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A educação no futuro do presente

Da edição de fevereiro de 1990 dO Arauto da Ciência Cristã


Aqueles de nós menos afeitos às regras gramaticais, talvez não se lembrem que o tempo do verbo usado quando dizemos: "Terei conseguido" ou "Terei completado isso no ano 2000," é o futuro do presente.

Alguns intelectuais que recentemente debateram os pontos mais candentes de uma agenda para o século vinte e um, indicaram a educação e a moral como ferramentas capazes de resolver todos os outros problemas: a ameaça nuclear, os problemas do ambiente, o ter e o não-ter, o desequilíbrio econômico e assim por diante. Ver Rushworth M. Kidder, An Agenda for the 21st Century (Cambridge, Massachusetts: The MIT Press, 1987), pp. 195–200. Isso fez com que me debruçasse de novo nesse tempo verbal chamado futuro do presente.

A maior parte dos assuntos referentes à educação podem ser conjugados no futuro do presente, quer se apliquem a nós como indivíduos, quer a nações ou ao mundo. Por tradição, a educação tende a ser a esperança da raça, uma meta a atingir, não algo a consumar no presente.

Não será esse conceito de educação um dos problemas que requerem solução com urgência? Não necessitaremos nós abordar o conceito de educação, não em termos tradicionais, mas sim revolucionários, sobretudo quando tanta gente concorda que a educação constitui o elemento básico de todos os esforços no sentido de solucionar a crise mundial?

No entanto, não chegaremos onde desejamos, nem tão depressa quanto esperamos, enquanto nossas mentes e linguagem estiverem imbuídas do futuro do presente e tudo o que esse tempo verbal representa. Se a ênfase for colocada no quão pouco sabemos, no quanto temos a aprender, quão pouco valemos e no quanto poderíamos valer num futuro hipotético, aí não aprendemos muito. Mas todos sabemos, por experiência, que sempre que um professor foi capaz de ver em nós a compreensão da aprendizagem em que estávamos empenhados, começou nesse momento a verdadeira educação.

Será possível, então, que necessitemos conceber a educação mais como um processo de descobrir o que o homem já é e já sabe, do que como aquilo em que o homem já se terá tornado? Não será deprimente, para o processo de aprendizagem, considerar o aluno basicamente ignorante e atrasado, separado da verdade? Inversamente, a alegria de aprender manifesta-se quando se reconhece que a efetiva identidade de uma pessoa nunca esteve separada da verdade e é descoberta à medida que essa pessoa desperta para o que já é verdadeiro.

É possível que alguns dos mais eficazes mestres utilizem, em certa medida, essa poderosa compreensão. Não há dúvida de que o grande Mestre do cristianismo a usou. Ele reconhecia em todos o filho de Deus. Ele veio sobretudo ensinar o que é, não o que terá sido.

Talvez possamos aprender com Jesus, não apenas a verdadeira natureza do aluno, mas também a verdadeira função do professor. No seio de uma cultura em que o ensino rabínico era hierárquico e paternalista, mais como algo que um superior fazia por um inferior, Jesus ensinou que a candura é o caminho ascendente, tanto para os professores como para os alunos. Quando um jovem foi procurá-lo e lhe perguntou: "Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?" — Jesus respondeu-lhe: "Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão um só, que é Deus." Marcos 10:17, 18.

Bem podemos nos lembrar que pouco é alcançado no domínio da educação, se a estrutura moral não estiver presente. A qualidade da humildade, que precede a verdade, permeia os mais importantes ensinamentos. O melhor professor é aquele que sabe que a sabedoria possui as qualidades de graça e dádiva. Não se trata tanto de o professor possuir um dom próprio, mas sim de ser capaz de abandonar tudo o que obscureça o que já pertence a todos.

Esse "abandonar" também não é, por certo, uma espécie de "Nova Era" de manipulação mental, mas está relacionado com aquilo que Jesus e S. Paulo pregaram, isto é, erradicar o orgulho e o medo de nossas vidas diárias, vencer com firmeza o pecado e as preocupações egotistas centradas no eu humano.

Partilhar a sabedoria com os outros exige que passemos pelo mesmo processo utilizado para alcançá-la. Se fizermos mau uso da sabedoria, a iluminação, que nos caracteriza, diminui. Aí seremos tão ignorantes como nosso aluno, ou até mais. Não teremos sucesso ao simplesmente abordarmos o ensino de forma paternalista. O professor e o aluno são iguais perante a Verdade.

Muitos têm experiências individuais que aludem de maneira poderosa ao fato de que já sabemos aquilo que tanto desejamos saber. Um sentido de alegria abrangente vem a nós, quando compreendemos que já conhecemos as respostas corretas. Elas já nos pertencem, não estão separadas de nós de maneira irremediável, nem distantes, nem são desconhecidas.

Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência CristãChristian Science (kris'tiann sai'ennss), fez a seguinte observação: "Os exames escolares são unilaterais; não é tanto a instrução acadêmica, senão uma cultura moral e espiritual que nos eleva mais alto." Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 235. Ela respeitava e valorizava a educação humana, o que é evidente por suas variadas e profusas leituras, seus comentários à sabedoria dos maiores pensadores mundiais e o estabelecimento, para sua Igreja, de um sistema sem igual de educação espiritual de grande alcance. No entanto, ela identificou um elemento em ação na natureza do aprendizado, diferente e pouco conhecido, isto é, o moral e espiritual, que permite uma educação mais significativa. Ela ensinou que é inerente à própria natureza do homem, feito à imagem de Deus, refletir seu Criador e estar, por isso, inteiramente familiarizado com a Verdade. À luz desse fato espiritual, se a necessidade é honesta e o contexto é moral, compreendemos que as respostas já existem, são nossas, embora possam ter estado obscurecidas pela falsa educação ou pela falta dela.

Talvez a humanidade dê um dos maiores passos de progresso, quando ousarmos exprimir com mais amplitude e mais publicamente nossas intuições pessoais acerca do Espírito divino e da Mente infinita, que transmitem leis mais amplas e revelam fatos científicos para a humanidade. É um passo capaz de proporcionar maior progresso do que todos os nossos projetos conjugados no "futuro do presente" — tanto no presente como no futuro.

Eu te ouvi no tempo da oportunidade e
te socorri no dia da salvação.

2 Coríntios 6:2

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