esse modo correto de ver o homem curava os doentes.” Retive no pensamento esse homem perfeito.

Após ter despejado todas as coisas de minha bolsa, o rapaz que esvaziara minha carteira perguntou se havia mais dinheiro na casa e se eu tinha diamantes. Consegui desvencilhar-me de suas perguntas ao confiar em Deus para me dar as respostas. Falei calmamente, sem nervosismo nem medo. Só esse rapaz falava, os outros apenas olhavam, com as armas apontadas para mim.

Então ele quis saber quem mais estava na casa. Em vez de contar-lhe, parafraseei a afirmação da Sra. Eddy anteriormente citada, dizendo: “Apesar do que vocês estão me fazendo, não creio que sejam maus.” O rapaz me fez a mesma pergunta por três vezes. A cada vez respondi calmamente da mesma maneira e, na terceira vez, acrescentei: “Alguma grande necessidade os está forçando a isso.” Ao que ele respondeu: “Sim, uma grande necessidade.” Não fez mais perguntas acerca de quem mais estava na casa. (Durante todo aquele tempo, ele segurava a arma firmemente contra meu corpo.)

Daí, ele disse que iriam saquear a casa. Declarei mentalmente, com fervor: “O reflexo de Deus não é, não pode ser, cobiçoso.” Falei-lhes outra vez: “Não há realmente nada nesta casa que vocês queiram ou precisem.”

De repente, o rapaz disse: “Agora vamos sair.” Essa foi uma mudança tão brusca naquilo que planejavam fazer um instante atrás, que me surpreendeu mesmo. Disse-me que os outros dois iriam seguir rumo à rua principal e que ele e eu iríamos na direção oposta. Como em nossa rua há só mais uma casa, isso significava ir em direção à mata escura. Ele acrescentou, de modo muito natural: “Não posso deixá-la aqui para chamar a polícia. Terei de matá-la.”

Passamos rapidamente pela porta. Eu estava grata por eles não saberem que havia mais gente na casa. O rapaz passou a arma para minhas costas. Senti imenso alívio quando fecharam a porta. Minha família estava a salvo.

Dois dos rapazes correram em direção à rua principal, e o outro jovem e eu fomos caminhando até à saída para a rua. Eu estava determinada a não ir além. Afirmei, repetidamente e em silêncio, que bem ali onde estávamos, Deus estava, porque Seu reflexo não pode estar separado de sua fonte. Havia-me esquecido de ter nos braços o meu pequeno terrier Yorkshire, tão quieto estava. Enquanto caminhávamos, o rapaz, mantendo a arma contra minhas costas, estendeu o braço e acariciou o cachorro, dizendo: “É um cachorrinho bonito.” “Sim,” respondi, “ele veio a nós quando estava com problemas, assim como vocês vieram.” As palavras sairam-me sem ter pensado nelas.

Quando chegamos à rua, empurrou-me com a arma e ouvi-me dizendo: “Tenho medo de seguir pela rua. Está muito escuro.” Ele respondeu: “Sim, alguém poderia fazer-lhe mal.” Parou por um instante, tocou meu ombro — de modo quase afetuoso — e daí virou-se e correu na mesma direção em que os outros tinham ido.

Ao voltar para casa, contei à minha família o que ocorrera e daí chamei a polícia. Os policiais mais tarde comentaram que o que salvara minha vida fora o fato de eu falar com calma e não mostrar medo. Não conseguiam, porém, entender por que os homens não haviam saqueado a casa. Eu sabia. O fato de eu ter reconhecido a presença de Deus acalmou meu medo e deu-me a proteção e a força de que eu precisava. Fora também o meu reconhecimento persistente da presença e do poder de Deus o que impedira os três homens de roubarem mais do que o dinheiro e de me machucarem.

Meu cachorrinho ficara bem quieto durante toda a ocorrência e, no entanto, normalmente não gosta de colo, ficando irrequieto e latindo para ser posto no chão. Entre outros sinais, isso para mim foi prova de que o controle de Deus se manifestou em todos os aspectos da situação.

Os rapazes não foram pegos pela polícia. Cerca duma semana mais tarde, porém, um jovem veio a casa, pedindo informações sobre um endereço inexistente. Pressenti que se tratava do mesmo homem que segurara a arma contra mim. Parecia pouco à vontade, conversou um pouco e demorou-se como se quisesse dizer algo, mas não conseguia. Daí foi embora.

Certo tempo depois, ao contar dessa experiência a um amigo que também é nosso agente de seguro, este perguntou quanto dinheiro fora tomado. Mencionei a quantia e ele informou que nossa apólice de seguro cobriria a quantia total, logo, não teríamos prejuízo. Assim foi.

O homem de Deus não pode pecar nem ser vítima dos pecados de outros. Deus, sendo Verdade e Amor, nos conforta e consola, e sendo Princípio onipotente e onipresente, nos protege e cura também.

Fico muitíssimo grata pela compreensão de Deus e do homem, como Seu reflexo, que estou obtendo pelo estudo diário da Ciência Cristã. Fico também grata a Deus por Seu Filho, Cristo Jesus, e pela seguidora do Mestre, a Sra. Eddy, cujo imenso amor a toda a humanidade me toca cada vez que leio suas obras preciosas.


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