Tarde da noite, certa vez, eu estava sofrendo de dolorosa desordem física e voltei-me a Deus em oração, a fim de obter cura. Eu havia orado muitas vezes antes com relação a esse problema, pois tornara-se crônico nos últimos meses. Naquela noite, minha oração era um desejo sincero e silente de alcançar compreensão mais profunda da realidade. Cansada de sentir dor e de estar com medo, eu ansiava por saber o que é, de fato, verdadeiro quanto a Deus e ao homem.
Ao tornar-me mais receptiva à verdade, compreendi: “Mas, é claro, o bem é a realidade!” Foi como se eu despertasse do sono. Vislumbrei algo da verdade de que o bem de fato é a realidade do ser do homem, apesar das aparências materiais em contrário. Alegremente, aceitei essa verdade de todo o coração. O resultado foi que, naquela noite, fiquei curada de modo completo e permanente.
O fato de que o bem é a realidade da existência constitui base segura para curar qualquer tipo de problema. Problemas sugerem que algo em lugar do bem, ou além do bem, seja real. A Ciência Cristã, cujos ensinamentos provêm da Verdade divina como a Bíblia a revela, nos ajuda a compreender a realidade exclusiva do bem e a ver como essa compreensão cura.
A Bíblia ensina que o bem não só é a natureza e a substância do ser de Deus, mas também que é a qualidade e a condição de Sua criação. “Oh! provai, e vede que o Senhor é bom” Salmos 34:8., cantou o Salmista. Falando diretamente a Deus, proclamou: “Tu és bom e fazes o bem.” Salmos 119:68.
Deus, o criador de tudo, é o próprio bem, e tudo o que Deus cria reflete Sua bondade. O homem, o ápice da criação, é a própria imagem e semelhança de Deus. Em sua natureza pura, o homem é totalmente bom, não tendo características dessemelhantes de seu Criador. O que Deus cria é eterno em sua bondade. Nenhum mal pode jamais ser-lhe acrescentado, nem pode nenhum elemento de sua bondade ser destruído.
O que é, então, a aparente fonte do mal? No livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde, a Sra. Eddy o explica da seguinte maneira: “Toda realidade está em Deus e Sua criação, harmoniosa e eterna. O que Ele cria é bom, e Ele fez tudo o que está feito. Portanto, a única realidade do pecado, da doença ou da morte, é o fato terrível de que as irrealidades parecem reais à crença humana errada, até que Deus lhes arranque o disfarce.” Ciência e Saúde, p. 472.
Como Deus é bom e cria só o bem, tudo quanto não seja bom não provém de Deus e não tem poder real. Medo, dor e doença nunca perfazem a realidade do ser do homem. Ainda que pareçam reais aos sentidos físicos, não nos deixemos enganar. Os sentidos físicos não revelam a verdade sobre o homem; apenas representam os conceitos errôneos daquilo a que a Bíblia chama “a mente carnal”. Essa mente, assim chamada, vê e sente o que crê, e logo crê naquilo que vê e sente, e assim engana a si mesma. Tudo isso — a mente mortal e as suas crenças — é uma falsidade, uma ilusão de que haja poder onde não há poder nenhum.
Deus, pelo Cristo, desmascara e desfaz essa ilusão e suas crenças irreais. O Cristo, a divina influência do bem na consciência humana, é o meio divino de salvação para a humanidade. É a atividade redentora que Cristo Jesus demonstrou em suas obras de cura. O Cristo enaltece, ao nosso sentido atual das coisas (em que parece haver uma mistura de elementos bons e maus), o fato absoluto da bondade exclusiva de Deus e do reflexo dessa bondade pelo homem. Na medida em que acedemos ao Cristo, as falsidades vão desaparecendo e a realidade vem à luz. Temos o bem onde o mal parecia estar. Vemos corroborado que o mal não tem realidade.
A oração é o meio de aproximarmo-nos do Cristo e de acedermos ao fato de que o bem é a única realidade da existência. Há muitas orações, muitos modos de orar. Oração é, em essência, comunhão com Deus. Requer que abramos nosso pensamento ao bem. Envolve que aquietemos o medo e a tensão e nos acalmemos no íntimo. Oração envolve ouvir e responder ao bem divino. E requer ainda que sejamos gratos pelo bem.
Às vezes oramos com palavras. Talvez nos valhamos da Oração do Senhor, e meditemos no seu significado. Ou, talvez afirmemos, com nossas próprias palavras, que o Amor divino está conosco e neguemos que o mal possa nos tocar. Às vezes oramos com nossas ações. A alegria e o amor centralizados em Deus, claramente expressados, a coragem e a convicção, podem ser oração eficaz. Em outras ocasiões, o desejo profundo e silente de obter compreensão é a oração que atende à nossa necessidade, como a cura citada no início deste artigo o ilustra. Seja qual for a forma de nossa oração, o importante é a pureza de nosso coração e nossa receptividade à verdade do ser.
Se o problema persiste, descobrimos que temos de perseverar na oração. Talvez ainda não tenhamos purificado totalmente os nossos motivos. Talvez tenhamos sido apenas em parte receptivos à verdade da bondade de Deus. Talvez estejamos nos apegando, teimosamente (quem sabe inconscientemente), a algum conceito errado predileto. Temos de perseverar em nossas orações até que toda mancha de impureza e de egoísmo fique eliminada e estejamos 100 por cento prontos a aceitar que o bem é de fato a realidade de nosso ser.
O Cristo está continuamente transmitindo à consciência individual a verdade da bondade de Deus. Na proporção em que cedemos à influência do Cristo e aceitamos o bem como a realidade aqui e agora, encontramos saúde e inteireza onde a dor e a doença pareciam estar. Vivemos em maior paz e harmonia, onde a dissensão e o conflito pareciam predominar. Vem à luz de modo mais vívido a abundância genuína, em lugar de carência.
Mesmo que nosso problema venha se prolongando por muito tempo, podemos despertar hoje para a verdade sempre presente de que o bem é a realidade. A bondade eterna de Deus, aceita num vislumbre crístico em nosso coração, sem reservas, pode trazer a cura já.
O bem é a realidade!
