Cristo Jesus Revelou uma verdade espiritual maravilhosa, tão estranha aos ouvidos mortais, que para alguns soou como blasfêmia. Uma verdade que redefiniu praticamente tudo e que tinha um alcance tal que revolucionou o conceito da humanidade sobre Deus e o homem. Que verdade era essa? Que Deus é muito mais do que um deus tribal, um protetor e um guia; Ele é nosso próprio Pai! Cristo Jesus, que nos mostrou o Caminho, ensinou que devemos orar a Deus como nosso Pai e que nós somos Seus filhos amados.
No entanto, o Mestre cristão deu a entender que o mundo não estava pronto para a completa revelação da Verdade. Disse ele: “Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora”. João 16:12. O Consolador divino, como no-lo revela a Ciência Cristã nos dias de hoje, completa a compreensão sobre a natureza de Deus, não apenas como nosso Pai, mas também como nossa amorosa e zelosa Mãe. A idéia de Deus como Mãe e Pai nos toca o coração e eleva nossa compreensão de Deus. Faz-nos compreendê-Lo como Princípio divino, Amor, e nos compele a aproximarmo-nos dEle.
À medida que aprendemos a compreender a Deus como Amor, achegando-nos a Ele, descobrimos que o Amor divino de fato governa nossa vida e nossa saúde, de forma prática e tangível. Com naturalidade, deixamos para trás uma série de conceitos terrenais acerca de Deus como um Pai ausente e abandonamos a idéia de que nossa natureza espiritual, como filhos de Deus, só pode ser vivenciada nalgum futuro distante. Sentimos a presença do amor de Deus, que cura, e expressamos mais e melhor nossa verdadeira natureza, agora mesmo.
Quanto mais nós vivemos de acordo com o verdadeiro relacionamento do homem com Deus, como filhos obedientes, como Sua imagem espiritual, tanto mais passamos a perceber a realidade tal como Deus a criou. Aumenta nossa percepção de que o homem mortal, aquilo que poderíamos chamar de versão adâmica do homem e da mulher, é ilusório, conforme Cristo Jesus ensinou e demonstrou.
Paulo tinha uma percepção muito clara do Cristo como sendo o antídoto do conceito adâmico de existência. Ele escreveu: “O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente. O último Adão, porém, é espírito vivificante”, e “Porque assim como em Adão todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo.” 1 Cor. 15:45, 22.
As obras de cura de Jesus, bem como sua própria ascensão acima de todas as fases da mortalidade, revelam o homem, aqui e agora, como a imagem e semelhança do próprio Espírito divino, que expressa o completo domínio outorgado por Deus. Jesus tornou evidente para os homens o fato de que Deus é o Pai que, com ternura, cuida de Seus filhos e o resultado é que esses filhos expressam inocência. E Jesus mostrou que nós podemos demonstrar esse fato.
Nosso propósito deve ser o de demonstrar de forma mais completa, para nós mesmos e para os demais, a família criada e governada pelo Amor divino. Provar, por meio da cura, que a vida material não passa do que poderíamos chamar de ignorância vivenciada da realidade divina.
O Pai onipotente dá a cada um de Seus filhos amor e sustento. Não é da vontade de Deus que nenhum de Seus filhos sofra, seja carente ou venha a perecer. Para os que são pais, uma maneira de pelo menos vislumbrar o quanto Deus ama Seus filhos, é o de pensar o quanto eles amam seus próprios filhos. Vocês já se detiveram a pensar sobre o que fariam por seus filhos, se lhes fosse possível fazer mais? Talvez procurassem proporcionar-lhes um ambiente ainda mais puro e mais cheio de amor! Que propósito bom! Que alegria poder fazer isso! Nada seria bom demais para seus filhos. Eis aí um pequeno vislumbre de como o Amor infinito, Deus, cuida de todos os Seus filhos.
