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Alguns motivos para manter a castidade

Da edição de outubro de 1990 dO Arauto da Ciência Cristã


Castidade. Uma palavra que não se ouve com freqüência. Um conceito não muito popular. No entanto, é absolutamente indispensável para o crescimento espiritual.

O que lhe vem ao pensamento, quando ouve essa palavra? Você pensa em refrigério e liberdade? Numa profunda segurança, mais permanente do que as coisas circunstanciais? Se esse não é o caso, talvez seja necessário compreender melhor o que é castidade. "A castidade é o cimento da civilização e do progresso," escreve a Sra. Eddy em Ciência e Saude. É evidente que o progresso não é antiquado.

Todos desejamos ter uma vida interessante, variada, mas também almejamos inabalável estabilidade interior, saúde, alegria, sabedoria, respeito próprio, abundância do bem e um sentido de propósito. A castidade nos auxilia nessa vereda, ao desvendar uma perspectiva mais ampla da vida espiritual, onde o verdadeiro bem habita. Como?

A Ciência Cristã ensina que o Espírito, Deus, é bom. Como somente o Espírito pode estar eternamente presente e ser ilimitado, a verdadeira bondade é e deve ser espiritual e infinita e não pode ser encontrada num conceito que encare a vida como material. O homem, criado para expressar todo esse bem, é a imagem, ou reflexo, do Espírito. Ele é, portanto, espiritual. Um mortal é um falso conceito sobre o homem, que pode ser abandonado e negado a partir do reconhecimento do verdadeiro homem e sua existência espiritual.

É por meio do sentido espiritual que nos apercebemos do bem, o Espírito. Praticar ou vivenciar seu oposto, o sentido material, impede-nos de vivenciar o sentido espiritual. Se desejamos aprender a vivenciar o bem espiritual, temos de adotar normas de conduta que facilitem a prática da percepção espiritual, ou seja, de nossa capacidade de compreender e sentir a amorosa presença de Deus. Certos códigos de comportamento aproximam-nos mais da vida no Espírito, sendo a castidade um desses fatores.

A castidade é uma forma de disciplina espiritualmente inspirada. Faz-se necessária tanto do ponto de vista da sabedoria humana, como do afeto humano. Quer sejamos casados, quer solteiros, temos de julgá-la de forma correta. O primeiro passo rumo à espiritualização do pensamento é o controle. Se nos entregamos a um impulso físico incontrolável, estaremos, de igual modo, dando à matéria um incontrolável poder sobre nossa vida. Se desejamos ter domínio sobre a crença de dor na matéria, não devemos, praticando atividade sexual indisciplinada, permitir-nos crer em prazer na matéria. Tal atividade entulha nosso pensamento com idéias de sensação e impulso físicos. Coloca nossos desejos egoístas e materiais acima de nossa obediência a Deus. A emoção fortalece seu controle sobre nós, quer deixando-nos mais empedernidos, quer menos autogovernáveis e mais vulneráveis. Em ambos os casos, nos desviamos da verdadeira proteção contra o sofrimento, proteção que pode ser conseguida com um afeto mais espiritualizado e menos egoísta.

A castidade, por sua vez, coloca Deus, o Princípio, em primeiro lugar. Ajuda-nos a expressar amor, ao invés de luxúria. Brota de um profundo amor a Deus, à pureza e à inocência, qualidades que fazem parte de nossa natureza espiritual. Pelo fato de não se basear na sensação material, mas no Espírito, a castidade nos auxilia a afastar o pensamento do materialismo enfadonho. Deixa-nos mais receptivos aos pensamentos oriundos da Alma, pensamentos cheios de frescor e que satisfazem aos anseios. Ao agirmos apoiados na lei moral, fortalecemos nossa compreensão da lei espiritual, daquilo que compreendemos de Deus como sendo Princípio, o bem imutável, que tudo governa. Sob essa lei, sentimo-nos livres. O resultado é harmonia progressiva.

O magnetismo animal, a crença de sensação na matéria, talvez argumente ser "natural" o desejo desenfreado. Não nos deixemos enganar. O apóstolo Paulo nos adverte que "o homem natural não aceita as cousas do Espírito de Deus." É importante perguntar-nos: "É natural no homem de Deus, o descendente do Espírito, a ação indisciplinada? ou será que pertence ao homem mortal?" Cristo Jesus, em seu imensurável amor pela humanidade, condenou francamente a impureza, ou seja, as relações sexuais entre indivíduos não casados. Entre suas muitas advertências referentes ao assunto, Paulo simplesmente disse: "Fugi da impureza!" A Sra. Eddy, por sua vez, coloca a castidade de par com a caridade, a luxúria com o ódio, ao escrever: "A Ciência Cristã ordena ao homem que domine as propensões — que reprima com a bondade o ódio, que vença com a castidade a luxúria, com a caridade a vingança, e que com a honestidade derrote a falsidade."

