Uma Noite Destas, eu assisti a um filme intitulado "Os últimos rebeldes", que se passa em Hamburgo, Alemanha, em 1939. O ator Robert Sean Leonard interpreta um rapaz que faz parte de um grupo de jovens que procuravam defender a própria individualidade contra a submissão ao domínio nazista. Esses "garotos do swing", como eles mesmos se chamavam, usavam cabelos compridos e eram fascinados por filmes americanos, pela moda britânica e pelo gênero de música "swing", e nada disso tinha a aprovação dos nazistas. Apesar do perigo que isto representava, esses rapazes se recusavam a se unir à organização da juventude nazista, conhecida como Hitler Jugend, ou HJ (Juventude Hitlerista).
Todos temos a oportunidade de fazer a escolha certa.
No filme, as coisas parecem ir bem por um tempo; eles são tolerados pelas autoridades, embora de muito má vontade. Então Leonard, por uma bravata infantil, viu-se forçado a entrar para a H.J. Seu melhor amigo, por coleguismo, alista-se também. Ainda assim, eles desprezam tudo o que a H.J. representa, mas passam a vivenciar o Hitlerismo. Os dois eram da H.J. durante o dia e "garotos do swing" à noite.
Mas, pouco a pouco, o melhor amigo de Leonard começa a mudar. Através de sutil persuasão, outros membros da H.J. o influenciam até que ele começa a acreditar no Nazismo e a usar com orgulho a cruz suástica. Finalmente, ele denuncia o pai à polícia secreta e, numa invasão à danceteria dos "garotos do swing", ele quase estrangula Leonard. Antes ele era um adolescente bastante normal, embora inseguro, e depois se transforma em um nazista, envolvido por uma irmandade que lhe dá status e poder.
O melhor caminho a seguir é a humildade, a compaixão, a integridade.
A sutil persuasão da imoralidade é tão velha quanto o tempo, e os que têm menos experiência e mais insegurança são os mais suscetíveis à sua pressão. É uma pressão que parece eliminar tudo o que há de bom e de promissor na vida da pessoa. O melhor conselho que encontrei, sobre como lutar contra esse tipo de pressão, é algo que o Apóstolo Paulo escreveu numa epístola à primitiva igreja cristã de Roma. Ele escreveu: "Não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus" (Romanos 12:2). Numa tradução inglesa moderna (J. B. Phillips), esse versículo aparece assim: "Não permitais que o mundo ao vosso redor vos esprema dentro de seus próprios moldes, mas deixai que Deus vos reforme, de maneira que toda vossa atitude mental seja modificada. Assim provareis na prática que a vontade de Deus é boa, aceitável e perfeita."
Nos dias de hoje, ouvimos falar muito sobre o livre arbítrio e que o homem foi feito tendo o bem e o mal diante de si para poder ter a oportunidade de fazer a escolha certa. Se ele a faz, muito bem, se não, ele merece sofrer. De acordo com esse modo de pensar, Deus seria uma espécie de supercientista insensível, realizando grotescos experimentos com Sua criação. Mas eu aprendi a pensar de maneira diferente sobre as escolhas n a vida.
É inegável que haja forças mentais que atuam na vida de cada um de nós. As mais insidiosas tentam arruinar gradativamente todo o bem de nossa vida. Se percebêssemos que essas terríveis forças são prejudiciais, certamente a maioria de nós não se deixaria dominar por elas. No filme "Os últimos rebeldes", o melhor amigo de Leonard nunca pretendera tornar-se nazista; ele apenas se deixou levar.
Muita gente hoje parece que se deixa levar por atitudes do tipo: a moral é uma coisa relativa, quem não for cínico é ingênuo, os bens materiais estão em primeiro lugar. É a pressão da turma, é a pressão da comunidade, parece ser legal. Mesmo sem perceber, alguém pode aos poucos ser levado a abandonar suas convicções naturais, sua defesa mental, e ficar à deriva, levado pela correnteza, num mar de opiniões divergentes e modismos frívolos. Então pode se sentir tentado a agarrar-se a qualquer atitude, apenas para ter a sensação de que tem convicções e faz parte de alguma turma.
Mas esse dilema não é inevitável. Se ficarmos firmemente arraigados nos já comprovados princípios do bem, como aqueles que Paulo recomendou, seremos capazes de lidar com qualquer situação sem perder a individualidade espiritual. Em outra de suas epístolas, Paulo explicou em detalhes o que é que nos permite permanecer equilibrados e seguros: "... o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas cousas não há lei" (Gálatas 5:22, 23).
Metade da batalha já está ganha quando sabemos que há em ação influências mentais pouco perceptíveis, às quais precisamos resistir. Uma vez despertado para esse fato, você pode, com algum empenho, enfrentar eficazmente essas influências, apegando-se firmemente ao "fruto do Espírito".
A escolha certa é uma influência para o bem!
E se alguém percebe que disse ou fez coisas que não estão absolutamente de acordo com seu caráter? Muitas vezes a tentação leva a justificar o mau comportamento ou então faz com que fiquemos nos condenando. Isso pode ser considerado um reflexo do orgulho.
Nesse caso, o melhor caminho a seguir é a humildade. Ao se arrepender, a pessoa pode orar para compreender qual foi a influência que a induziu a um comportamento indesejável, e então pode novamente expressar compaixão e integridade.
Em "Os últimos rebeldes". o personagem que Leonard interpreta não se torna nazista como seu amigo. Alias, no final do filme, ele toma uma corajosa posição contra a H.J. Leonard é salvo por sua natural compaixão e pela disposição de admitir suas próprias falhas. Essas qualidades dão a ele a força fundamental para se recusar a participar do mal, não importando quais possam ser as conseqüências.
Isso é como acontece na vida, não é? Nem todos são envolvidos por influências enganosas. só aqueles que ainda não descobriram que há dentro deles um firme ponto de apoio espiritual. Desenvolver esse ponto de apoio de integridade e compaixão, e ser fiel a ele, faz parte dos princípios de nossa herança judaico-cristã, que é centrada em Deus e não no eu. Paradoxalmente, é o altruísmo que abre o caminho para expressarmos com desprendimento e segurança nossa própria individualidade. Altruísmo esse que inclui aquelas qualidades recomendadas por Paulo, que extirpa o orgulho, e que coloca a Deus no centro de tudo.
A espiritualização eleva nossos pensamentos e ações acima da obstinação, bem como da vulnerabilidade. Dá-nos uma firmeza mental e moral que não pode ser arrancada de suas bases. Dá-nos a coragem de permanecer afastados das más influências da turma, quando a integridade assim o exigir. Então, em vez de ser influenciado para o mal, você será uma influência para o bem.
 
    
