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Como sair do atoleiro das dívidas

Da edição de março de 1994 dO Arauto da Ciência Cristã


A Visão Era tão tentadora! Aquela variedade imensa de vestidos e conjuntos nas vitrinas das lojas! Eles pareciam pedir para ser experimentados, comprados, exibidos com orgulho na próxima festa entre amigos. Naturalmente, havia os cartões de crédito, tão fáceis de usar. Era só entregar um deles à vendedora, assinar o impresso, e pronto! Ninguém jamais perguntava se ela estava em dia com os pagamentos do cartão (é claro que não estava!). Ninguém indagava se ela devia aluguéis atrasados do apartamento (devia sim, e como!) Ou se já havia terminado de pagar aquela compra a prestações feita meses antes (ainda faltavam muitos pagamentos). Assim, ela comprou mais um vestido de que não precisava realmente, e disse a si mesma que depois arranjaria uma maneira de pagá-lo.

Bem no fundo do coração, porém, ela sabia que daí a alguns dias iria querer comprar mais alguma coisa ... e mais outra, e outra, até que no fim do mês as contas chegariam pelo correio, mais altas do que nunca.

Aí ela iria fazer algum pagamento ali e outro acolá, nas contas mais urgentes, até terminar todo o salário. Depois disso, viveria de crédito, até para as refeições, para tudo, até receber o salário seguinte. Era um ciclo que ela já conhecia de cor.

De vez em quando, tinha umas conversas sérias consigo mesma e tomava a resolução de comprar somente o necessário. Mas a força de vontade e as boas intenções nunca pareciam durar mais do que um dia ou dois. Depois, lá estava ela passeando por aquelas lojas tentadoras, procurando novas “ofertas”, novas emoções.

Por fim, desesperada frente às enormes quantias que ela devia aos parentes, aos amigos, ao dono do apartamento e às empresas de cartões de crédito, compreendeu que precisava de uma força maior do que seus próprios recursos humanos, para romper aquele círculo vicioso de gastos, dívidas e mais gastos, em que ela estava metida. Sentiu a convicção de que somente Deus poderia libertá-la daquela mania de compras a crédito que a colocara nessa roda viva de pagamentos atrasados e desculpas esfarrapadas. Por isso, embora achasse não merecer muito a ajuda divina, ela começou a orar. Também pediu a uma praticista da Ciência Cristã que orasse com ela.

Bem, talvez o leitor esteja se perguntando como uma praticista, cuja única arma contra as dívidas é a oração, poderia ajudar essa mulher que, aliás, é uma amiga minha. Não seria melhor procurar um benfeitor rico que liquidasse todas as suas contas?

A praticista, entretanto, ajudou minha amiga. Ajudou-a a compreender que seus verdadeiros recursos iam muito além do saldo periclitante de sua conta bancária. Aliás, seus verdadeiros recursos nada tinham a ver com o fluxo de caixa, rendimentos ou qualquer outro fator material. Tinham tudo a ver com Deus, o Espírito divino, a fonte de todo o bem e de todas as coisas boas que ela pudesse querer ou precisar. Deus é o próprio bem e é Amor divino. Por isso, Ele naturalmente supre toda Sua criação de bondade e beleza. E supre em quantidades infinitas, porque Ele é a infinidade. Como diz o apóstolo Paulo, na Bíblia: “O meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades.” Filip. 4:19. Essa riqueza divina é sem fim, como o horizonte sobre o oceano, num dia claro.

Minha amiga, porém, ainda tinha certas dúvidas. Por exemplo, se os dons de Deus são completamente ilimitados, acaso isso significava que ela podia comprar tudo o que quisesse? E se Deus realmente supre todas as nossas necessidades, por que então ela estava sempre atolada em dívidas até o pescoço?

À medida que ela e a praticista oravam juntas a respeito dessas dúvidas, chegaram à seguinte conclusão: a confiança em Deus supre nossas necessidades, não nossas vontades e caprichos.

Minha amiga teve de admitir que muitas das coisas que havia comprado certamente não se classificavam como necessárias. Além disso, ela sabia que não estava realmente satisfeita com muitas de suas compras. Inúmeras vezes se cansava até das roupas mais bonitas logo depois de usá-las em duas ou três ocasiões. E por mais coisas que possuísse, sempre queria mais.

Então ela se fez a seguinte pergunta: “Se já sei de antemão que nenhuma compra vai me proporcionar satisfação duradoura, e se sei que gastar demais só vai me atolar ainda mais em dívidas, por que continuo a comprar compulsivamente coisas de que não preciso e que não posso pagar?”

