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Lágrimas, afeição e a prática da Ciência Cristã

Da edição de fevereiro de 1994 dO Arauto da Ciência Cristã


Ela Era Conhecida na cidade como pecadora. Simão, o altivo fariseu que tinha convidado Jesus para um banquete, ficou chocado por ter o Mestre permitido que a mulher se aproximasse enquanto ele comia, para lavar-lhe os pés com suas lágrimas, secá-los com seus longos cabelos, beijá-los e a seguir com carinho perfumá-los com um ungüento dispendioso. Um homem que deixava uma mulher de tal reputação tocá-lo, não podia ser um bom profeta, pensou Simão. Ver Lucas 7:36-50.

Entretanto, Simão não sabia o que tinha acontecido à mulher, o que havia mudado. Ninguém sabia, a não ser o Mestre. Somente ele tinha conhecimento do que se passava no coração dessa mulher. Estava se sentindo desgostosa por seus erros passados? Seu visível arrependimento não indicava porventura o quanto ela desejava começar uma vida inteiramente nova? O grande amor que nutria por Jesus talvez fosse algo que ela nunca sentira antes, uma afeição que tem por base o Amor divino.

Em seguida, Jesus provou que, sem dúvida, era profeta, independentemente do que Simão pensava. Contou uma história que respondia aos pensamentos ocultos do fariseu. Ele contou sobre dois devedores que deviam dinheiro ao mesmo credor. Um deles devia uma quantia relativamente pequena; o outro devia dez vezes mais. Não tendo nenhum dos dois com que pagar, o credor “perdoou-lhes a ambos”, isto é, cancelou ambas as dívidas.

A mulher banhada em lágrimas, explicou Jesus, era como aquele devedor a quem havia sido perdoado mais. Sua gratidão e devoção eram ilimitadas. Portanto, disse o Mestre: “Perdoados lhe são os seus muitos pecados, porque ela muito amou”.

Simão, por sua vez, era como aquele a quem tinha sido perdoado pouco, não dando muito valor à generosidade de seu credor. “Mas aquele a quem pouco se perdoa”, explicou Jesus, “pouco ama.”

A Sra. Eddy achava profundamente inspiradora a história dessa mulher bíblica, tradicionalmente chamada Maria Madalena. Aliás, nossa Líder dedicou as seis primeiras páginas do capítulo intitulado “A Prática da Ciência Cristã”, em Ciência e Saúde, ao exame desse acontecimento específico na carreira de Jesus, ponderando a qualidade especial do pensamento daquela mulher.

Qual a conexão entre essa “mulher ... pecadora” e a prática da Ciência Cristã? Talvez essa mulher banhada em lágrimas tivesse exatamente as qualidades de pensamento necessárias para alcançar a cura espiritual: o desejo ardente de ser regenerada, humildade abnegada e amor irreprimível pelo Cristo, a Verdade. Essas qualidades são também essenciais para quem quiser curar outros de maneira cristã. Tudo o que a mulher expressava revelava uma pura, aquela fé que é tão receptiva ao poder regenerador de Deus, que é capaz de reconstruir vidas, corações e corpos destroçados. Afinal de contas, foi sua fé que permitiu à Madalena reconstruir sua própria vida. Como lhe disse o Mestre: “A tua fé te salvou; vai-te em paz.”

Expondo o vívido contraste entre a presunção do fariseu e a contrita humildade da mulher, a Sra. Eddy explica que os Cientistas Cristãos que desejam ajudar e curar outras pessoas devem procurar a Verdade da maneira como a mulher pecadora fez. Primeiramente têm de redimir a si mesmos, libertando-se dos tentáculos do pecado e do egocentrismo, que obstruem o fluxo natural das idéias de vida provenientes de Deus para cada um de Seus filhos. Essas idéias são realmente vislumbres da realidade espiritual, a verdade curativa aplicável a qualquer situação humana. São visões da beleza e da inteira perfeição da criação espiritual de Deus. Elas têm o poder imediato de regenerar nossa maneira de ver uma situação menos do que perfeita e melhorar a própria situação, ajustando-a à bondade e à perfeição do universo espiritual de Deus.

A mera força de vontade não basta, por certo, para manter nossos pensamentos suficientemente claros e límpidos a fim de receber as idéias curativas de Deus. É preciso amor, aquela devoção sem acanhamento que a mulher pecadora sentia pelo Cristo, para repelir a tentação de ser sensual, autoritário, ávido e desonesto. Cada esforço que fazemos para resistir a essas tendências e para pôr o bem-estar dos outros à frente de nossos próprios interesses e desejos pessoais, tem sua compensação na autoridade espiritual que nos permite libertar nossos pacientes dessas mesmas tendências.