Se de fato prezamos nossa inocência, mais fácil será expressá-la num momento de verdadeira provação. O desafio poderá ser maior se estivermos apaixonados por alguém, pois nesse caso nos sentiremos especialmente ligados a essa pessoa. Essa situação às vezes cria novas normas e prioridades diferentes. O que antes parecia errado, poderá nesse caso não parecer tão mau, ou talvez até pareça justificável. No entanto, nossas emoções humanas não são o melhor juiz do que é certo ou errado, ou do que confere a mais legítima felicidade. Deus é a verdadeira fonte da felicidade, do amor e da sabedoria. Ao ouvi-Lo, somos guiados pela intuição que indica quando uma situação poderá prejudicar ou deter nosso progresso espiritual.

Mesmo o período de noivado não nos exime da necessidade de disciplinar o clamor dos sentidos físicos, pois essa fase do relacionamento apenas revela a intenção de se estabelecer um compromisso permanente. A castidade expressa paciência. Quando se contrai matrimônio com base nos nobres motivos descritos em Ciência e Saúde, no capítulo "O Matrimônio". esse casamento eleva a natureza do relacionamento, pois os parceiros expressam amor um pelo outro a ponto de se comprometerem a uma união legal, para toda a vida. O amor que sentem pela natureza mais elevada do companheiro é colocado acima do impulso físico. A sociedade é, então, enriquecida por esse afeto mais espiritual.

Quando comecei a namorar, no início de minha adolescência, de-frontei-me com a assim chamada "nova moralidade", que rejeitava a castidade como recato ultrapassado. Os argumentos pareciam razoáveis, mas chegou o momento em que desejei saber o que Deus tinha a dizer-me. Certo dia, após haver lido parte do capítulo sobre o matrimônio em Ciência e Saúde, ocorreu-me a seguinte resposta: a sexualidade humana é uma força material e, tal como a força do fogo ou da água, necessita de uma forma de controle para não explodir desenfreadamente, provocando sérios danos. Ficou claro para mim que a instituição controladora da sexualidade é o casamento. Compreendi que a contribuição que eu poderia dar para a estabilidade da sociedade e "o cimento da civilização", seria praticar a castidade.

Desde esse momento, inúmeras vezes senti gratidão por ter tido essa inspiração. A partir daí, transformei-me. Alguns anos mais tarde, antes de conhecer meu marido, apaixonei-me por um jovem. No ambiente que nos cercava, a castidade antes do casamento era praticamente desconhecida, ou até impensável. Mesmo assim, eu sabia que esse era o único caminho a ser seguido. Durante vários meses, quase que diariamente, tive de enfrentar inúmeras pressões para abandonar aquilo que eu sabia ser o certo e me enquadrar nos padrões ali vigentes. Foi difícil. Eu, no entanto, amava a pureza e meu desejo por pureza era mais forte do que outros desejos. Eu não desejava profanar minha natureza espiritual, aquela que nossa consciência identifica.

A tentação aumentou. Certo dia, porém, percebi que a agressiva atração física provinha de uma fonte que nada tinha a ver com meu namorado ou comigo, pois baseava-se na crença de que há vida na matéria e de que o genuíno afeto que havia entre nós poderia ser usado para disfarçar e promover essa crença. Essa percepção rompeu a força mesmérica que a atração física parecia ter sobre mim. Recusei-me a ser usada! Daí para frente, nosso relacionamento tornou-se cada vez mais puro, calmo e afetuoso. Desenvolveu-se a ponto de expressar genuína e profunda amizade, depois desfez-se de comum acordo um ou dois anos mais tarde, como resultado do distanciamento e da sabedoria. Meu compromisso com a pureza auxiliou-nos a ambos a aproximar-nos mais a Deus e ser mais receptivos a Sua orientação.

O pensamento mundano poderá sugerir que precisamos sentir emoção e sensação ao máximo. A sensualidade, no entanto, oferece apenas uma satisfação temporária e vazia. A castidade, que geralmente relacionamos com a pureza, na verdade aprofunda nossa experiência com uma certa satisfação e liberdade que os sentidos nunca podem oferecer. A castidade proporciona uma âncora no Espírito, quando o sonho de vida na matéria, que se manifesta como sensaçâo de ridículo, vergonha, racionalização mortal, desânimo, dúvida ou emoção desenfreada procura nos fazer andar à deriva ou nos afundar ainda mais na crença de uma existência separada de Deus.

