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A convicção espiritual da oração cura

Da edição de fevereiro de 1990 dO Arauto da Ciência Cristã


Minha casa é cercada de carvalhos, que em geral retêm as folhas durante o ano inteiro. Faz alguns anos, uma geada prematura fez cair as folhas todas. Uma tarde, minha mulher disse-me que ao olhar pela janela do quarto, notou uma grande excrescência arredondada num dos principais galhos de uma das árvores. Eu também olhei pela janela e vi aquela excrescência estranha, antes oculta pelas folhas. Quando, porém, saí da casa para examinar a árvore mais de perto, descobri que a excrescência que pensávamos ter visto, era apenas ilusão óptica. O galho crescera de maneira tal que tomara a forma de um cotovelo. Visto de nossa janela, o cotovelo parecia uma grande excrescência.

Quando nos apercebemos desse fato e sentimos a convicção daquilo que sabíamos, nossa preocupação com a excrescência cessou. Quando voltamos a olhar através da janela, já não vimos nem sequer aquela ilusão. Desaparecera, ao descobrirmos a realidade.

Essa singela experiência ilustra um ponto importante, aplicável à oração que cura as disfunções físicas. Para curar numa base espiritual, precisamos ter uma visão correta do homem. Isto é, precisamos saber o que é espiritualmente verdadeiro a respeito do homem à semelhança de Deus, precisamos nos convencer de que esse é o único fato espiritual.

Essa premissa fundamental, na Ciência Cristã, é exposta na seguinte declaração do livro Ciência e Saúde de autoria da Sra. Eddy: "A realidade espiritual é o fato científico em todas as coisas. O fato espiritual, repetido na ação do homem e de todo o universo, é harmonioso e é o ideal da Verdade. Os fatos espirituais não estão invertidos; a discórdia contrária, que não tem semelhança alguma com a espiritualidade, não é real." Ciência e Saúde, p.207.

Quando consideramos o homem do ponto de vista mortal, essa perspectiva nos apresenta um quadro errôneo. A evidência mortal geralmente assume um aspecto perturbador: toma a forma de disfunção, pecado e morte. A Ciência Cristã, porém, mostra que essas perturbações resultam da ignorância acerca dos fatos imutáveis característicos da realidade espiritual.

Quando os fatos espirituais são desconhecidos ou não são aceitos, ficamos à mercê da ignorância e da crença errônea. Partindo dessa perspectiva errônea, as disfunções físicas podem representar preocupações muito desafiadoras.

A falsa evidência de doença, porém, é passível de correção e a doença é curada quando mudamos profundamente nossa maneira de ver, trocando a perspectiva material, pela espiritual. O Apóstolo Paulo ressaltou a importância da perspectiva espiritual correta, quando escreveu, conforme a tradução da Revised Standard Version: "Os que vivem de acordo com a carne, estão com a mente voltada para as cousas da carne; mas os que vivem de acordo com o Espírito, têm a mente voltada para as cousas do Espírito. Estar com a mente voltada para a carne é morte, mas ter a mente voltada para as coisas do Espírito, é vida e paz." Romanos 8:5, 6. A versão João Ferreira de Almeida diz o seguinte: "Os que se inclinam para a carne cogitam das cousas da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das cousas do Espírito. Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz."

Duas coisas precisam ser feitas para tornar eficaz essa mudança de perspectiva. Primeiro, precisamos aprender quais são os fatos imutáveis e eternos. Depois, vem o passo vital: precisamos nos convencer de que a realidade espiritual constitui o único fato científico.

Pensei nisso recentemente ao estudar o relato bíblico de Cristo Jesus restaurando a vida à filha de Jairo. Ver Marcos 5:22-24, 35-42. Jairo persuadira Jesus a ir à sua casa, onde sua filhinha estava à morte, segundo diziam. No caminho, chegou a notícia de que ela morrera.

Ao receber essa notícia, quase todos devem ter pensado: "Ela morreu, agora é tarde demais, já não se pode fazer mais nada." Mas Jesus não pensou assim. Não se deixou persuadir pela informação proveniente da evidência física. Aparentemente Jesus sabia que, do ponto de vista mortal, embora parecesse que a menina tinha adoecido ou morrido, isso não mudava a realidade espiritual.

Ele deve ter sentido a convicção de que o único fato científico era o que Deus lhe revelara como sendo espiritualmente verdadeiro, para sempre. Baseado nele, Jesus provou que tanto a doença como a morte eram estados subjetivos da perspectiva mortal, que constituía uma ilusão. A ilusão, ou falsidade, foi corrigida pelo que ele sabia ser o fato imutável e eterno, isto é, a vida e a harmonia do homem mantidas por Deus para todo o sempre.