Talvez mais do que qualquer outra coisa, a mulher que lavou os pés de Jesus representasse para a Sra. Eddy a pura afeição cristã. De sua própria prática da Ciência Cristã, ela sabia que o amor é o primeiro requisito para alguém que deseja curar espiritualmente. Sem a nossa pura expressão do Amor divino, a cura e a reforma vêm lentamente, podendo mesmo não ocorrer. Com o Amor, porém, todo o bem é não só possível, mas inevitável e muitas vezes imediato. Ela escreve em seu comentário sobre a mulher pecadora: “Se o Cientista alcançar seu paciente pelo Amor divino, a obra da cura se realizará numa só visita, e a moléstia se desvanecerá, voltando ao seu nada inicial, como o orvalho sob o sol da manhã.” Ciência e Saúde, p. 365.

Uma amiga minha tornou-se praticista da Ciência Cristã ainda muito jovem e com pouca experiência anterior no trabalho de cura cristã. Queria, mais do que qualquer outra coisa, poder ajudar outras pessoas a se libertar de toda espécie de sofrimento e a descobrir o quanto o Pai-Mãe Deus as amava. Mas, quando pensou a respeito das responsabilidades inerentes aos requisitos do ofício cristão de cura espiritual, sentiu-se a princípio despreparada.

Contudo, a despeito disso, descobriu que com a ajuda bondosa de Deus, conseguia ajudar muitas pessoas que lhe pediam tratamento pela Ciência Cristã. Ela foi então aceita para se anunciar nesta revista como praticista, ou seja, uma pessoa que se dedica em tempo integral a orar pelos outros.

Pouco tempo depois, uma mulher escolheu seu nome no The Christian Science Journal e marcou uma visita ao seu escritório. Disse-lhe que estava sofrendo de várias enfermidades havia vários anos, especialmente tonturas. Mas quando entrou no escritório, sentiu-se em dúvida. Não esperava que a praticista fosse tão jovem.

Ao conversarem, a mulher enfatizou que suas dificuldades eram extremamente graves e que tinham resistido persistentemente à cura. A praticista novata tentou convencer a mulher de que nenhuma doença, nenhuma condição, podia desafiar o poder total de Deus. A mulher ouviu educadamente mas, por fim, disse que necessitava de uma praticista com mais experiência, e foi-se embora.

Na tentativa de compreender urgentemente onde ela havia errado, minha amiga voltou-se para o capítulo da Sra. Eddy, “A Prática da Ciência Cristã”. Ao ler sobre a mulher que chorou aos pés de Jesus, pensou: “Sinto-me exatamente como aquela pobre mulher se sentia a respeito de seu passado, isto é, um fracasso total!” Porém, continuando a ler, compreendeu pela primeira vez o quanto a Sra. Eddy valorizava o potencial espiritual daquela mulher, sua contrição, humildade e absoluto empenho em seguir o Cristo. Subitamente, minha amiga entendeu que a função do sanador espiritual não é uma questão de idade, intelecto, brilhantismo ou magnetismo pessoal. É uma questão de adorar o Cristo, a manifestação tangível do Amor divino, a tal ponto de se dispor a fazer qualquer coisa para estar perto do Cristo, para ser mais semelhante ao Cristo.

Minha amiga compreendeu, então, que a prática bem sucedida da Ciência Cristã não era um objetivo inatingível nem para ela nem para qualquer outra pessoa. Ela sabia que podia aprender pelo menos a se arrepender e a ser humilde como a mulher do relato bíblico, e a dar valor a toda evidência do Cristo, como aquela mulher tinha feito. Ao pensar em tudo isso, seu coração elevou-se numa nova esperança de que o Cristo redimiria a ela, assim como redimira a Madalena e a tornaria uma praticista mais capaz.

O que aconteceu dois dias depois deixou-a surpresa. A mulher que tinha ido embora de seu escritório telefonou-lhe para dizer que o dia seguinte ao encontro com ela tinha sido o primeiro em que se sentira bem, em anos. Pediu-lhe que orasse por ela, para compreender que a paz que tinha sentido naquele dia podia durar para sempre.

De certa maneira, tanto a paciente quanto minha amiga sentiram que tinham dado um novo impulso à própria vida, que tinham sido redimidas de velhas maneiras de pensar que lhes haviam imposto limitações durante anos.

Realmente, cada cura na prática da Ciência Cristã traz esse mesmo tipo de redenção, tanto para o praticista quanto para o paciente. Cada cura significa “beijar os pés” do Cristo e ser redimido da noção de que um Pai-Mãe Deus perfeito possa criar um filho imperfeito. Nesse sentido, cada cura espiritual inclui algumas lágrimas de arrependimento, muito amor e um novo começo.

Vós sois a luz do mundo.
Não se pode esconder a cidade
edificada sobre um monte;
assim brilhe também a vossa luz
diante dos homens, para que vejam
as vossas boas obras e glorifiquem
a vosso Pai que está nos céus.

Mateus 5:14, 16

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