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A igreja e a formação do caráter

Da edição de março de 1994 dO Arauto da Ciência Cristã


A Quem Cabe a responsabilidade de educar as pessoas para que estas se tornem membros compassivos, honestos e moralmente corajosos da sociedade? Essa sempre foi a função dos pais. Conquanto instituições educacionais e comerciais estejam ponderando, hoje em dia, qual seria seu papel em formar o caráter das pessoas, as igrejas e sinagogas já estão envolvidas nesse trabalho há muito tempo.

Ser membro de uma filial da Igreja de Cristo, Cientista, e nela servir, oferece inúmeras oportunidades para pôr em prática o altruísmo, a humildade, a integridade e a paciência. É inevitável que essas e outras qualidades morais acompanhem o crescimento espiritual, que é o propósito básico da igreja. A igreja defende e promove a moralidade, nem sempre como um meio de espiritualizar nosso pensamento e nossa vida, mas principalmente como resultado dessa espiritualização. A igreja não é formada por seres humanos perfeitos, mas sim, atrai e envolve aqueles que estão dispostos a se esforçar, a cada dia, para entender que a vida é espiritual, não material, e a se comportar de acordo com o alto padrão moral do cristianismo autêntico.

As dificuldades com que nos deparamos nesse esforço são menores do que parecem à primeira vista. Lembro-me de que, quando adolescente e tendo me tornado membro de uma igreja filial havia pouco tempo, tinha mais paciência e boa vontade para com estranhos do que com um membro da igreja que parecesse ser hipócrita! Hoje, após várias décadas de filiação ativa, vejo que foi na igreja que tive os maiores desentendimentos de minha vida, as lutas pessoais mais intensas e as maiores decepções (comigo mesma e com outros). No entanto, sinto-me cada vez mais grata pelo impulso que o trabalho na igreja me deu para que eu amadurecesse e não deixasse que essas situações me aborrecessem ou desgastassem. A seguinte declaração da Sra. Eddy ajuda a explicar o valor que as atividades da igreja têm para mim: “Um pouco mais de graça, um motivo purificado, algumas verdades contadas com ternura, um coração suavizado, um caráter subjugado, uma vida consagrada, restaurariam a ação correta do mecanismo mental e manifestariam o movimento do corpo e da alma de acordo com Deus.” Miscellaneous Writings, p. 354.

E o que é caráter? A palavra é de origem grega e tem a conotação de “qualidade inerente”. Na Ciência Cristã, moldar o caráter requer aprendizado espiritual, voltado para a natureza imortal real do homem, e orientação que nos habilita a viver segundo essa qualidade inerente. De certo modo, tudo, na Igreja de Cristo, Cientista, visa a moldar o caráter, a despertar o pensamento para a verdade da existência espiritual. Esse propósito está no âmago de todos os cultos da igreja e dos periódicos religiosos que nossa Igreja publica. E seus membros têm um “laboratório” onde podem praticar o que escutaram e leram: sua vida diária, além das comissões, assembléias e cultos, onde encontram o desafio prático de aprenderem a trabalhar em conjunto. Quando, por meio de oração inspirada e cristianismo prático, vencem os desafios, o resultado inevitável é uma melhor formação de caráter.

Num sentido absoluto, o caráter do homem nunca tem de mudar: é sempre espiritual, harmonioso e perfeito. O que, do ponto de vista humano, parece transformação ou reforma de caráter é, na verdade, uma mudança em nosso conceito de homem, um conceito mais espiritual de nossa identidade. Os ensinamentos da Ciência Cristã, baseados na visão espiritual do homem e do universo, elevam a consciência e nos levam a manifestar nossas qualidades morais. O pensamento espiritualizado, na verdade, é um importante ponto de partida para a moralidade. Por isso, o motivo para um Cientista Cristão ser moral não é meramente tentar regular ou ordenar a experiência humana, tornar a vida agradável, mas está mais relacionado com o resultado natural de se compreender e demonstrar a identidade espiritual do homem. A Sra. Eddy escreve: “Viver de modo a manter a consciência humana em constante relação com o divino, o espiritual e eterno é individualizar o poder infinito; e isso é Ciência Cristã.” The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 160.

