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“Com igual cuidado, em favor uns dos outros”

Da edição de abril de 1987 dO Arauto da Ciência Cristã


Por hipótese: o casamento dum membro da igreja se desfaz ou a família dele está passando por alguma outra fase difícil e ele sente-se muito envergonhado e indigno de ir à igreja. Seria responsabilidade da igreja manter o contato com o membro? Se é assim, como é que os demais membros o podem apoiar sem parecerem intrometidos?

Às vezes ansiamos por ver aumentar o número de membros de nossas filiais da Igreja de Cristo, Cientista; no entanto, será que percebemos quando algum dos membros atuais some? Não deveríamos cuidar do que temos? Paulo cuidava. Naqueles primórdios do cristianismo, a correspondência do apóstolo à igreja em Corinto revelou, de modo tocante, o valor que ele atribuía a cada indivíduo. Lembroulhes: “Se disser o pé: Porque não sou mão, não sou do corpo; nem por isso deixa de ser do corpo.” Mais adiante, advertiu: “Não podem os olhos dizer à mão: Não precisamos de ti.” Ver 1 Cor. 12:12–27.

Será que, por imprudência ou comparação crítica, damos causa a que um membro se sinta indigno representante da Ciência Cristã? Precisamos uns dos outros. Será que o Leitor não precisa de ouvintes atentos aos cultos? Quão produtivas seriam as atividades duma diretoria, sem membros que a apoiassem?

Na reunião duma igreja filial com um representante de A Igreja Mãe, os membros leram em voz alta parte da epístola de Paulo aos coríntios, substituindo a palavra corpo por igreja. Sob essa luz, vê-se claramente que cabe à igreja a responsabilidade de comunicar, abraçar, acalentar. Por exemplo, ao ler as linhas abaixo, substitua-se corpo por igreja: “Pelo contrário, os membros do corpo que parecem ser mais fracos, são necessários; e os que nos parecem menos dignos no corpo, a estes damos muito maior honra.” Por quê? “Para que não haja divisão no corpo; pelo contrário, cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros. De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele.” Não sobra muita oportunidade para a indiferença, não é?

O segredo de apoiar sem se intrometer reside na motivação de tal cuidado. Nosso objetivo é o de gentilmente cientificar o membro do quanto o estimamos e o consideramos digno, incluindo-o em nossas orações pela congregação. Não temos por meta satisfazer a curiosidade, ficar a par dos detalhes do problema nem comentá-los pelo telefone. É importante que mantenhamos nosso zelo desprendido e espiritualmente motivado, e fazemo-lo quando o baseamos no Amor divino.

Parte da definição de Igreja no livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras de autoria da Sra. Eddy, diz: “A estrutura da Verdade e do Amor; tudo o que assenta no Princípio divino e dele procede.” Ciência e Saúde, p. 583. No mesmo livro, a natureza do Amor divino está assim revelada: “O Amor é imparcial e universal na sua adaptação e nas suas dádivas.” Ibid., p. 13. Para viver à altura do ideal descrito na definição de Igreja temos, então, de refletir o Amor divino numa tal extravasão de afeto espiritual irrestrito que este abarque, perdoe e apóie cada membro, independente da freqüência com que assista aos cultos ou do que, nele, ainda necessite ser curado pelo poder do Cristo, a Verdade.

Nada menos do que o Amor divino atrai, harmoniza e cura. Nada menos do que a expressão de amor, incessante e sem condenação, por parte dos membros, atesta a presença do Amor divino e faz com que a filial seja válida expressão de Igreja. Críticas ou rejeição não curam o inválido moral ou físico, nem dão as boas-vindas ao que está lutando com a doença ou a infidelidade dum cônjuge. Ora, dentre todos os lugares, é a igreja que tem de ser o refúgio onde as pessoas se sentem bem-vindas, apoiadas e não condenadas, e elevadas durante períodos difíceis de sua vida. O cristianismo que Cristo Jesus ensinou e a Ciência que viveu nos confortam e curam, e cabe a nós seguir a vereda que Jesus traçou, encarando cada membro da igreja de modo correto e apoiando-o.

