Imaginem A Expressão de deslumbramento daquele menino de cinco anos, de olhos arregalados, segurando com cuidado a pequena bússola que seu pai tinha trazido para ele ver.
O que mais impressionou o menino não foi o fato de que a agulha apontava sempre na mesma direção, não importava para que lado virasse a caixinha. O que o encantou foi descobrir que era alguma coisa fora da bússola que atuava sobre a agulha, algo que estava no espaço, “o espaço que sempre fora considerado vazio”.
Desse relato sobre o jovem Albert Einstein e seu primeiro encontro com o efeito do Pólo Norte, temos um vislumbre dos primeiros anos de vida de um grande descobridor, alguém que olhava para uma bússola comum, até mesmo para o tempo e o espaço, e descobria coisas extraordinárias. Ver Ronald W. Clark, Einstein: The Life and Times (New York: Avon Books, 1984), pp. 28–29.
Não faz muito, depois de assistir ao noticiário e a alguns programas de entrevistas na televisão, ocorreu-me que temos necessidade urgente de novas descobertas extraordinárias, descobertas espirituais. Ao pensar sobre os problemas que afligem o mundo há cinco, dez ou vinte anos, por mais difíceis ou complexos que pareçam, não me lembro de jamais os ter considerado insolúveis. No entanto, nesse dia, pela primeira vez, comecei a sentir que as coisas tinham mudado. De um noticiário a outro, de uma entrevista a outra, a mensagem terrificante era de pura desesperança. Os problemas haviam se tornado grandes demais. Orar nunca me pareceu tão apropriado como naquela noite.
Com a oração, muitas pessoas triunfaram sobre problemas “insolúveis” e sobre problemas comuns, vislumbrando coisas extraordinárias de Deus e de Sua criação. No entanto, aquela que sempre foi considerada a criação de Deus parece tão perdida: vulnerável, discordante, separada de Deus. “A terra está de todo quebrantada”. Isaías 24:19. Assim começa um versículo da Bíblia, como se fosse a manchete de um jornal de hoje. Se as coisas estão desse jeito, com relatos tão perturbadores, que vão desde instituições em falência moral até a deterioração do meio ambiente, será que adianta orar?
Adianta, sim. O objetivo da oração de cada um, como Jesus nos ensinou, não é o de reorganizar ou preservar sistemas materialistas em decadência. Quando oramos, não estamos em busca de um tipo de oficina de consertos. Oramos, isso sim, para discernir, pelo menos em parte, a natureza espiritual e verdadeira da criação e das leis de Deus, o Princípio divino, que fundamenta e mantém toda a harmonia. A Descobridora da Ciência Cristã, Mary Baker Eddy, diz em seu livro Ciência e Saúde: “A Ciência revela a possibilidade de se conseguir todo o bem, e põe os mortais a trabalhar para descobrir o que Deus já fez; mas a falta de confiança em nossa habilidade de conseguir o bem desejado e produzir resultados melhores e mais elevados, muitas vezes impede que experimentemos nossas asas, e desde o início torna certo o fracasso.” Ciência e Saúde, p. 260.
Muitas vezes, quando oramos, o medo ao fracasso tenta nos abalar, mesmo antes de começarmos. Esse desânimo é magnetismo animal, é a fraude do pensamento mortal materialista, que se opõe ao pensamento espiritualizado.
Desde o início, a mente mortal tenta soterrar todo tipo de esperança que desponta e todo esforço nobre, repetindo insistentemente que não há nada a ser feito, que não há solução. É lógico que a presunção de que uma mente material e mortal determine nossa capacidade de discernir e compreender melhor a criação de Deus e Seu governo perfeito é, por si só, um erro fundamental, um começo sem esperanças.
A perspectiva se ilumina quando nosso ponto de partida para a oração muda de base: quando vamos em busca da verdadeira natureza do homem, tratando de compreender corretamente seu Criador. Embora a mente mortal consiga, quando muito, imaginar apenas que o homem é espiritual, que é a imagem de Deus, nosso sentido espiritual não dá testemunho de coisa alguma que não seja Sua semelhança.
A semelhança de Deus não está separada dEle, não está abandonada e sozinha para lutar com o mundo material. Esse conceito falho sobre o relacionamento do homem com Deus, essa concepção de que Deus exista e atue num universo separado de Seus filhos, coloca o tempo e o espaço entre o homem e a Mente divina, que é a fonte da inteligência do homem. A suposição desanimadora e errônea, de que estamos distantes da direção clara e do governo infalível de nosso Criador, deve ser reconsiderada sob uma perspectiva mais espiritual e mais científica.
A oração cientificamente cristã anula os argumentos desanimadores da mente mortal e capacita-nos a perceber melhor a estabilidade e a bondade da Mente divina, a estabilidade e a bondade inerentes ao universo de Deus, que inclui o homem e que não é algo externo a ele. Como idéia espiritual da Mente, o homem não pode estar fora da consciência de Deus ou de Sua proteção. A oração pode restaurar o maravilhoso senso de proximidade com nosso Pai-Mãe, a consciência de estarmos sendo amparados e totalmente protegidos a cada passo. Isso não quer dizer que, na experiência humana, não continuem a aparecer problemas sérios que exijam nossa atenção e que, ocasionalmente, pareçam atingir proporções difíceis de controlar. No entanto, nesses momentos de dificuldade não deveríamos perder de vista a união do homem com Deus e com a natureza espiritual e o governo inteligente de Sua criação. Fortalecidos por essa compreensão, não ficaremos abatidos com situações difíceis, na sensação de que devemos abandonar as esperanças e nos preparar para a derrota.
Quando a mente mortal martela sobre os argumentos de que não temos os recursos para desfazer o que parece ter sido feito, devemos voltar-nos para a oração que brota do fundo do coração. Essa oração silencia tais sugestões e faz com que nosso pensamento se volte para a calma segurança e poder do Cristo, a mensagem divina para o homem sobre “o que Deus já fez”. Aquilo que Ele já fez e que pode ser descoberto espiritualmente, foi certa vez descrito na Bíblia como “novo céu e nova terra” Apoc. 21:1., livres de todo pesar, dor e morte. Ao vislumbrarmos essa realidade, descobrimos que o ser do homem, nossa própria identidade, é totalmente espiritual e está intacto.
A compreensão de que o universo de Deus é inalterável e imperturbado, e inclui o homem, estabelece a base espiritual para a esperança e dá-nos a razão para enfrentar a desesperança como ilegítima e infundada. À medida que continuamos a orar e a ouvir mais mensagens de Deus, mesmo em meio ao desespero, as soluções de que precisamos começam a aparecer.
Deverá chegar o dia em que o conceito mortal e material do ser será reconhecido como falso. A transição, porém, desse falso senso de existência para a percepção da verdade do ser, não é opressiva e não deve nos desencorajar. Pelo contrário, é repleta de esperança e realização.
A oração é extraordinária. Ainda que nossas orações pareçam nos conduzir demasiadamente devagar na direção certa, o fato é que estamos fazendo essa transição sempre que nos volvemos à oração com honestidade. Por sua vez, nosso Pai-Mãe toma conta de nós, proporcionando-nos as soluções necessárias, a cada passo do caminho.