O que dá maior estabilidade a uma vida autenticamente moral não são meras boas ações, mas a consciência que reconhece a total inseparabilidade entre Deus, o Princípio divino, e o homem. O Mestre, Cristo Jesus, declarou: “O Filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai”. João 5:19. A moralidade, quando autêntica, sempre aponta para Deus. A essência da imoralidade, por outro lado, é a noção errônea de que a vida seja independente de Deus e de Suas exigências. Até mesmo o trabalho de igreja, quando feito nessa base, deixa muito a desejar, pois não tem o poder e o progresso espirituais que curam e transformam. A Sra. Eddy escreve: “Tudo o que mantém o pensamento humano em linha com o amor abnegado, recebe diretamente o poder divino.” Ciência e Saúde, p. 192. Quando as boas ações são manifestação da realidade espiritual, representam a Igreja, constituindo canais para a redenção da humanidade, despertando os homens e as mulheres para que vejam que sua origem e existência estão em Deus. Isso dá esperança e coragem, mesmo sob as mais difíceis circunstâncias humanas.

A consciência individual é, às vezes, um campo de batalha, em que as tentações do mal ou da mente carnal, disfarçadas de prazer ou orgulho, por exemplo, lutam contra as exigências de Deus que censuram tais tentações. Uma forma de mentalidade carnal pretende tornar vagas as qualidades morais, confundir e turvar as questões morais e tornar tedioso e pouco prático o levar uma vida moral. Como os membros da igreja devem estar alerta para esses argumentos, podem às vezes ficar insensíveis e enganados por uma falsa complacência que diz: “Questões morais? Já resolvemos tudo isso!” Conquanto as formas possam variar, o objetivo é o mesmo: evitar que nos aferremos à linha moral vital que nos leva a Deus e fortalece nossos esforços honestos para corrigir conceitos errôneos acerca de Deus e de nós mesmos.

Para viver de modo moral, as pessoas são grandemente ajudadas pelo apoio de uma comunidade que, através de seus esforços, exemplos e encorajamento, também está procurando seguir Cristo Jesus na vida diária e está passando pela mesma transição da matéria para o Espírito.

A igreja é uma comunidade desse tipo e sua função como formadora de caráter é descrita da seguinte maneira em Hebreus: “Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel. Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações, e tanto mais quanto vedes que o dia se aproxima.” Hebreus 10:23–25.

A igreja é onde nos congregamos para orar e curar-nos uns aos outros das feridas recebidas na luta cristã com o mundo. É na igreja que contamos nossas histórias de esperança e de vitória, mas é lá também que aprendemos a cooperar e a ser constantes no exercício de qualidades morais, tanto entre os membros como também com as pessoas de fora, tanto nas grandes questões, como nas pequenas, até na escolha da cor das cortinas! As controvérsias entre membros, que se transformam em divisões e amargura, dão evidência da mente carnal, que pretende inverter e solapar a moralidade, sufocando virtudes como o afeto, a compaixão e a esperança. A separação provém da mesma influência impessoal e falsa que engoda os indivíduos e os prende ao vício de drogas, à luxúria e à criminalidade, mas como sua atração inicial é mais sutil, sua natureza verdadeira fica escondida. A honestidade e a humildade a desmascaram e a destroem.

Quando um membro mais experiente fazia algo que me decepcionava ou algo insensato, ou mesmo imoral, isso costumava me perturbar muito, pois parece difícil perdoar uma falta séria. Em tais casos, podemos pensar: “Se alguém com tamanha experiência pode se conduzir sem moralidade, que me resta de esperança?” Ora, há grande consolo no fato de que só há um homem, o homem que Deus criou, amado, puro, espiritual e perfeito.

Esse homem espiritual, e nenhum outro, constitui a identidade de cada um, seja um novato em metafísica ou um veterano. A igreja abraça os indivíduos, sendo que todos estão participando na formação de caráter, pelo despertar para sua identidade espiritual. Confiemos na orientação de Deus para aprendermos as lições de que precisamos, do modo que mais abençoará a nós, bem como à igreja.

O sucesso dos outros membros da igreja deve animar-nos, mas suas falhas não precisam nos decepcionar ou intimidar. Essas falhas nos ensinam lições também e nos dão oportunidade de praticar a compaixão e o amor que desejamos receber em meio a nossas lutas. Desse modo nos ajudamos mutuamente, para transformar problemas em vitórias.

Em nossa vida diária, o que mais importa não é o trabalho a ser feito. Não estamos primariamente planejando uma conferência, pintando a Sala de Leitura ou dando aula na Escola Dominical. Essas atividades são de fato veículos para as questões maiores de discipulado cristão, cura e regeneração, baseadas numa identificação espiritual e correta do homem, com o conseqüente despertar do pensamento para reconhecer a onipotência e a onipresença do bem. Essa é a verdadeira formação do caráter e, na proporção em que transforma a percepção e a experiência de cada membro da igreja, também ajudará a elevar nossas igrejas filiais e toda a humanidade.

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