Quem, Ao Ver as cenas de violência recentemente ocorridas em algumas cidades, não se sente profundamente perturbado? É possível que muitas pessoas sintam o desejo de ajudar a resolver os prementes problemas urbanos, mas talvez não morem nas comunidades atingidas. Ou talvez pensem que uma pessoa só não pode fazer muita diferença, de qualquer forma. Por isso, embora com apreensão, deixam o problema de lado e ficam na esperança de que as coisas melhorem.
No entanto, há algo que cada um de nós pode fazer para ajudar. Não importa quão complexos ou desesperadores possam parecer os problemas enfrentados pela humanidade, eles podem ser solucionados. Encontrar soluções é uma tarefa que começa com cada um de nós. O amor crístico, abnegado, é o remédio. A Ciência Cristã, com a ênfase que põe nos ensinamentos de Cristo Jesus, mostra que o amor irresistível do Cristo, que expressa o poder de Deus, o Amor divino, é aquilo de que a humanidade necessita hoje em dia.
Toda vez que algum de nós harmoniza uma situação de discórdia ou realmente perdoa uma injustiça; toda vez que amamos em face do ódio; toda vez que compreendemos que o verdadeiro ser do homem é realmente o reflexo espiritual de Deus e não uma vítima nem um mortal pecaminoso, estamos fazendo uma contribuição importante para apagar o estopim da violência no mundo em geral. Por que? Porque os problemas da humanidade são o acúmulo dos problemas e desentendimentos individuais não resolvidos.
A capacidade de expressar bondade, compaixão e perdão não é privilégio de alguns poucos eleitos. É natural a todos nós, já que o ser real de cada um é o reflexo do Amor divino inexaurível.
Qualquer que seja nossa ocupação, a verdadeira razão de nossa existência é a de dar testemunho de nosso amoroso Pai, Deus; expressar para com o próximo, quer more pegado à nossa casa, quer viva em outro país, o amor que Deus está derramando incondicionalmente sobre todos os Seus filhos. Naturalmente é um desafio amar as pessoas quando elas agem com egoísmo, irresponsabilidade ou mesmo com ódio. Mas amar os outros não é apenas para quando é fácil ou estamos com vontade. Jesus pediu a seus discípulos que expressassem a natureza divina todos os dias. Disselhes: “Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.” Mateus 5:9. Temos o direito divino de sentir paz; mas ao mesmo tempo temos o dever de contribuir para implantar a paz. Podemos fazer ambas as coisas quando oramos para substituir o quandro de um homem sensual, que erra, pelo homem espiritual e perfeito que Cristo Jesus demonstrou com sua obra de cura.
“Não há dúvida de que um maior sentimento cristão de amor e de paz seria de grande ajuda no mundo, neste momento”, talvez alguém possa dizer. “Mas será que uma pessoa pode realmente fazer alguma diferença?” Sem dúvida. O seguinte versículo bíblico, do livro de Tiago, nos assegura: “Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo.” Tiago 5:16.
Uma pequena experiência pela qual passei há alguns meses é prova disso. Havia ido a uma loja de consertos para buscar um aparelho doméstico e logo que entrei, senti que havia algum problema. O dono estava completamente bêbado e, além de xingar seus ajudantes, estava jogando a mercadoria à sua volta. A situação piorou quando ele descobriu que o aparelho a ser consertado nem havia sido tocado. Inicialmente prontifiquei-me a voltar outro dia, pois queria sair de lá o mais depressa possível. Mas o dono da loja ficou mais agressivo e insistiu para que eu esperasse até que ele tivesse consertado o aparelho. Para minha consternação, seus dois auxiliares tiveram de sair, pois terminara o horário de expediente. Uma senhora, ao sair com relutância para tomar a condução para casa, virou-se para mim e ficou olhando como se quisesse dizer: “Gostaria de não ter de deixá-la sozinha com esse homem.” Posso afirmar, no entanto, que eu não estava preocupada com minha própria segurança, mas sentia-me confiante de que Deus estava presente conosco.
A Sra. Eddy escreve em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “O testemunho dos sentidos materiais não é absoluto nem divino. Por isso, eu me firmo, sem reservas, nos ensinamentos de Jesus, nos de seus apóstolos, nos dos profetas e no testemunho da Ciência da Mente. Outros fundamentos, não há.” Ciência e Saúde, p. 269.
Havia estudado essa declaração com cuidado naquela manhã e acredito que foi ela que me ajudou a resolver o que poderia ter sido uma situação desagradável. Enquanto o homem começava o conserto, sentei-me num canto e comecei a orar sinceramente para ver além daquilo que os sentidos materiais estavam afirmando sobre ele, para ver sua verdadeira natureza. A atmosfera da loja começou a mudar. Em menos de meia hora o homem começou a falar de suas preocupações financeiras. Os negócios iam muito mal, ele não sabia quanto tempo ainda poderia manter a loja e assim por diante. Essas confidências fizeram aflorar em mim um sentimento de compaixão e quando o trabalho ficou pronto, a situação havia mudado de tal forma que ele insistiu em levar o aparelho até o carro. “Posso carregá-lo com facilidade”, assegurei-lhe, mas não quis me ouvir. Através da oração sincera, a raiva e a grosseria haviam se transformado em cavalheirismo e boa vontade!
A Bíblia nos indica o caminho seguro para alcançar a harmonia em todos os nossos relacionamentos. Logo no primeiro capítulo, revela-nos o fato de que Deus criou o homem à Sua própria imagem e de que Ele declarou que toda a criação era muito boa. Não há melhor ponto de partida para se colocar o relacionamento em base segura.
Quaisquer que sejam as causas dos desentendimentos e das brigas na sociedade, o antídoto consiste em obedecermos ao parâmetro divino indicado pelo Mestre, que insistiu na necessidade de nos amarmos uns aos outros. “Um belo ideal”, talvez alguém esteja pensando. “Mas não estou certo de que eu realmente possa fazer isso. Não sou bom em lidar com a raiva e o desrespeito dos outros. As pessoas às vezes são tão irritantes!”
A Sra. Eddy escreve em Ciência e Saúde: “Quando nos compenetramos de que há uma Mente só, a lei divina de amar o próximo como a nós mesmos se desenvolve; ao passo que a crença em muitas mentes governantes impede o pendor normal do homem para a Mente única, o Deus único, e conduz o pensamento humano para caminhos opostos, onde reina o egoísmo.” Ibid., p. 205.
Podemos fazer muito para ajudar a promover a cura no mundo, por compreendermos que realmente há apenas uma Mente, refletida pelo homem, e que os traços de caráter que causam conflitos e violência não fazem parte do genuíno eu do homem, criado por Deus. Deus é inteiramente bom e criou a todos. A consciência de que mesmo a pior conduta e hostilidade não fazem parte do homem de Deus permite-nos ver para além das aparências. Isso nos dá o poder de termos uma visão crística do homem, como nosso Guia tinha. Essa visão traz serenidade aos sentimentos inflamados.
A Bíblia nos aconselha: “Sede todos de igual ânimo, compadecidos, fraternalmente amigos, misericordiosos, humildes”. 1 Pedro 3:8. Ao fazer isso, estamos colaborando de maneira concreta para a cura do ódio e da infelicidade. Reservar tempo para orar diariamente a partir do ponto de vista de que há apenas uma Mente e viver o amor oriundo dessa Mente única, do Amor divino, faz com que o poder sanador de Deus tenha efeito sobre o medo e a raiva em nosso próprio meio. Através dessa atitude crística, contribuímos eficazmente para a harmonia e o progresso do mundo.
