"Amados, Agora, Somos filhos de Deus" (1 João 3:2). Muitas vezes refleti sobre essa declaração da Primeira Epístola de João. Entretanto, há alguns meses, ao ouvi-la do púlpito durante um culto na Igreja, foi como se a estivesse ouvindo pela primeira vez: "Amados, agora, somos filhos de Deus": as duas primeiras palavras se destacaram para mim, naquele momento.
Subitamente, compreendi o sentido espiritual das palavras de João, como nunca o compreendera antes. Havia ali uma promessa gloriosa de que, agora mesmo, cada um de nós, inclusive eu, é muito amado, é o herdeiro de Deus e o destinatário de todo o bem. Compreendi também que João não se referia somente aos cristãos do primeiro século como "amados". Ele estava escrevendo para mim! Ele estava escrevendo para todos nós, para todos em todas as congregações, para todos os que lêem o Novo Testamento, para todos os que nunca freqüentaram uma igreja e para todos os que ainda não conhecem as Escrituras.
João estava nos dizendo o que aprendera do Mestre, Cristo Jesus. Estava nos dizendo que somos "adorados", "estimados", "bem-amados", e "queridos" por nosso Pai-Mãe Deus. Esses são todos sinônimos de amados. Mantendo essa idéia em mente, aprendemos muito sobre o que significa ser amado por Deus. Tal aprendizado nos habilita a sentir com mais constância uma maravilhosa alegria espiritual, a despeito dos desafios que o mundo, ou nós pessoalmente, possamos enfrentar. Reconhecer que somos amados é, certamente, motivo de alegria. Dá-nos também um senso de maior bem-estar, bem como nos impele a ser mais amorosos e a expressar um amor muito mais abrangente.
João disse: "Amados, agora, somos filhos de Deus." Esse "agora" significa neste exato momento, imediatamente, sem demora. Por isso, podemos saber que:
Agora mesmo incorporamos todo o bem, por sermos a completa expressão de Deus, livres do mal assim como Ele.
Agora mesmo possuímos tudo o de que necessitamos.
Agora mesmo somos abundantemente amados e cuidados. Agora mesmo estamos completos e satisfeitos.
Agora mesmo somos a expressão da Alma radiante e estamos no universo luminoso da Alma. Consequentemente, o mal (o assim chamado magnetismo animal) não tem poder para escurecer o pensamento de ninguém, em nenhum lugar, em nenhum momento.
Agora mesmo estamos livres de grilhões e somos as imaculadas expressões do puro Espírito. Para o Espírito todo abrangente não há limitações de tempo, de recursos nem de saúde.
Agora mesmo expressamos o Amor ilimitado, eterno e ininterrupto e na presença do Amor onisciente não há sentimentos feridos que possam contaminar a experiência do homem. Hipersensibilidade, ressentimento e incompreensão não têm lugar na consciência do homem de Deus.
Reconhecer que somos amados é, certamente, motivo de alegria.
Agora mesmo não há poder algum na sugestão de que somos mortais, com qualidades limitadas. A falta ou a limitação de qualquer espécie não têm lugar no reino da Mente perfeita e onisciente e, portanto, são desconhecidas para o homem de Deus.
A cada dia podemos orar para exercer o domínio espiritual e nos esforçar para ver a semelhança de Deus em toda parte. O profeta bíblico Oséias vislumbrou isso quando escreveu: "O número dos filhos de Israel será como a areia do mar, que se não pode medir, nem contar; e acontecerá que, no lugar onde se lhes dizia: Vós não sois meu povo, se lhes dirá: Vós sois filhos do Deus vivo" (Oséias 1:10).
Paulo também falou sobre os "filhos de Deus". Ele escreveu: "Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade. Fazei tudo sem murmurações nem contendas; para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo" (Filip. 2:13-15).
É natural para nós fazer todas as coisas sem queixas nem discussões, assumindo as tarefas necessárias de bom grado e sem demora. Faz parte da expressão de nossa inocência como filhos de Deus, inocentes, puros e amados.
Não se conclui disso que, como filho de Deus, cada um de nós tem a Deus como único e divino Pai, um ser celestial que cuida de nós? Sobre esse Pai divino, a Sra. Eddy escreveu em seu livro Unity of Good: "Para mim Deus é Tudo. Ele é mais bem compreendido como a Ser Supremo, como Vida infinita e consciente, como o afetuoso Pai e Mãe de tudo o que Ele cria; mas esse Pai divino não entra em Sua criação, assim como o pai humano tampouco entra em seu filho. Sua criação não é o Ego, mas sim, o reflexo do Ego. O Ego é o próprio Deus, a Alma infinita" (p. 48).
Reconhecendo esses fatos, deveríamos lembrar que, cada vez que usamos o pronome eu, estamos nos referindo ao reflexo de Deus. Esse reflexo não é o ego com letra minúscula, mortal e sujeito a erros, mas sim, o reflexo do único Ego com letra maiúscula, a imagem de Deus, livre e perfeita. E essencial manter isso em mente. Então, como semelhança de Deus, podemos reivindicar legitimamente: Sou alegre, não sou desanimado. Sou satisfeito, não descontente. Sou amado, não solitário. Sou amoroso, não crítico. Sou isento de dor, não amedrontado. Tudo isso agora mesmo. Manter o pensamento e a conversação de acordo com esse Eu espiritual deveras nos ajuda a demonstrar nossa verdadeira identidade como criação de Deus.
À medida que continuei a pesquisar na Bíblia e nas obras da Sra. Eddy o que significa ser o filho de Deus e reconheci a atualidade e a permanência desse fato espiritual, senti-me elevada e aliviada. Consegui conciliar um trabalho de tempo integral, ativo, com projetos importantes em nossa comunidade, tudo isso com um senso de domínio.
Também estou me esforçando mais conscientemente para sempre aconselhar-me com Deus, para apreciar até as mínimas coisas nos outros, para não ser apressada e, na minha rotina diária, agir somente ao impulso da direção da Mente divina. Sou muito grata porque, agindo assim, todas as coisas funcionam harmoniosamente. Sou mais capaz de me manter livre do sentido mortal de identidade e amor-próprio. E estou constatando as bênçãos resultantes da compreensão de que sempre estou na presença curativa de Deus.
É necessário que nos esforcemos para fazer como Cristo Jesus, em suas obras e palavras, e para aderir de todo o coração aos seus ensinamentos, que incluem a verdade de nossa união com Deus e a necessidade de uma comunhão serena e constante com Ele. Ao manter essa comunhão de maneira constante, saberemos, sem dúvida, que somos verdadeiramente amados e abençoados, agora mesmo!
 
    