Como pais, temos a solene responsabilidade de ensinar nossos filhos a expressar a sabedoria e o bom senso apropriados à sua própria proteção. No entanto, a verdade fundamental e divina é que a verdadeira criação espiritual de Deus não inclui nada que seja prejudicial. Deus, o único poder, nunca criou males ou perigos ocultos. Ele não poderia criá-los, pois Deus é completamente bom. Sua criação é a manifestação espiritual de Sua própria pureza e bondade. Sua evidência não pode Lhe ser dessemelhante.
Esse fato espiritual, reconhecido e vivido, dá proteção tangível aqui, agora, tal como aconteceu na história bíblica de Daniel na cova dos leões. (Ver Daniel 6:1–23.) O sofrimento e o perigo, inerentes a um conceito errôneo e material de Deus e do homem, podem ser erradicados à medida que espiritualizamos nosso pensamento e nos desfazemos do sentido material, com a ajuda do poder de Cristo. Cada um de nós é, de fato, agora mesmo, o filho amado de Deus. Ao nos desfazermos do conceito mundano e errôneo, que considera a nós e aos outros como filhos dos homens, podemos trazer à luz a herança divina do homem real. Podemos, pouco a pouco, passar a viver a vida como filhos de Deus.
É por meio do nosso próprio estudo e oração que começamos a compreender e a viver o que verdadeiramente somos. Passo a passo, constatamos e aceitamos que, como um reflexo no espelho é a imagem do original, assim o reflexo de Deus, o homem, é a imagem dEle e, portanto, não pode ter medo, ser ignorante ou pecar, pois Deus também não pode. A imagem e semelhança de Deus é incapaz de fazer alguma coisa que seja menos do que perfeita e santa. O dote que Deus proporciona a Seus filhos é Sua própria impecável natureza, Seu próprio domínio.
Deus não deu a Seus filhos uma vontade própria, egoísta, que pode conduzi-los ao erro, nem uma mente localizada num corpo material limitado, destinado a se deteriorar, nem tampouco lhe deu uma alma pessoal que necessite de salvação. Pelo contrário, Deus criou Seus filhos para manifestarem Sua própria substância eterna, ou seja, para viverem, cada um, de acordo com sua individualidade, a Vida que é o próprio Deus!
Cristo Jesus provou que estavam errados vários conceitos sobre seu Pai, conceitos que diziam ser Deus distante e vingativo, criador de um homem separado dEle mesmo, deixado à própria sorte para ser educado erroneamente num ambiente material e depois castigado pelos erros cometidos.
A oração que não se apóia numa compreensão de Deus, tende a ser limitada. Essa oração admite a falsa suposição de que o Pai permite ou causa dificuldades para Seus filhos, para que depois seja invocado a libertá-los. Mary Baker Eddy explica: “Não é nem a Ciência, nem a Verdade que age pela crença cega, como também não é a compreensão humana do divino Princípio curativo, tal como se manifestou em Jesus, cujas orações humildes eram profundos e conscienciosos protestos da Verdade — da semelhança do homem com Deus e da unidade do homem com a Verdade e o Amor.” Ciência e Saúde, p. 12.
Essa asserção mostra que obtemos segurança e certeza à maneira do Cristo e não de acordo com probabilidades humanas. Aquilo que é divinamente verdadeiro é sempre verdade, em toda e qualquer situação. A percepção desse fato tem um efeito inigualável na cura. Permitam-me que exemplifique.
Uma menina sofreu uma queda violenta e ficou com os dois dentes da frente muito abalados. Em pouco tempo os dentes começaram a pretejar. A possibilidade de uma criança ter os dentes feios ou até mesmo perdê-los, certamente não estava de acordo com a lei do irreprimível Amor divino, nosso Pai-Mãe Deus, que é a única causa verdadeira. A mãe da menina pediu a uma praticista da Ciência Cristã que a auxiliasse a discernir a certeza dessa verdade espiritual sobre o caso.
