Tanto nos esportes como em qualquer outra atividade da vida, a vitória é sempre tida como uma ocasião de felicidade e satisfação, enquanto a derrota é, muitas vezes, associada a remorso e autocondenação. É verdade que a competição ajuda a elevar suas habilidades a níveis mais altos, mas você pode ser tentado a fundamentar seu senso de valor em experiências de vitória ou de derrota. No entanto, será que as vitórias e as derrotas mudam realmente aquilo que você é?
O capítulo de abertura da Bíblia dá uma base segura para identificarmos a nós mesmos como alguém em quem se pode confiar, alguém que seja plenamente realizado. Ele nos diz que o que Deus fez era "muito bom". Gênesis 1:31. Deus criou o homem e deu-lhe domínio, não somente para um dia em particular ou por um breve momento, mas por toda a eternidade. A verdadeira identidade do homem, ao refletir a Deus, o Espírito, é espiritual, imaculada. Nenhuma quantidade de vitórias ou derrotas humanas pode alterar a identidade permanente que foi dada ao homem por Deus. Você e eu somos Seus filhos, muito amados e bons, sempre!
Quando você participa de uma competição, de caráter atlético, artístico ou acadêmico, é importante manter o ponto de verdadeiro, espiritual, de identidade. A força, a coragem, a resistência, a coordenação, a graça, a harmonia, a inteligência, quaisquer que sejam as qualidades que a circunstância requer, vêm de Deus, e você e todos os que estão competindo podem expressá-las, como Seu reflexo espiritual. O livro de Jó diz: “Pois ele [Deus] cumprirá o que está ordenado a meu respeito e muitas cousas como estas ainda tem consigo.” Jó 23:14. Sua identidade real não é mais nem menos importante em virtude do resultado final.
Eu pratiquei ginástica, esporte altamente competitivo, durante doze anos. No último ano do curso secundário, eu queria muito uma bolsa de estudos em alguma faculdade onde pudesse competir nesse esporte. Observadores de diversas universidades estariam presentes nos campeonatos regionais mas, para eu me qualificar a participar dos regionais, precisava alcançar um número mínimo de pontos em todos os resultados do campeonato estadual. Neste, minha estréia foi fraca. Quando cheguei à prova final, nas barras assimétricas, parecia que provavelmente não teria um total de pontos suficiente para continuar.
Em preparação para essa prova final, orei, reconhecendo a glória de Deus em tudo que estava acontecendo ao meu redor, nessa competição. Lembrei-me da última linha da Oração do Senhor, com sua interpretação espiritual, de Ciência e Saúde, da Sra. Eddy:
“Pois Teu é o reino, o poder e a glória para sempre.
Pois Deus é infinito, todo poder, todo Vida, Verdade,
Amor; está acima de tudo, e é Tudo.” Ciência e Saúde, p. 17.
Isso me ajudou a reconhecer que glória de Deus estava sendo refletida na força, graça, beleza, controle e agilidade de todos os ginastas que participavam da competição. Independentemente do resultado, eu sabia que Deus era a fonte de todo o bem que eu expressava em meus exercícios. As qualidades que Ele me dera seriam suficientes. Eu sabia que só poderia expressar a graça e perfeição de Deus.
Quando o resultado foi anunciado, eu estava um décimo abaixo do necessário. Parecia que não participaria dos campeonatos regionais. Recusei-me a sentir decepção, pois sabia que eu continuava expressando a perfeição, como imagem de Deus. Era isso o que contava! Interessante foi que, quando os resultados finais foram verificados, descobrimos que eu estava classificada. (Meu treinador havia feito um erro no cálculo anterior.)
Participei dos campeonatos regionais daquele ano e recebi uma bolsa de estudos em uma boa faculdade. Ao competir com minha equipe universitária, obtive alguns êxitos mas, no segundo ano, parecia que o programa de ginástica seria suspenso no final da temporada. Nós, os ginastas, além de não podermos competir na nossa modalidade, perderíamos a bolsa de estudos. Nosso grupo achava que poderia haver alguma esperança de salvar o programa, se vencêssemos o campeonato nacional por equipes.
