Homossexualidade É Um assunto que divide a opinião das pessoas de maneira contundente. Se as atuais reportagens da mídia, tanto pró como contra, fossem tomadas como indicadores, poderíamos concluir que jamais será possível solucionar tal questão. Há opiniões fortes de ambos os lados, muitas vezes baseadas em mal-entendidos ou medo.
Deus sabe o que é certo para cada uma das Suas idéias, você e eu.
Apesar de as opiniões das pessoas não serem conclusivas, temos, em realidade, uma fonte infinita de inteligência que nos dá as respostas e indica um rumo claro a seguir para resolver qualquer dilema, e ajuda-nos a saber que atitude tomar. Essa fonte é Deus. Ele é Mente; e essa Mente nos conhece perfeitamente desde nossa origem. Deus sabe o que é certo para cada uma das suas idéias, você e eu. Deus mesmo está sempre presente e ama cada um de nós como filhos queridos, dando-nos propósito e orientação. Cada um de nós é a idéia perfeita dessa Mente única.
Deus comunica-se com todos os Seus filhos, e nós temos ligação direta com Ele, a qual é constante e indestrutível — nada pode ameaçá-la. Não existem duas pessoas que estejam exatamente no mesmo ponto, seguindo exatamente o mesmo caminho em seu aprendizado. Portanto, nenhuma outra pessoa pode saber por nós o que e como temos de aprender. Contudo, Cristo Jesus nos deu o exemplo de como encontrar o nosso próprio caminho e como progredir em direção ao Espírito — e o "plano de aprendizado" para cada pessoa torna-se mais claro à medida que ela dá ouvidos e obedece a Deus humilde e persistentemente.
Acontece que um dos meus mais antigos e queridos amigos é homossexual e ele ficou intrigado pelo fato de que, muitas das opiniões que ele ouvia com relação à homossexualidade, partiam da premissa de que ele precisava de cura. A sua pergunta é: Como alguém pode ter o direito de dizer isso a ele?
Ao ponderar essa questão, pareceu-me que Jesus acertou em cheio quando Pedro, certa vez, preocupado com a situação de uma outra pessoa, perguntou-lhe: "E quanto a este?" Respondeu-lhe o Mestre: "Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa? Quanto a ti, segue-me" (João 21:21, 22).
O livro Não e Sim de autoria da Sra. Eddy, confirma esse ensinamento. "Recomendo aos Cientistas que não façam distinção alguma entre uma pessoa e outra, mas que pensem, falem, ensinem e escrevam a verdade da Christian Science, sem fazer referência à personalidade boa ou má neste campo de ação. Deixai que as distinções de caráter individual, as discriminações e a orientação sejam feitas pelo Pai, cuja sabedoria é infalível e cujo amor é universal" (p. 7).
Assim sendo, o que é que, afinal, precisa ser curado? Para alguns, poderia ser o ódio. Para outros a intolerância, a incompreensão. Para outros ainda, poderia ser a sensualidade, a promiscuidade ou adultério. E nós podemos ajudar a erradicar esses falsos traços de caráter, recusando-nos a atribuí-los a quem quer que seja. Cada um de nós pode orar para corrigir suas próprias opiniões erradas a respeito do homem como algo menos do que a idéia perfeita de Deus. Isso significa perceber, a despeito da mentira, que o homem de Deus jamais pode estar propenso a julgar ou a pecar. Quando nos esforçamos por conhecer tão somente o homem real, a imagem e semelhança de Deus, começamos a perceber a evidência dessa verdade ao nosso redor, e podemos ajudar a outros no que for necessário. Se realmente pusermos isso em prática, estaremos contribuindo da maneira mais significativa para que a humanidade possa distinguir o que é correto nesse e em qualquer outro assunto.
Essa perspectiva espiritualizada promove cura e paz. Posso falar por experiência própria. Houve uma época em minha vida em que a sensualidade dominava o meu pensamento. Considerava-a como parte integrante da minha identidade, algo que definia quem eu era. Eu teria achado ridícula toda e qualquer alusão no sentido de que eu tinha de mudar. Ao me identificar dessa maneira, sentia-me atraente e interessante e eu cultivava esse sentimento.