A Ciência Cristã realça o fato de que Deus sustenta a inteireza ininterrupta, a imortalidade e perfeição de Seu reflexo, o homem, e que a perspectiva mortal nunca altera o fato espiritual, nunca torna real a aparência mortal, não importa quão impressionante pareça.

Que diferença vital isso faz, quando nos convencemos de que os fatos da Ciência divina representam a única realidade contínua!

Há alguns anos, quando um de meus filhos ainda era bem pequeno, decidi mostrar-lhe outro tipo de fato. Achando que era o momento apropriado para informá-lo da verdade sobre Papai Noel, expliqueilhe que não existia tal pessoa. "Papai Noel é apenas uma lenda," expliquei.

"É verdade?" replicou ele. Pensou alguns momentos e depois disse: "Papai, uma vez eu me sentei no colo de uma lenda."

Ele desejava aceitar o que eu lhe dissera, mas quando relacionou minha explicação com o que fora, para ele, uma experiência impressionante, não ficou de todo convencido. Aceitou minhas palavras que diziam que Papai Noel era lenda. Mas não ficou convencido do significado daquelas palavras.

Para o estudante de Ciência Cristã, não é difícil descobrir a verdade espiritual a respeito do homem na Ciência divina. Deus revelou esses fatos à Sra. Eddy em sua descoberta da Ciência Cristã e ela, por sua vez, deu em Ciência e Saúde uma explicação minuciosa da realidade espiritual.

As palavras usadas por ela em suas explicações não são difíceis de se compreender. Mas seu ensinamento talvez pareça complicado porque, demasiadas vezes, reagimos como meu filhinho. Ao relacionar o que nos foi ensinado com o que parece verdadeiro do ponto de vista da perspectiva mortal, constatamos que não ficamos completamente persuadidos.

O quadro mortal parece demasiado impressionante. O resultado é que talvez adotemos as palavras das instruções da Sra. Eddy, apesar de não estarmos inteiramente convencidos do significado dessas palavras. Em conseqüência, damos conosco a acreditar na existência de dois tipos de fatos a respeito do homem: os fatos espirituais sobre o homem real, que é o reflexo perfeito de Deus e os fatos materiais sobre o ser humano tal como é visto através dos sentidos físicos.

Jesus não se entretinha com dois tipos de fatos: o espiritual e o físico. Sua capacidade inigualada de curar baseava-se na aceitação irrestrita da Ciência divina da Verdade, que Deus lhe revelara por ser Seu Filho. Dado que o Mestre reconhecia os fatos espirituais como a única realidade e não duvidava disso, a enfermidade, a disfunção e a morte eram sempre ilusões para ele. A evidência de enfermidade ou doença desaparecia diante de sua aceitação total daquilo que é espiritual, como sendo a única realidade eterna e presente.

Que fazer para nos ancorarmos tão firmemente na Verdade divina, a ponto de podermos obter pelo menos um pouco da convicção que nosso Mestre expressava? A Sra. Eddy diz com clareza o que precisamos fazer para orar com eficácia e obter a cura como resultado. Ela nos instrui: "Apega-te à verdade do ser, contrapondo-te ao erro de que a vida, a substância, ou a inteligência possam estar na matéria. Faze tua defesa com uma convicção sincera da verdade e uma percepção clara do efeito invariável, infalível e certo da Ciência divina. Então, se a tua fidelidade equivaler à metade da verdade em que se estriba tua defesa, curarás os doentes." Ciência e Saúde, p. 418.

O que é que isso quer dizer? Será que nos anima a ponderar profundamente sobre as coisas de Deus? Descubra qual é a verdade do ser. Afaste-se das aparências físicas e focalize os fatos da Ciência divina. Compreenda que a revelação de Deus representa o único fato científico. Então atenha-se a essa verdade. Reconheça que é impossível ao homem, o reflexo de Deus, possuir qualquer coisa que não tenha origem em Deus. Convença-se disso. Aí a perspectiva que deriva do ponto de vista mortal, mudará. E a cura ocorrerá.

Voltando àquela minha árvore, não teria sido tolice minha se eu pensasse: "Sei que a excrescência não passa de ilusão. Mas será melhor que eu faça alguma coisa acerca da excrescência, para que ela não cause dano à árvore."

Contudo, é tão comum raciocinarmos desse modo a respeito da doença. Talvez afirmemos em oração que Deus faz o homem íntegro, sempre harmonioso e livre da doença, que a aparência doentia é uma ilusão e não pode afetar o homem criado por Deus. Mas depois, talvez entretenhamos um pensamento do gênero: "O fato é que não me sinto bem. Esta doença me privou da harmonia. Não ficarei bom até me livrar dessa doença."

