Entrei para a nossa equipe de corridas de longa distância quando eu freqüentava o 2o grau. Na Escola Dominical da Ciência Cristã, meu professor sempre se esforçava para me fazer voltar o pensamento a Deus, como fonte de toda inspiração, de todo talento e motivação corretos. Toda vez que eu vinha à aula falando em mim, ele não deixava de dizer algo como: "Não, George, a glória é de Deus!" Muitas vezes citava este trecho da Bíblia: "Sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe pode acrescentar, e nada lhe tirar." Ecles. 3:14. Eram lições de humildade, e percebi um pouco da idéia de que Deus é o único Ego.
Participar nos esportes me levou a orar e a estudar a Ciência Cristã com mais afinco. Por exemplo, se me sentia atrapalhado com o medo, a dor ou sentimentos de rivalidade, compreendia que era preciso mudar meu pensamento e minhas motivações. Desse modo, eu percebia mais claramente e aceitava o amor de Deus, que destrói o medo (ver 1 João 4:18) e entendia que em minha natureza de homem espiritual, criado pelo Espírito, não havia dor. Compreendia que eu estava nas competições para glorificar o Princípio divino, o Amor, não para exaltar o ego. Enquanto eu corria, mantinha o pensamento firme em Deus, a Mente divina, e em trechos favoritos da Bíblia. Muitas vezes me acudiam estas palavras de Cristo Jesus: "Eu nada posso fazer de mim mesmo." João 5:30. Então eu orava para entender melhor que a ação divina sempre é forte, perfeita e completa.
Na faculdade, tive inúmeras oportunidades de assimilar mais e expressar melhor a inspiração e a disciplina espirituais. As competições, a necessidade de dar o melhor de mim, exigiam coragem. O espírito esportivo e a liderança exigiam humildade e amor desprendido — sentidos e manifestados. Por vezes, contudo, eu me acreditava limitado, mas essas limitações diminuíram quando vim a entender melhor o controle que a Mente divina exerce sobre todo pensamento e sobre toda ação, quer estivesse eu na sala de aula, quer na pista de corridas.
Entendi melhor o Primeiro Mandamento quando comecei a honrar e adorar a Deus como Espírito e a cultivar o progresso espiritual em todos os setores de minha vida. Eu devia constantemente purificar meus motivos de praticar esporte. Seguindo motivos corretos, manifestados no servir a Deus e na obediência aos Seus mandamentos, mantemos o equilíbrio de nossas atividades com relação à família, ao estudo, ao trabalho. Protegemo-nos da pressão social exercida pelos companheiros, pelos treinadores ou por ideais falsamente alimentados.
Em certa época, eu treinava demasiado. Fazia das condições físicas um ídolo. Com freqüência, corria diariamente mais de trinta quilômetros, além de fazer levantamento de peso. Essas atividades já fugiam ao equilíbrio, eram centradas no eu, constituíam um vício e me deixavam extenuado. Para quebrar recordes e ultrapassar metas, eu treinava muito. Parecia que estava correndo para o George e não para Deus. Mas o apóstolo Paulo escreveu: "Fazei tudo para a glória de Deus." 1 Cor. 10:31. Tudo precisava ser feito à maneira de Deus, com motivos altruístas.
Fui forçado a pôr meus treinos em perspectiva, colocando as coisas mais importantes em primeiro lugar. Filiei-me à organização universitária da Ciência Cristã no campus. Com isso, renovei a dedicação a Deus e ao que Ele sabe a meu respeito. Então meu caráter passou a desenvolver-se mais de acordo com os métodos divinos.
Um sinal dessa melhora no caráter foi o sentir maior apreço pelos que competiam comigo, o que me permitia incentivá-los, antes, durante e depois das corridas. Eu sentia com mais continuidade a presença do Amor divino.
À vista de Deus, o homem presta testemunho à glória do Amor divino, infinito, que está em todo lugar. O livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde, de autoria da Sra. Eddy, explica de que maneira percebemos essa verdade espiritual e por que o único caminho para o êxito é o do Amor: "O Amor nos inspira o caminho, iluminao, no-lo designa e nele nos guia. Motivos justos dão asas ao pensamento e força e liberdade à palavra e à ação." Ciência e Saúde, p. 454.
Depois de formado, houve um acontecimento da maior importância na minha vida. Fiz o Curso Primário de Ciência Cristã, o que ampliou minha compreensão de Deus e de Suas leis e possibilitou que eu a pusesse em prática nas minhas corridas, em casa com a família, no trabalho e na igreja. Por exemplo: aprendi novamente a correr com a mesma alegria de criança e com moderação. Entendi que não precisava tornar-me um "imortal do esporte" para sentir-me realizado, pois todo o bem espiritual já preenchia minha identidade imortal como idéia de Deus.
Em retrospecto, percebo que meus motivos tornaram-se mais puros, mais humildes, mais cheios de amor: minhas atividades esportivas passaram a espelhar idéias mais claras, maior poder espiritual e mais daquela glória que é de Deus, a Mente. A Sra. Eddy afirma: "A consciência imanente do poder da Mente realça a glória da Mente." Ibid., p. 209.
Em qualquer atividade, a meta principal é a semelhança de Deus, a pureza, a honestidade, a humildade, a abnegação. O progresso espiritual prova estarmos obedecendo aos mandamentos de Deus e dando, nas nossas atividades, a glória a Deus. E isso, por sua vez, torna possível usufruirmos com mais liberdade do prazer de participar. As qualidades divinas que manifestamos graças a essa abordagem espiritual, frutificam em todas as atividades que exercemos. Paulo escreveu: "O exercício físico para pouco é proveitoso, mas a piedade para tudo é proveitosa, porque tem a promessa da vida que agora é e da que há de ser." 1 Tim. 4:8.
A maior vantagem de aderirmos aos métodos e às exigências de Deus e de espiritualizarmos os motivos em todos os setores da nossa vida, é a de que isso nos leva à compreensão espiritual e à demonstração do Princípio divino, o Amor. Isso é que é estar na pista certa, pois dá a glória a Deus.
