"O conhecimento dos textos originais e a disposição de abandonar as crenças humanas (estabelecidas por hierarquias e instigadas às vezes pelas piores paixões dos homens), abrem o caminho para que a Ciência Cristã seja compreendida, e fazem da Bíblia o mapa náutico da vida, no qual estão assinaladas as bóias e as correntes curativas da Verdade." (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 24.)
No espírito dessas palavras de Mary Baker Eddy, oferecemos as seguintes anotações relativas às Lições Bíblicas deste mês, publicadas no Livrete Trimestral da Ciência Cristã para o período de julho, agosto e setembro.
6 de julho
DEUS
Cantai ao Senhor um cântico novo, cantai ao Senhor, todas as terras. (Salmos 96:1)
Na maior parte da Bíblia, os cânticos têm como finalidade celebrar algum acontecimento em que ficou evidente ao homem o poder de Deus, como, por exemplo, o cântico de Moisés após a travessia do Mar Vermelho. Há, nas Escrituras, diversas referências a um "cântico novo", significando uma nova percepção do poder de Deus, uma percepção que o homem não tinha antes.
Apareceu-lhe o Anjo do Senhor numa chama de fogo, no meio duma sarça... (Êxodo 3:2)
O fogo é usado freqüentemente como símbolo da presença de Deus, na Bíblia, por suas propriedades iluminadoras (era a única fonte de luz, na escuridão) e purificadoras (queima a escória e refina o metal).
Mas ele lhes disse: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também. (João 5:17)
Com essas palavras, Jesus dá um novo conceito do sábado. O "descanso" de Deus, depois da criação, que era a origem da observância do sábado, não consistia de inércia, mas de atividade sagrada, pois o "Pai trabalha até agora".
13 de julho
A EUCARISTIA
Exaltai ao Senhor, nosso Deus, e prostrai-vos ante o escabelo de seus pés, porque ele é santo. (Salmos 99:5)
O "escabelo" é um banquinho para o descanso dos pés. Em 1 Crôn. 28:2 esse termo é usado para designar a arca sagrada. Tanto a arca, como a figura dos pés, são usadas na Bíblia para indicar a presença de Deus.
E disse-lhes: Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes do meu sofrimento. (Lucas 22:15)
A Páscoa era a maior e mais importante festa judaica. Faziam-se grandes preparativos para receber todos os que iam a Jerusalém para a celebração. Havia um ritual fixo, pelo qual deviam-se comer determinados alimentos (pães sem fermento, verduras amargas e cordeiro), como parte da celebração. Daí Jesus dizer "comer... esta Páscoa". Cada uma dessas comidas lembrava um aspecto da saída dos hebreus do Egito, fugindo da escravidão, pois a festa comemorava exatamente esse fato. Passar uma taça de vinho entre os comensais também fazia parte do ritual.
20 de julho
VIDA
A tua benignidade, Senhor, chega até aos céus, até às nuvens, a tua fidelidade. A tua justiça é como as montanhas de Deus; os teus juízos, como um abismo profundo. (Salmos 36:5,6)
Céus, nuvens, montanhas e abismos são, para o Salmista, coisas impossíveis de serem medidas. Por isso, ele usa essas imagens para dar uma idéia das qualidades divinas.
Então lhe disse a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana (porque os judeus não se dão com os samaritanos)? (João 4:9)
Mais uma vez Jesus contraria os preconceitos. Na sociedade judaica, não era costume o homem dirigir a palavra a uma mulher estranha. Jesus não só fala com ela, mas também procura lhe ensinar alguma coisa, outra atitude incomum, na época em que só os homens recebiam instrução. Além de tudo, tratava-se de uma mulher samaritana. Os samaritanos eram descendentes dos colonos trazidos para aquela terra pelos assírios, durante seu domínio sobre Israel. Eram desprezados e considerados forasteiros pelos judeus, embora eles aceitassem a lei mosaica do Pentateuco (primeiros cinco livros da Bíblia), e pensassem em si mesmos como sendo descendentes de Jacó.
Replicou-lhe Jesus: Se conheceras o dom de Deus e quem é o que te pede: dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva. (João 4:10)
Jesus usa a imagem da "água viva" em contraposição à água parada e armazenada das cisternas e poços que existiam na região. A água viva seria a de fonte, sempre fresca e nova, que jorra continuamente. As cisternas e poços freqüentemente secavam, ao passo que a fonte é perene.
27 de julho
VERDADE
E eis que, dentre a multidão, surgiu um homem, dizendo em alta voz: Mestre, suplico-te que vejas meu filho, porque é o único; um espírito se apodera dele, e, de repente, o menino grita, e o espírito o atira por terra... (Lucas 9:38, 39)
Era comum, entre os judeus e gregos, atribuir as doenças a espíritos maus, especialmente aquelas em que o corpo ficava disforme ou em que a pessoa mostrava perturbação mental. Essa crença não fazia parte da cultura judaica, só se manifesta nos escritos hebraicos após a dominação persa, por influência do zoroastrismo. Não há referências a demônios e espíritos maus nos primeiros livros da Bíblia.
Somente em Deus, ó minha alma, espera silenciosa, porque dele vem a minha esperança. (Salmos 62:5)
Aqui não há uma exortação ao silêncio ou à meditação. O original hebraico é mais uma exortação a parar de lutar, de guerrear, e reconhecer que só Deus é o Rei.
Digo-vos que, se não se levantar para dar-lhos por ser seu amigo, todavia, o fará por causa da importunação e lhe dará tudo o de que tiver necessidade. (Lucas 11:8)
A palavra traduzida como "importunação" significa, mais exatamente, "ausência de timidez".
Bibliografia:
The One Volume Bible Commentary de J. R. Dummelow;
Understanding the Old Testament de Bernhard W. Anderson;
The New Testament — A Student's Introduction de Stephen L. Harris;
Estudo Perspicaz das Escrituras, Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados.
