Aqui No Brasil, o carnaval é uma época bastante esperada. Muitas pessoas planejam durante o ano inteiro o que vão fazer nesses dias. Durante os momentos de folia, esquecem todos os problemas e tudo fica adiado para depois. É reconhecida a beleza visual dos desfiles carnavalescos, mas o que também chama a atenção, infelizmente, é o número de acidentes e a violência desse período.
Pergunto o que nós, você e eu, podemos fazer para que a alegria seja uma manifestação natural, pura, sem causar danos, trazendo bênçãos para todos. Esses feriados são, sem dúvida, uma oportunidade para descansar, alegrar-se, estar com a família. Mas também nos oferecem tempo para refletir sobre nosso progresso espiritual e nosso papel dentro da sociedade. A Sra. Eddy diz: "Todas as pessoas bem sucedidas lograram êxito trabalhando arduamente; utilizando bem os momentos, antes que estes se transformem em horas, horas que outras pessoas talvez ocupem na procura do prazer." Miscellaneous Writings, p. 230.
Há alguns anos, eu quis fazer exatamente isso. Meu irmão e minha cunhada convidaram-me para passar os dias de carnaval com eles, em sua casa de campo. Aceitei o convite, pois eu estaria num lugar calmo e numa atmosfera ideal para estudar e aprender algo mais sobre minha relação espiritual com Deus. Levei meus livros, a Bíblia e o livro-texto da Ciência Cristã,Christian Science (kris'tiann sai'ennss) Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã. Sabia que esse estudo traria inspiração, paz e harmonia.
No quarto dia de minha estada na chácara, recebemos a visita de outro irmão, que viera com a família, para almoçar conosco. Tudo ia muito bem, até que demos pela falta de sua filhinha de três anos. Em vão procuramos em diversos lugares. De repente, lembramo-nos da piscina. Nela encontramos a menina, que não sabia nadar, boiando, de bruços, desacordada. Ela já estava com as feições meio roxas. Meu irmão tentou inutilmente reanimá-la. Sou a única estudante de Ciência Cristã na família e voltei-me a Deus em oração.
Decidiram levá-la a um pronto-socorro. Durante o trajeto de quinze minutos, coloquei-a no meu colo. Diante do desespero do pai, veementemente pedi-lhe para pensar que Deus é Vida. Depois, em silêncio, afirmei a natureza espiritual do filho amado de Deus. Sendo o homem a imagem de Deus, ele reflete a todo instante inteireza e perfeição. Essas eram verdades também para minha sobrinha. O quadro sugeria seqüelas horríveis, mas procurei ver somente a criação pura, perfeita e espiritual de Deus, assim como nosso Mestre o fazia. A Sra. Eddy diz: "Jesus via na Ciência o homem perfeito, que lhe aparecia ali mesmo onde o homem mortal e pecador aparece aos mortais. Nesse homem perfeito o Salvador via a própria semelhança de Deus, e esse modo correto de ver o homem curava os doentes." Ciência e Saúde, p. 476.
Ainda no carro, a menina despertou naturalmente. O primeiro médico que a examinou não constatou nada de errado com a criança, apesar de ela haver engolido água. Pediu que esperássemos algum tempo, para observá-la. Com ela nos braços, fui ao jardim e contei-lhe sobre a beleza e a perfeição das folhas e das flores, dizendo-lhe que ela também as estava expressando. Aos poucos, foi ficando mais espertinha. O médico sugeriu que a levássemos a outro hospital, para tirar radiografias.
Enquanto aguardávamos os resultados dos exames, meu irmão me perguntou por que eu não havia chorado nem ficado nervosa. Contei-lhe então a história de Lázaro. Ver João 11:1-46. Este era um amado amigo de Jesus. Ao saber de sua morte, o Mestre disse que ele apenas dormia. Jesus sabia da onipresença divina e compreendia o fato de que Deus é Vida. Ao chegar ao local onde Lázaro fora sepultado, Jesus não aceitou a noção de morte, que a família lhe apresentou. Em vez disso, pediu que retirassem a pedra do túmulo. Chamou Lázaro e este imediatamente saiu do sepulcro. Expliquei ao meu irmão que esse episódio me ensinava a não desesperar-me, mas sim a aplicar o que havia aprendido sobre o poder de Deus para vencer as sugestões agressivas impostas pela evidência dos sentidos humanos.
Poucas horas depois, minha sobrinha já brincava com os primos, como se nada houvesse acontecido. Os exames serviram para confirmar aos familiares que ela estava em perfeitas condições. Hoje, é uma garota saudável, meiga e sempre alegre. Não houve seqüela alguma do incidente.
Essa experiência ilustra o valor de cada um de nós como filhos de Deus e como instrumentos para Sua manifestação. Ficou-me muito claro que devemos estar alertas para o chamado divino. Onde quer que estejamos, podemos estar cientes de nosso papel: trazer a alegria à tona, purificar a atmosfera que nos cerca, demonstrar amor, expressar o Cristo que destrói as falsas aparências e tudo aquilo que pretenda contrariar a harmonia de Deus.
O Cristo, que revela à consciência humana a idéia espiritual de Deus, remove do nosso pensamento as "pedras" da autocondenação, do autoflagelo e da comiseração própria, que nos prendem ao túmulo da depressão, da tristeza, da desilusão, do medo. Ao retirar essas pedras, deixamos a luz entrar, damos lugar à harmonia, à paz, à vitalidade. Onde há luz, não há trevas e onde não há trevas, há vida. É essa vida dada por Deus que está agora mesmo à nossa disposição.
Você já sabe onde vai passar o carnaval? Aonde quer que você vá, lembre-se de que "somos o bom perfume de Cristo".3 Como filhos amados de Deus, exalamos pureza, amor e paz. Mantenhamos na consciência esse fato espiritual. O Amor divino está em toda parte e nada de mal poderá nos atingir, nada de errado poderá afetar a harmonia de nosso viver. Estaremos protegidos do tumulto geralmente associado ao carnaval. Assim, não será só por uns dias que vamos esquecer os problemas, mas descobriremos como resolvê-los, com a orientação de nosso Pai-Mãe Deus. Além disso, ajudaremos os outros a sentir que a alegria é uma qualidade divina, independente de época ou lugar e acessível a todos.
 
    