Apesar de ser heterossexual, a minha atitude com relação ao sexo era bem parecida com a do meu amigo homossexual. Tínhamos muita coisa em comum, em nosso estilo individual de vida. À medida que o tempo passava, porém, ambos ansiávamos por fundamentos mais espirituais. Meu amigo se filiou a uma igreja que não considerava a sua orientação sexual como um problema. Eu decidi prosseguir no meu intento de me filiar à igreja da Christian Science que estava frequentando. (Eu não tinha namorado naquela época.)
Quando passei a trabalhar em várias comissões da igreja, dei-me conta, pouco a pouco, de que existia um padrão moral que não era muito claro para mim. Eu sempre pensara que só precisava obedecer à letra da lei moral mas, agora, eu estava descobrindo que a verdadeira libertação de toda sensualidade é algo bem mais profundo. Eu duvidava poder algum dia alcançar esse padrão, e comecei a me sentir hipócrita. Meu receio era de que poderia prejudicar a igreja se continuasse a trabalhar nela, apesar de amá-la de todo o meu coração.
Cabe a Deus, não a mim, dirigir os Seus amados filhos.
Afinal, desesperada, fui conversar com uma pessoa que era membro da mesma igreja e contei-lhe, sem rodeios, a minha situação. Pedi-lhe francamente que julgasse se eu era digna de continuar como membro. Nunca me esquecerei da resposta dela. Com lágrimas de compaixão nos olhos, ela simplesmente me deu a mão e disse: "Deus te guiará". Fiquei surpresa. Ela não se deteve a avaliar minha pessoa ou aquilo que eu lhe havia contado, mas compreendeu que eu estava totalmente nas mãos de Deus.
Profundamente impressionada pelo amor e pela tolerância que essa amiga e toda a congregação da igreja demonstravam, fiquei ponderando, com toda a sinceridade, o que eu estava fazendo e por quê. Não demorou muito e eu, de fato, alcancei a sabedoria e a força espiritual de que precisava para abandonar o conceito sensual acerca de mim mesma e toda a carga que vinha junto. Vislumbrei uma nova visão de mim mesma como sendo inteiramente espiritual, alegre e perfeita. As bênçãos que este novo conceito proporcionou a mim, à minha família e à minha igreja, são imensuráveis.
Lembro-me com carinho dessa experiência porque, não somente me mostrou a inegável possibilidade de redenção, mas também me mostrou a necessidade de nos libertarmos do hábito de julgar e condenar os outros. Cheguei às minhas próprias conclusões através de amor real, e não pela condenação. No que diz respeito ao meu amigo homossexual, eu acho que ele também está progredindo, pois tenho a certeza de que Deus está lhe mostrando a verdade de sua própria identidade espiritual, da mesma forma como Deus a está comunicando a mim.
O Amor é mais poderoso do que qualquer outra coisa para dissolver resistências e inspirar o pensamento. A experiência me convenceu de que, fora do casamento legal, a castidade é o único estilo de vida que proporciona crescimento espiritual e estabilidade. Mesmo dentro do casamento, contudo, reconheço que devemos crescer até abandonar a crença de que somos mortais sensuais. Cheguei a essa conclusão não porque outros me convenceram disso, mas por experiência própria e pelo Amor divino expresso por aquela colega da igreja.
Agora, cada vez que encontro ou ouço falar sobre alguém que "está fazendo algo que eu não faria", lembro-me do exemplo da minha amiga da igreja. Meu dever é ser amável, paciente e humilde. Lembro-me de que cabe a Deus, não a mim, dirigir os seus amados filhos. Às vezes o que uma pessoa mais necessita aprender é o fato de que é amada, amada com pureza. Podemos confiar no governo divino do Amor e deixar a Deus a tarefa de modelar e formar. Ciência e Saúde afirma: "Em paciente obediência a um Deus paciente, trabalhemos por dissolver, com o solvente universal do Amor, a dureza adamantina do erro — a obstinação, a justificação própria e o egotismo — que faz guerra contra a espiritualidade e é a lei do pecado e da morte" (p. 242).
 
    
