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Qual é o proveito real?

Da edição de julho de 1990 dO Arauto da Ciência Cristã


Quando éramos meninos, a turma do bairro e eu aprendíamos juntos uma grande variedade de lições, nos diversos campos e quadras esportivas de beisebol, basquete e futebol. Algumas eram lições a respeito de vencer. Também havia lições dolorosas, toda vez que perdíamos de vista coisas mais importantes do que ganhar um jogo.

Uma dessas lições importantes ficou ligada a um garoto chamado Jack, que morava um pouco além de nós, na mesma rua. Jack tinha uns dois anos mais do que eu e se dispunha a ser o irmão mais velho de todos nós. Jack sofria de um grave defeito de nascença. O memorável é que aquela sua deficiência física parecia torná-lo mais forte, mais gentil e mais compreensivo para com o resto da turma. Jack tinha de esforçar-se muitíssimo mais do que nós, quando participava de jogos em que havia arremesso de bola. Nunca se queixava daquela deficiência, pelo menos não quando havia por perto alguma das crianças. Jack às vezes fazia um jogo tão bom, que nos esquecíamos daquela sua deficiência física. Mas quando perdia algum lance, gritávamos com ele tanto quanto com qualquer outro.

Pouco depois de haver conhecido a Ciência Cristã, lembro-me de ter lido esta frase no livro Ciência e Saúde de autoria da Sra. Eddy: "Que é o homem? É ele cérebro, coração, sangue, ossos etc., a estrutura material? Se o homem verdadeiro está no corpo material, então, ao lhe amputares um membro tiras uma parte do homem; o cirurgião destrói o homem, e os vermes o aniquilam. Mas a perda de um membro ou a lesão de um tecido é o que às vezes reaviva a energia do homem; e o infeliz aleijado talvez mostre mais nobreza de caráter do que o atleta escultural — ensinando-nos que a despeito de suas deficiências 'um homem é um homem apesar de tudo'." Ciência e Saúde, p. 172. Quando li a frase, naquela época, pensei em Jack e penso nele quando a leio agora. Com ele, aprendi muito acerca de ser homem.

Há ainda mais aspectos que se prendem a essa frase em Ciência e Saúde. Significa ela, acaso, que não temos outra escolha, a não ser aceitar lesões, deficiências e limitações físicas? Podemos julgar o progresso espiritual de alguém pela aparência do corpo, se este é ou não inteiro? Uma pessoa que adoece e outras pessoas não adoecem, significará que Deus de alguma forma a ama menos ou que há nela menos espiritualidade e inteireza? Essas são questões muito sérias. Talvez se possa até dizer que são questões sagradas. Pelo menos, creio que deveríamos tratá-los como tais e não lhes dar respostas apressadas.

Não que as questões, de per si, sejam sagradas. As conclusões a que podem nos levar é que as destacam. Impelem-nos a reexaminar a indagação: "O que é o homem?"

A resposta que dermos a essa pergunta relaciona-se com inúmeras outras questões profundas que estão sendo agora examinadas, questões sobre as quais as pessoas precisam decidir, como a engenharia genética, diagnósticos pré-natais que procuram testar o estado do bebê antes de nascer e tantas outras teses. Elas nos forçam a decidir, verdadeiramente, quanto amor temos uns pelos outros, quanto valor atribuímos ao homem e se realmente entendemos o que significa, para o homem, ser "a imagem e semelhança de Deus".

Não pretendemos resolver essas questões nas poucas centenas de palavras deste editorial. Mesmo que pessoalmente tenhamos resolvido as questões morais e espirituais contidas nesses temas, elas não foram resolvidas de todo, pelo mundo do qual ainda fazemos parte. E as decisões que os outros tomam, afetam comunidades, escolas, igrejas, afetam as localidades em que moramos. Não será, então, essencial que não ignoremos nem evitemos pensar nas coisas que sucedem na comunidade em que vivemos?

Da vida de Cristo Jesus, uma das lições que aprendemos é que ele era parte da comunidade onde vivia. Obviamente isso não significa que ele simplesmente se amoldasse às coisas que ocorriam, nem que se mantivesse distanciado das dificuldades que afligiam a vida das outras pessoas. Jesus compreendia a afeição divina que o Pai lhe tinha e essa compreensão impelia sua dedicação ao bem-estar dos outros.

Essa dedicação, talvez devamos descrevê-la como compromisso para com a sociedade, é algo que transparece nos ensinamentos da Ciência Cristã. E se a cura pela Ciência Cristã tem algum significado para o mundo em geral, necessariamente significa que os que empreendem o estudo dessa Ciência e a põem em prática, sentem-se profundamente impulsionados a investigar qual é a natureza verdadeira, espiritual, do homem e qual é o seu real valor.

As lições a aprender são muitas. As recordações de um só amigo que seja, um amigo como o Jack, por exemplo, lembram o quanto cada um de nós pode aprender de seu próximo. Enquanto acreditarmos que a pessoa é principalmente o que os sentidos materiais dizem que ela é, ficaremos limitados e nosso amor será limitado, deficiente devido a essa convicção.

Aprendi com Jack, e com minhas primeiras lições de Ciência Cristã, que a individualidade, nossa verdadeira natureza e nosso verdadeiro valor não se acham de fato resumidas nas condições materiais, nem sequer se encontram confinadas na matéria em si. O homem é filho de Deus. É isso que Cristo, a Verdade, nos mostra. Quando, graças ao ilimitado sentido espiritual que Deus outorga, compreendermos mais claramente o significado disso, abrir-se-ão em nós repositórios de compaixão, sabedoria, coragem, percepção espiritual. Talvez pensemos no que é "normal" de maneira inteiramente diferente, baseados em conhecimentos de índole espiritual. Uma coisa é certa: a solução para os assuntos que a vida e a tecnologia modernas nos propõem, só serão possíveis quando essas qualidades e percepções espirituais preponderarem em nossa vida.

Para os pensadores e pioneiros espirituais corajosos, os dias atuais exigem, mais do que nunca, o amor incondicional pela humanidade e a espiritualidade. A Ciência Cristã revela que, dessa humanidade e espiritualidade, podem brotar curas e experiências de renovação tais como as que constam do Novo Testamento.

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