Não é gratificante saber que sempre podemos dizer não? E esse "não" é de fato um "sim" a um relacionamento humano mais seguro. Significa maior lucidez ao tomar decisões e estabilidade mais profunda, quando tal relacionamento toma um rumo inesperado. A castidade baseia-se na confiança que temos em Deus. Aumenta nossa capacidade de demonstrar a perenidade da união espiritual em relacionamentos humanos mais estáveis. Produz, também, o efeito de abolir, de nossa vida, a impureza. Justifica-se, no entanto, não mediante argumentação, mas numa preciosa sensação de maior proximidade a Deus.

A castidade também abençoa nossa atividade na igreja, pois todo cargo que ocupamos exige uma atmosfera mental que promova nossa demonstração de pureza, saúde e santidade, qualidades de que o mundo tanto necessita. Nenhum membro da igreja, quer seja ele professor da Escola Dominical, Leitor, indicador ou membro da diretoria, pode exercer suas funções sem o reconhecimento do papel da moralidade na promoção da espiritualidade. Nós, nosso lar, nossos filhos, somos abençoados pela influência pura e protetora desse reconhecimento. Além do mais, torna-nos espiritualmente mais alertas para o aspecto moral de outros eventos que ocorrem em nossa experiência.

Portanto, o que podemos fazer se desejamos colocar um paradeiro a um comportamento sexual ilícito? Podemos parar? Sim! É preciso, porém, que haja o desejo de parar. A chave da questão é o desejo sincero. Talvez nos defrontemos com lutas e haverá necessidade de muito crescimento espiritual. Se, porém, desejamos verdadeiramente expressar inocência espiritual, encontraremos a sabedoria e a força, que provêm de Deus, para colocar-lhe um ponto final. A oração mostra-nos que Deus está conosco a cada passo do caminho. À medida que aumenta nossa devoção à pureza, constatamos que, ou somos afastados da situação que poderia limitar nosso progresso espiritual, ou as circunstâncias mudam, ou ainda adquirimos sabedoria e força para nos afastarmos. Talvez seja necessário um empenho mais vigoroso e constante em nossa oração para percebermos, como sendo nossa, a natureza incontaminada do homem. Nosso amor a Deus que, afinal, provém de Deus, é mais poderoso do que qualquer outra coisa. Podemos apegar-nos a esse amor, reconhecendo que Deus nos ama e certamente nunca nos abandonará. A emotividade que brota de uma crença em personalidades corpóreas, precisa dar lugar a uma percepção mais feliz da onipresença do Amor divino. Nenhuma crença enganosa, que considera o homem meramente como o mais inteligente dos animais, pode impedir que expressemos o que Deus nos concedeu, ou seja, a capacidade de agir de acordo com nossa natureza espiritual. Na verdade, o homem espiritual, ou seja, o verdadeiro ser, seu e meu, não pode afastar-se do Princípio, nem desobedecê-lo. A castidade, portanto, expressa aquilo que é verdadeiro a nosso respeito. Ao invés de se constituir numa frenética tentativa de nos adaptarmos a um padrão estranho a nós, a castidade é espiritualmente natural.

Não precisamos temer a perda de algo bom por obedecermos ao Princípio, pois o Princípio é a fonte de todo bem verdadeiro. Deus abençoa a obediência. Todos possuímos a coragem moral de manter-nos firmes naquilo que é correto. Podemos, também, confiar no Amor divino, certos de que ele suprirá nossa necessidade de afeto. Além disso, se confiamos em que o Amor cuida de nós, também podemos confiar igualmente em que cuidará das outras pessoas. Nós e todos de os que fazem parte de nosso círculo de relações, seremos abençoados de uma forma que não podemos vislumbrar, com maiores vantagens do que qualquer circunstância imoral poderia proporcionar.

Não estamos a sós em nossa convicção moral, travando uma batalha solitária e perdida, em meio a uma sociedade sensual. O Espírito é infinitamente maior do que a somatória de todas as opiniões mortais, da zombaria e da incompreensão! Apesar de o quadro parecer o contrário, o materialismo está se esvaziando e a vitória do Espírito já está estabelecida. "A espiritualidade assedia abertamente o materialismo", escreve a Sra. Eddy em Ciência e Saúde. A seguir, argumenta: "De que lado estamos combatendo?" A castidade combate do lado do Espírito.

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