A praticista ajudou-a a compreender que talvez fosse aquilo que a Bíblia chama de “carne”, mente carnal, que a tentava a gastar demais e a agir compulsivamente. Em realidade, porém, como reflexo de Deus, sua verdadeira natureza era controlada apenas pela única Mente divina, Deus. Essa Mente é completamente boa e nos leva a agir somente de forma correta e sábia. Ela podia apelar para essa inteligência divina nos momentos de tentação, confiando nela para sair daquele estado crônico de querer gastar demais e para proporcionar-lhe a força de resistir aos impulsos da mente carnal.

Explicando melhor, a mente carnal argumenta que a matéria é a única coisa que conta. Insiste em que nós somos todos feitos de matéria, que ela nos dá satisfação e que nós deveríamos ficar contentes por ser assim. Como dizia alegremente uma canção pop de alguns anos atrás: “Nós vivemos num mundo material e eu sou uma jovem material.”

Essa maneira de pensar faz com que consideremos o corpo material como a essência de nosso ser. (Não é justamente isso que significa carnal?) Naturalmente, se pensarmos que nosso ser se resume no corpo, então acharemos que nada é mais importante do que paparicar esse corpo, vestindo-o, alimentandoo, levando-o a passear num carro último tipo, e assim por diante.

Tudo isso leva a um egocentrismo que nos impede de aprender sobre nossa verdadeira identidade espiritual, completa e satisfeita, à semelhança de Deus. Esse egocentrismo muitas vezes ocupa tanto espaço, que não deixa lugar para as coisas reais e bonitas em nossa vida, e esse estado mental é praticamente um tipo de morte espiritual e moral. Paulo descreve esse definhar de nossas inclinações espirituais naturais, com as seguintes palavras: “O pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz.” Uma tradução moderna da Bíblia para o checo ilumina de forma especial esse texto, ao dizer: “Deixarse levar pelo egoísmo é a morte; deixar-se levar pelo Espírito é vida e paz.” Romanos 8:6. No versículo seguinte, essa mesma Bíblia traduz a expressão “pendor da carne”, como “centrar-se em si mesmo”.

Se essa mente, ou seja, essa maneira de pensar, é egoísta, então seu oposto, seu antídoto, por assim dizer, acaso não seria a abnegação, o puro amor cristão? Não poderia então esse amor isento de egoísmo fornecer uma maneira de sair do pensamento carnal, de sair do atoleiro das dívidas?

Quando sentimos mais amor e interesse pelos outros, por exemplo, descobrimos um bom motivo para controlar nossos gastos, para ser menos egoístas em tudo que fazemos. Até, quem sabe, começamos a pensar sobre nossa dívida para com o Amor divino. Em outras palavras, talvez comecemos a sentir que é nosso dever para com o Pai-Mãe celestial, nosso provedor divino, dar testemunho de Sua inexaurível bondade, provar a nós mesmos e ao mundo que nos cerca, que Ele cuida magnificamente de toda a Sua criação. Naturalmente, não é acumulando bens materiais que provamos isso. A prova está na abundência de qualidades divinas que expressamos, nossa eqüidade e integridade nos negócios, por exemplo, e nossa pontualidade em agradecer e pagar os serviços que outros nos prestaram em boa fé. Quanto mais nos concentramos em cuidar de nossa dívida para com Deus, tanto mais fácil e naturalmente são resolvidas nossas dívidas monetárias.

Foi assim que se deu com minha amiga. Ela deu prioridade ao cumprimento do artigo do Manual de A Igreja Mãe, que Mary Baker Eddy intitulou “O que Deus exige” e que diz o seguinte: “Deus exige que a sabedoria, a economia e o amor fraternal caracterizem todos os atos dos membros de A Igreja Mãe, A Primeira Igreja de Cristo, Cientista.” Manual, Art. 24, § 5º.

Para dizer a verdade, minha amiga está gostando de obedecer a essa exigência, ao trabalhar, fazer compras e pagar as contas. E agora ela tem um novo emprego que é ótimo, está ganhando mais e está tendo mais oportunidades de viver os ideais de “sabedoria, economia e amor fraternal”. Pouco a pouco, está pagando todas as suas dívidas. O mais importante, porém, é que está sentindo a emoção incomparável de pagar sua dívida para com o Amor divino, de fazer o que Deus exige.

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