Classificamo-nos para o campeonato nacional mas, durante a competição, eu cometi diversos erros. Devido a eles, nossa equipe ficou em segundo lugar, em vez de em primeiro. Senti-me responsável pelo desapontamento de meus colegas!
Na manhã seguinte, acordei com raiva de mim mesma. Dei uma caminhada para pensar e, em certo ponto, estas palavras de Cristo Jesus vieram-me ao pensamento: “Lançai a rede à direita do barco e achareis.” João 21:6. Depois da crucificação, os discípulos haviam desistido do Mestre, pensando que ele estivesse morto e decidiram retornar à sua ocupação anterior, como pescadores. Depois de uma noite em que não apanharam nenhum peixe, Jesus, que havia ressuscitado, chamou-os da praia e orientou-os a jogar as redes para o lado direito. Depois disso, não conseguiam puxar a rede, tantos eram os peixes que nela havia. Os discípulos voltaram à praia, percebendo que era Jesus. Daí em diante, eles se mantiveram fiéis a seus ensinamentos.
Esse pensamento alertou-me para a necessidade de mudar a visão que eu estava tendo de mim mesma. A opinião de que eu havia fracassado não era a verdade que Deus sabia a meu respeito. Senti o amor de Deus por mim como Sua filha espiritual, perfeita, independentemente de a competição de ginástica ter transcorrido bem ou mal. Deus, o criador de tudo, era o juiz do meu valor. Qualquer outro juízo de valores não era digno de confiança. Eu não deixaria que o desapontamento por erros feitos em uma competição, a preocupação por ter decepcionado meus companheiros de equipe, ou até mesmo o medo de perder minha bolsa de estudos, afetassem, a percepção que eu tinha de mim mesma. Meus propósitos haviam sido corretos e eu havia feito o melhor que pudera.
Ciência e Saúde declara: “Se suprimires a riqueza, a fama e as organizações sociais, que não pesam sequer um til na balança de Deus, obterás vistas mais claras do Princípio. Se dissolveres os grupos facciosos, nivelares a riqueza com a honestidade, fizeres com que o mérito seja julgado de acordo com a sabedoria, obterás uma visão melhor sobre a humanidade.” Ciência e Saúde, p.239. Pouco a pouco comecei a ver que, apesar de a situação parecer decepcionante, eu ainda podia contar com o controle de Deus sobre todos os detalhes de minha vida.
Quando retornei da caminhada, passei um dia agradável num passeio turístico com meus companheiros de equipe. Eles não estavam nem um pouco aborrecidos comigo pelos erros que fizera na competição. Aparentemente, eu era a única que estava me culpando pelo resultado.
O programa de ginástica foi suspenso no ano seguinte e todos os ginastas perderam suas bolsas de estudos. De diferentes maneiras, porém, cada membro da equipe pôde continuar seus estudos universitários. Quanto a mim, foi-me oferecida a oportunidade de ir a outra universidade, onde poderia continuar competindo em ginástica. Orei a fundo sobre essa questão. Eu preferia voltar à mesma faculdade onde estivera matriculada, mas temia não poder pagar minhas despesas, sem a bolsa de estudos. A resposta às minhas orações veio quando vi que poderia voltar para lá sem sentir nenhum ressentimento contra a direção da faculdade por ter encerrado o programa de ginástica. Eu tinha de fazer o possível para ter uma atitude de gratidão, ao retornar.
Voltei e não me arrependi. Aliás, acabei recebendo mais assistência financeira, como resultado de atividades acadêmicas e extracurriculares, do que teria recebido com a bolsa de estudos de ginástica!
Perder uma competição não pode impedir ninguém de ter uma vitória verdadeira e duradoura. Ao reconhecer que a sensação de desapontamento e desânimo é ilegítima, você obtém o domínio e uma melhor compreensão de Deus e de seu relacionamento com Ele. Esta é a verdadeira Vitória!
 
    
