Foi Na Verdejante e bela Ilha Norte da Nova Zelândia que uma amiga minha muito aprendeu sobre o que poderíamos chamar de “ser um arauto”. Proclamar a todo o mundo as boas-novas do magnífico amor sanador que Deus tem por todos nós, seja qual for o país em que vivemos, a cor de nossa pele, religião que professamos. E ela aprendeu muito, também, sobre “linguagem do coração”.
Na época, minha amiga era bibliotecária de uma Sala de Leitura da Ciência Cristã, na cidade portuária de Wellington. Os membros da igreja levavam muito a sério sua Sala de Leitura, dedicando-lhe muito tempo e energia. Situada no centro da cidade, era uma loja lindamente decorada, em que havia à venda todo tipo de literatura para ajudar as pessoas a conhecer as leis de Deus. Bíblias, exemplares de Ciência e Saúde, da Sra. Eddy, as revistas da Ciência Cristã, livros de consulta sobre a Bíblia, e assim por diante.
Apesar disso, faltava alguma coisa. Dificilmente alguém entrava no local. As vendas estavam em baixa. A Sala de Leitura estava repleta de mercadorias, mas, sob outro aspecto, parecia mais ou menos vazia. Por isso, os atendentes decidiram que eles mesmos, ao invés de os clientes, deveriam começar a movimentar a Sala de Leitura.
Resolveram ler, e apreciar, tudo o que tinham à venda. Começaram lendo as biografias da Descobridora da Ciência Cristã, a Sra. Eddy, e continuaram com a leitura de suas obras, inclusive o Manual de A Igreja Mãe.
A seguir, concentraram-se em um dos itens que tinham à venda e que não estava tendo nenhuma saída: O Arauto da Ciência Cristã O Arauto é uma revista atualmente publicada em doze idiomas: português, alemão, dinamarquês, espanhol, francês, grego, holandês, indonésio, italiano, japonês, norueguês e sueco.
Talvez o leitor se pergunte por que o pessoal dessa Sala de Leitura na Nova Zelândia, país de forte influência inglesa, estaria tão interessado no Arauto. Por que deveriam eles se importar com revistas escritas em idiomas que nem sequer falavam? Bem, o motivo era este: sabiam que a Sra. Eddy tinha fundado o Arauto em 1903, com um propósito específico: “para anunciar a atividade e disponibilidade universal da Verdade.” The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 353. Eles queriam apoiar esse propósito.
Eis, então, o que fizeram. Cada pessoa da equipe da Sala de Leitura “adotou” uma edição do Arauto para dar-lhe atenção especial. Uma pessoa tomou o Arauto em alemão, outra tomou o grego, outra o francês, outra o indonésio, ainda outra o japonês e assim por diante. Começaram a se interessar especialmente por aquela edição e pelos povos a que ela se destinava. Puseram-se até mesmo a orar pelo bem-estar e segurança desses povos (muitos deles, habitantes do outro lado do globo).
À medida que faziam isso, começaram a acontecer coisas extraordinárias. Os atendentes da Sala de Leitura notaram que suas orações se transformavam em verdadeiro amor, um amor que refletia o Amor infinito e todo-abrangente que é Deus. Amor que não fica confinado a uma ou duas nações e povos, mas que inclui todos os povos do mundo. Amor tão natural, tão forte e tão espiritual que começou a espalhar-se para todos os aspectos da vida deles. Amor que os fez prestarem mais atenção à sua Própria comunidade, ali mesmo em Wellington. Amor que se estendeu até mesmo aos indivíduos recém-chegados à cidade, segmentos da população que nem sempre haviam sido compreendidos ou levados em consideração.
Com esse sentimento de amor pela comunidade deles, e pelo Arauto, ficaram alegremente esperando para apresentá-los uns aos outros. Para isso, encheram a vitrina com uma profusão de Arautos. E logo em seguida pessoas desconhecidas começaram a entrar e a comprá-los!
Pessoas como o marinheiro escandinavo que comprou exemplares do Arauto em diversas línguas, para os colegas de seu navio. E o estudante que comprou Arautos num idioma que ele estudava na universidade. E mais e mais. Até que eles estavam vendendo quase todos os exemplares do Arauto que podiam encomendar.
