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O que é moralidade, afinal de contas? E por que se importar?

Da edição de setembro de 1997 dO Arauto da Ciência Cristã


Algumas pessoas têm a vaga noção de que moralidade é apenas um punhado de regras arbitrárias, criadas muito tempo atrás por religiosos beatos. Sem perceber, eu mesma aceitei esse conceito por muitos anos. Eu via a moralidade como uma cerca, um conjunto de regras que dividia as pessoas boas das pessoas más. Se você obedecesse às regras, você estaria do lado bom. Por outro lado, quanta diversão havia do outro lado dessa cerca!

Lembro-me de sentir confusão em relação à parábola de Jesus, sobre o filho pródigo e sua família. Lucas 15:11–32. O pródigo havia infringido leis morais, "vivendo dissolutamente" mas depois retornara e encontrara intacto o amor de seu pai, simbolizando o amor indestrutível de Deus pelo homem. Nunca achei ruim de o filho pródigo receber o grande amor e perdão do pai, demonstrado pela festa de boasvindas. Mas sempre me incomodou o fato de que o filho mais velho, o bom filho, não tivesse recebido algum tipo de prêmio extra por ter sido bom e obediente o tempo todo.

Certa vez, quando essa parábola constava da Lição-Sermão semanal do Livrete Trimestral da Ciência Cristã, parei para pensar sobre a resposta do pai ao irado comentário do irmão mais velho, que dizia nunca ter ganho uma festa em sua homenagem. "Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu", disse o pai. Notei que o pai saiu para falar com o filho mais velho e instou com ele para que viesse à festa do irmão, da mesma forma como havia saído para encontrar o filho pródigo, no seu caminho de volta ao lar. De repente, compreendi que o irmão mais velho havia realmente estado com o pai o tempo todo. Ele estivera em segurança, recebera amor e vivera em abundância, enquanto seu irmão mais novo estivera alimentando porcos, sem casa e passando fome, completamente sozinho. Pela primeira vez, comecei a compreender o verdadeiro sentido da moralidade.

A moralidade nos protege e nos mantém felizes. Não é uma cerca ou linha divisória, a nos separar das coisas boas da vida, ou a separar as pessoas boas das más. É mais como se fosse uma placa na rodovia, alertando-nos para uma curva perigosa mais adiante, na estrada, de modo que não voemos cegamente abismo abaixo, para nossa destruição.

A Bíblia diz isso assim: "Entrai pela porta estreita (larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz para a perdição ...)." Mateus 7:13. E: "Andareis em todo o caminho que vos manda o Senhor, vosso Deus, para que vivais, bem vos suceda..." Deuter. 5:33. A Bíblia até promete placas divinas de advertência, ao longo da estrada da vida, para também nos proteger de cometer erros: "Quando te desviares para a direita e quando te desviares para a esquerda, os teus ouvidos ouvirão atrás de ti uma palavra, dizendo: Este é o caminho, andai por ele." Isaías 30:21.

Portanto, a moralidade não é um conjunto de regras punitivas. É mais como um mapa, indicando o caminho para a alegria e a satisfação.

Ciência e Saúde diz: "O erro exclui-se a si mesmo da harmonia. O pecado é seu próprio castigo." Ciência e Saúde, p. 537. O filho pródigo excluiu-se a si mesmo da harmonia ao abandonar o calor e a segurança do lar. O filho mais velho, também, se excluiu da harmonia, quando se recusou a vir para a festa e a se alegrar com o retorno do irmão. As ações de ambos incluíam pecado. Os pecados do mais novo podem ter sido mais visíveis: cobiça e sensualismo. Mas qual foi o pecado do irmão mais velho? Não foi um senso de justiça própria, como a dizer: "Eu sou melhor do que ele"? Talvez falta de amor e de compaixão? Ingratidão? Egoísmo? Ciúmes? Esses pecados trazem seu próprio castigo, também, pois são qualidades de pensamento degradantes, ímpias, que acabam trazendo infelicidade

A Bíblia diz que Deus é bom, que Ele é Amor, Verdade e Vida, e que o homem é criado à Sua imagem e semelhança. Conclui-se inevitavelmente que o homem deve ser bom, amoroso, honesto, amável e feliz. Se nossos pensamentos e nosso comportamento não refletirem essas qualidades boas, isso é pecado que pode e deve ser vencido. Como certo hino descreve muito bem:

Tudo o que embaça teu senso de verdade
Ou macula tua pureza,
Ainda que seja leve como brisa de verão,
Considera-o como pecado para ti.Christian Science Hymnal, N° 383.