A Sra. Eddy sem dúvida esperava esse padrão de cristianismo dos membros de sua Igreja. Num relato de primeira mão sobre uma reunião que a Sra. Eddy teve com os Redatores dos periódicos da Ciência Cristã e com o Conselho de Diretores da Ciência Cristã, um dos Redatores, Annie M. Knott, conta: “A Sra. Eddy falou-nos por cerca de duas horas e deixou bem claro que ninguém deve ser julgado por suas condições físicas, mas pelo caráter e pelas realizações espirituais.” We Knew Mary Baker Eddy (Boston: The Christian Science Publishing Society, 1979), p. 86.

Recentemente, este verso de nossa preciosa Oração do Senhor: “E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores” Mateus 6:12. passou a ter novo significado para uma jovem senhora. De repente, viu em “dívidas” os desafios não vencidos em sua própria experiência: a crítica feita mentalmente, as desculpas que não apresentara, a demonstração incompleta da lei de saúde e de totalidade espiritual infalível. Sabia que devia a Deus e à humanidade o expressar constantemente as qualidades resplendentes da Vida e do Amor. E orou: “Perdoa as minhas dívidas, assim como eu perdôo aos outros os desafios ainda não vencidos e com amor apóio seus passos rumo a uma compreensão mais elevada de Deus e do homem!”

Tenhamos paciência com o membro temeroso de dirigir automóvel à noite. Não viremos as costas ao que voltou a beber. Votemos amor ao casal que se separou. Apoiemos a família cujas curas parecem demorar. O Amor divino desfaz o medo, destrói a tentação, une, cura. Não será essa a essência da Igreja? Mostremos ao membro que está lutando, um pouco mais do amor espiritualmente motivado e vislumbrará o infinito, o Pai-Mãe confortador, o Médico infalível, Deus.

Amemos a diretoria que não fez caso de nossa carta e perdoemos ao membro que gosta de fofocar. Não critiquemos o testificador prolixo ou inculto ou hesitante. Apoiemos o Leitor que tropeça numa palavra.

Não é que amamos o erro, o medo, a desconsideração, mas separamos o erro do indivíduo. Só quando o fazemos é que ficamos aptos a ouvir a direção do Amor quanto a quaisquer passos corretivos necessários, se de fato nos cabe a responsabilidade por eles. Fraqueza (lembremo-nos da epístola de Paulo) é um conceito errôneo acerca da natureza do homem, enquanto que amor genuíno, que honra em cada pessoa a expressão perfeita de Deus, é percepção governada por Deus. Tendências de bisbilhotice, incompetência, fé vacilante nunca são pessoais. São traços da mente carnal, que negam a filiação do homem com Deus. Quando reconhecemos esses traços como mentiras e os rejeitamos, passamos a amar como Cristo Jesus amava e aprendemos a reconhecer que as belas qualidades de fé e confiança humilde são celestiais; rejeitamos características desagradáveis porque estas não são criadas nem sustentadas por Deus. Se alguma vez tivermos de responder ao pedido de ajuda dum membro, para que dirija sua ação num sentido mais útil, não rejeitemos seu desejo de servir a igreja, não importa como. Regozijemo-nos com o desejo dum membro de assistir aos cultos quando lhe for possível!

Precisamos apoiar em muita oração nosso contato com membros afastados. Compreendamos que todos estão cuidados pelo Amor, são receptivos à Verdade, confortados pelo Cristo; que são, em realidade, espirituais, intocados pela doença, por sentimentos de vergonha, apatia ou mágoa. Todos são dignos da graça de Deus. Deus é Mente, e todos podem saber que são dignos e necessários, pois Deus lho diz.

Cuidemos dos demais membros, de modo profundo. Despertados pelo Princípio e guiados pela sabedoria divina, acalentemo-nos e encorajemo-nos mutuamente, de modo ativo. Amor profundo, imparcial, indulgente, poderíamos ter uma igreja da Ciência Cristã desguarnecida dele?


Tenho-vos dito estas cousas
para que o meu gozo
esteja em vós,
e o vosso gozo
seja completo.
O meu mandamento é este,
que vos ameis uns aos outros,
assim como eu vos amei.

João 15:11, 12

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