O que foi que subitamente fez com que o Arauto começasse a ser vendido? “A dedicação do pensamento”, diz minha amiga, “e o despertar mental.” Pensar na missão do Arauto, diz ela, desafiou-a, bem como aos demais trabalhadores da Sala de Leitura, a “Pensar em algo além de nós mesmos”. Não podemos manter-nos mentalmente isolados quando abrimos o coração em prece pelos povos ao redor do globo.
Quando você ou eu, ou qualquer um, tem esse sentimento, tornamo-nos parte ativa da comunidade mundial e de nossa própria comunidade. Começamos a olhar para os nossos vizinhos de além-mar e os vizinhos do outro lado da rua, como para irmãos, filhos de um único Pai-Mãe, Deus. Isso nos faz ter para com eles uma consideração que é irresistível, que vem diretamente do coração e vai diretamente ao coração deles.
É aí que entra a “linguagem do coração”. Logicamente, “linguagem do coração” é apenas uma expressão com sentido figurado. Para mim, porém, ela descreve o que ocorre quando você compartilha porque se importa, compartilha com os outros a lei de Deus, porque deseja ardentemente ajudá-los. Quando você aspira, mais do que a qualquer outra coisa, a ajudá-los a descobrir o quanto Deus os ama, o quanto Deus é absolutamente onipotente e como Sua verdade e amor estão universalmente disponíveis para pôr fim ao sofrimento, à pobreza, à opressão, à doença. A linguagem do coração é o que você sente quando não se contenta mais em guardar as leis de Deus para si mesmo, ou para seu país, ou para seu cantinho do mundo. Pelo contrário, você quer que todas as pessoas tenham a oportunidade de edificar uma vida nova na rocha da verdade divina.
Quando abrigamos esse sentimento acerca de nossos irmãos do mundo inteiro, as dificuldades enfrentadas por eles clamam pelas orações de cada um de nós. Somos chamados a compreender, sem duvidar, que a infinita misericórdia de Deus está sempre à mão para dar consolo a essas pessoas, para fortalecê-las, para cuidar delas. Somos chamados a defender seu inabalável bem-estar espiritual como filhos de Deus. Somos impelidos a “anunciar a atividade e disponibilidade universal da Verdade” em favor de todas as criaturas.
Esse interesse que vem do coração transcende barreiras culturais e lingüísticas. Beneficia os corações que, no mundo inteiro, estão à procura de alguma coisa melhor na vida, estão buscando a cura. Assemelha-se àquela comunicação sobre a qual a Sra. Eddy escreveu: “Quando o coração fala, por mais singelas que sejam as palavras, sua linguagem é sempre aceita pelos que têm coração.” Miscellaneous Writings, p. 262.
A linguagem do coração e o sincero sentimento de amor divino que a impele despertam os indivíduos para que vejam a realidade. Essa realidade é a de que são filhos de Deus. Permitir que seu coração fale dessa maneira é um pouco como sentir aquele "espírito" de que Paulo falou tantas vezes, na Bíblia. Sem esse espírito de amor cristão, disse ele, é inútil falar a respeito de Deus. Sem amor, nada nos resta senão palavras frias e ocas. Mas com ele, podemos dar às pessoas a própria vida. Podemos ser "ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica". 2 Cor. 3:6.
Isso nos remete ao que aprendeu minha amiga na Nova Zelândia. Ela aprendeu que ser um arauto, ou seja, divulgar, é uma ação que, se for efetuada sem amor, não tem substância alguma. Mas com amor, podemos chegar às partes mais longínquas da terra. E mais além.
O Arauto da Ciência Cristã é ferramenta preciosa para anunciar as boas novas. Ao usá-la, em combinação com a sua maneira individual de falar com o coração, você estará cooperando para proclamar as leis da Verdade universal a pessoas de todo o mundo, gente que talvez você jamais venha a conhecer pessoalmente. Isso ocorre porque a linguagem do coração é falada e entendida em toda parte, trazendo consigo efeitos sanadores.
 
    