Ora, o que é que ocorreu nesse caso? Começamos por onde devíamos. Afirmamos que o homem é a expressão espiritual e perfeita do ser de Deus, portanto harmonioso. Declaramos que a doença é irreal, uma ilusão, que esse não passa de um estado que parece real do ponto de vista da mente mortal, perspectiva que transmite ao homem uma impressão errada.

Aí, a tendência é tornar ineficaz nossa oração por volvermos o pensamento para a aparência física, a evidência que insistíramos ser errônea e ver se o corpo está com melhor aspecto. Quando assim agimos, fica demonstrado que colocamos nossa confiança primordial na evidência física. Isto é, observamos o aspecto físico para sabermos o que é real.

Permitam-me dar-lhes um exemplo singelo do que quero dizer. Suponha que você esteja fazendo um cálculo matemático com o uso de uma calculadora eletrônica. Você deseja multiplicar 123 x 40, mas o resultado que aparece no visor da calculadora é 568.409. Você logo percebe que esse resultado está errado. Ao repetir o processo diversas vezes e obter o mesmo resultado, você se dá conta de que a calculadora está funcionando mal. A essa altura você recorre aos seus conhecimentos de matemática para encontrar a solução. Você não vai recorrer outra vez àquela calculadora estragada para verificar a exatidão do resultado obtido.

Ora, demasiadas vezes, é isso o que fazemos com relação ao nosso corpo físico. De certa maneira, o corpo, tal como o visor da calculadora, é um dispositivo mecânico visual. É o meio pelo qual as crenças mortais acerca do homem são mostradas ou as condições melhoradas aparecem. Tal como o visor da calculadora, nosso corpo pode mostrar resultados "corretos", que registram a supremacia dos fatos espirituais, ou, pelo contrário, mostrar resultados que obviamente estão errados, porque negam a veracidade do que é espiritual.

O corpo é um conceito mental. Só pode mostrar o que se acredita ser a verdade sobre o homem. Quando a aparência do corpo está claramente errada, é nosso ponto de vista que precisa ser corrigido mediante a compreensão dos fatos espirituais. Quando sabemos o que é espiritualmente real e verdadeiro sobre o homem e estamos convencidos de que a realidade espiritual é o único fato científico, constatamos que a aparência do corpo cede a esse fato, isto é, passa a estar, por assim dizer, em conformidade com a única realidade. Assim se prova que a aparência doentia é uma ilusão, uma impossibilidade científica para o homem sob o governo de Deus.

Essa é com certeza uma das razões que levaram a Sra. Eddy a instruir-nos a fazer nossa defesa da verdade espiritual com uma "percepção clara do efeito invariável, infalível e certo da Ciência divina". Ciência divina é um termo que indica o governo sempre ativo, a eterna presença, de Deus. Tal como a Ciência explica, tudo o que realmente existe é por Ele governado eterna, perfeita e harmoniosamente, livre de interferência. Seu governo é imutável, infalível e sempre com resultado garantido.

Recorrendo aos fatos científicos da operação do Princípio divino, somos então capazes de raciocínio espiritual a respeito do homem. E essa é a forma pela qual chegamos à solução e verificamos sua prova, aparente na cura.

Não importa o que pareça verdadeiro aos sentidos físicos, nada jamais mudou o fato científico de que o governo de Deus está incessantemente em atuação. Nenhuma evidência corporal indica haver outra causa ou efeito que possa mudar os fatos eternos da Ciência divina. As discórdias corporais são sempre ilusões do ponto de vista mortal. Quando a convicção de que a realidade espiritual é o único fato científico, se estabelecer firmemente na consciência, não nos deixaremos perturbar pela ilusão. Nessa altura, a ilusão se desfará.

Não é de admirar que nossa Líder insista para que façamos nossa defesa convictos da verdade, nos apeguemos a essa verdade e tenhamos uma percepção clara dos efeitos certos da Ciência divina. E por fim acrescenta: ".. . se a tua fidelidade equivaler à metade da verdade em que se estriba tua defesa, curarás os doentes."

É possível obtermos domínio sobre os estados do corpo humano à medida que nos convencermos de que ele é apenas um conceito mental, um mecanismo mental que mostra os conceitos mortais acerca do homem. Para adquirir esse domínio, temos de nos entregar plenamente à revelação da Ciência divina e saber, sem reservas, que essa Ciência espiritual explica os fatos da Verdade imutável.

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