A praticista ponderou profundamente, em espírito de oração, a seguinte afirmação do livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde, de autoria da Sra. Eddy: “Assiste ao homem o direito moral de anular uma sentença injusta, sentença que jamais foi imposta pela autoridade divina.” Ibidem, p. 381. Ela compreendeu que “uma sentença injusta” ia muito além da perda de dentes sadios. Era toda a conseqüência do sonho adâmico que considerava a criança como um mortal suscetível, separado do cuidado perfeito e constante de Deus, seu Pai-Mãe; um sonho em que, em vez de ser uma idéia da Mente divina, refletindo a substância espiritual, indestrutível, do Criador, a criança era composta de matéria perecível, sujeita à colisão e ao impacto.
A praticista percebeu que essa era uma bofetada no nome e na honra de nosso Pai celestial. Tratou, então, de abrigar em seu pensamento um “profundo e consciencioso protesto da Verdade”, à maneira de Cristo. Não foi uma petição para que Deus corrigisse um erro que Ele nunca cometera, tampouco um apelo evocado pela fé cega. Tratava-se, isso sim, de uma percepção inquestionável, apoiada na oração, da Verdade divina onipresente. Essa compreensão baseava-se na experiência de inúmeras demonstrações anteriores de que o reconhecimento do poder da Verdade ajusta a evidência exterior e o resultado é a cura. Também nesse caso ocorreu a cura: os dentes ficaram novamente brancos e firmes e não apresentaram nenhum problema posterior. A mentira de que Deus é um Pai incapaz e negligente fora anulada pela certeza, em oração, da perfeição de Deus como nosso Pai-Mãe.
No caso de uma criança inocente, uma “sentença injusta” é obviamente injusta. O direito da criança de que um protesto espiritual seja feito em seu nome, e o dever dos pais de assim procederem, é inquestionável. O que dizer, no entanto, de uma situação que envolva um adulto, onde a penalidade em questão parece ser “justa” e “merecida”? Talvez esse adulto não esteja pensando e agindo de acordo com a lei divina. Um protesto em espírito de oração é adequado em tais casos?
As curas realizadas por Cristo Jesus nos mostram que sim. Ele curou os pecadores mais empedernidos, quando viu neles o desejo de parar de pecar. Ele nunca admitiu que o pecado e a doença fizessem parte dos filhos de Deus. Sabia, também, que tanto o pecado como a doença podem ser curados espiritualmente. Certa feita, quando percebeu que os escribas questionavam sua autoridade para perdoar pecados e curar seus efeitos, ele declarou: “Qual é mais fácil, dizer: Estão perdoados os teus pecados, ou dizer: Levanta-te, e anda?” Mateus 9:5. A seguir ele curou o homem. Como Deus não criou nem o pecado nem a doença, temos autoridade divina para curar a ambos.
Todos somos mais inocentes e dignos de ser curados do que imaginamos. É óbvio que não podemos reivindicar a isenção do sofrimento, que é inerente à nossa verdadeira identidade espiritual, se ao mesmo tempo nos deixamos levar pelo pecado. No entanto, compreender e assumir uma atitude firme a favor da verdade de que o Pai não criou Seu filho para ser desobediente, nem tampouco com a capacidade para pecar, cura tanto a pretensão do pecado como também sua suposta penalidade.
A sentença original e injusta a ser anulada é a falsa e maléfica asserção de que o homem foi rebaixado para o nível de um mortal suscetível ao pecado. O filho puro de Deus é Seu reflexo sempre-presente. O homem nunca mereceu ser chamado de mortal e, de acordo com o fato espiritual, ele nunca foi um mortal. Aquilo que tenta sugerir o contrário é uma suposição, que pode ser posta de lado mediante um apelo à justiça divina e o esforço honesto de expressarmos nossa verdadeira identidade. Se chegamos ao ponto de afirmar: “Pai celestial, fui acusado novamente de ser mortal”, é chegada a hora de nos apoiarmos na lei divina, que anula a sentença injusta.
O homem é a própria imagem de Deus, agora e para sempre. Nosso Pai-Mãe Deus está sempre a postos, mantendo a perfeição daquilo que Ele criou.
 
    