A moralidade, então, não é apenas evitar desobedecer a uma lista de proibições; é, isso sim, viver de acordo com os atributos espirituais de nosso Pai-Mãe, o Amor, por sermos Sua imagem. A Bíblia denomina essas qualidades de pensamento e ação (por exemplo: amor, alegria, paz, mansidão, bondade) "o fruto do Espírito" e diz que "contra estas cousas não há lei". Gálatas 5:22, 23. Em seu sentido mais amplo, moralidade é um viver que é o resultado do crescimento espiritual e da compreensão de nossa verdadeira identidade.

Quando eu era adolescente, muitos de meus amigos começaram a beber e a fumar, e era difícil não me juntar a eles, especialmente quanto ao fumar. Queria desesperadamente perder peso para me sentir mais atraente, e várias amigas minhas haviam perdido bastante peso, naquele ano, devido a tal hábito. Elas me incentivavam a fumar! A promessa de ser magra como manda o figurino, parecia bastante atraente. E eu realmente não entendia o que havia de errado em fumar.

O que me fez parar foi esta frase que encontrei em Ciência e Saúde: "Não há prazer no embriagar-se, no converter-se num bobo ou num objeto de repugnância; disso, porém, fica uma recordação pungente, um sofrimento inconcebivelmente terrível para o amor-próprio do homem. Soltar detestáveis baforadas de fumaça, ou mascar uma folha, que por natureza não oferece atrativo a criatura alguma a não ser a um verme nojento, é no mínimo repugnante." Ciência e Saúde, pp. 406–407.

Essa declaração me tocou por ser decididamente verdadeira. Se eu era a imagem e semelhança de Deus, como estivera aprendendo no Escola Dominical, então tinha de demonstrar essa dignidade dada por Deus e rejeitar a tentação de ceder a algo que eu instintivamente sabia ser um hábito degradante. E mais, eu tinha o domínio, dado por Deus, sobre toda tentação. Na época, pareceu ser um grande sacrifício, mas decidi obedecer ao que eu compreendia estar em harmonia com minha mais elevada noção de mim mesma, como a imagem e semelhança de Deus, o bem. Olhando para trás, vejo claramente que essa obediência, tanto com relação à bebida quanto com relação ao fumo, manteve-me a salvo da escravidão ao vício e da confiança em meios materiais para resolver problemas ou adquirir a felicidade. Depois percebi também que a promessa de um corpo esbelto era uma promessa vazia que o fumo certamente não podia cumprir.

A moralidade nos protege e nos mantém felizes e bem, porque significa viver de acordo com o cuidado protetor da lei de Deus. É um pouco como reivindicar seus direitos de cidadão. Reivindicando sua natureza espiritual, você estará se colocando sob o domínio de Deus, Espírito, e estará se retirando da jurisdição da falsa crença de que você não é nada mais do que um organismo material, vulnerável a vários males.

O que é moralidade? Eu a vejo como pensar, agir e viver de acordo com nossa genuína natureza espiritual, como a semelhança de Deus. Quem decide o que é moral e o que não é? Nenhuma pessoa, nenhum grupo, nenhuma seita, mas Deus mesmo decide a moralidade, pois é a própria natureza de Deus que determina nossa verdadeira natureza. Por que deveríamos nos importar? Pelo menos por duas razões muito importantes. Primeiro, a obediência à nossa mais elevada compreensão da lei moral sempre abençoa, protegendo-nos do mal e despertandonos para a presença do Amor infinito, o único lugar onde a genuína paz, alegria e segurança podem ser encontradas. Segundo, porque abençoa o mundo todo. A vida dos profetas, de Cristo Jesus e dos apóstolos abençoou enormemente o mundo com seu exemplo e, por mais modesta que seja, nossa vida moral abençoará o mundo, também.

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