Quando Comecei O ano letivo de 1993, como professora do jardim da infância, foi admitido em minha classe um garoto que tinha sérios problemas de comportamento. Aliás, a própria mãe o apresentou como alguém que não obedecia a ordens e que "era como o irmão mais velho", que diversas vezes já fora parar na delegacia de polícia. Durante as primeiras semanas, consegui controlar seu comportamento, mas ele ainda não compreendia que poderia optar por agir de maneira amorosa e obediente.
No dia da reunião que eu teria com os pais á noite, depois da aula, fui chamada na diretoria. A diretora disse-me que tinha acabado de receber um telefonema da mãe desse garoto, preocupada com a suspeita de que eu teria agredido fisicamente o filho. O menino tinha chegado em casa com uma grande marca vermelha no peito. Quando lhe perguntaram o que tinha acontecido, ele dissera que a professora tinha feito aquilo. A diretora sugeriu que os pais e a criança mostrassem a ela a tal marca, naquela noite. Enquanto isso, ela me pediu para dizer tudo o que eu pudesse me lembrar dos acontecimentos daquele dia, para identificar o que poderia ter causado o comentário do garoto. Eu estava perplexa. Não conseguia pensar em nada que pudesse ter causado aquela marca.
Faltavam apenas três horas para a reunião de pais. Durante esse período, eu tinha de assistir a duas horas de aula de Espanhol, por isso, telefonei a meu marido e pedi-lhe que entrasse em contato com uma praticista da Christian Science para ela orar por mim. Eu me sentia bastante abalada. Parecia que estava em risco toda a minha carreira de professora.
Durante a minha aula, uma profunda calma me envolveu, e vieram-me alguns pensamentos sobre o Amor divino, que eu tinha ouvido vários anos antes, durante uma palestra sobre a Christian Science. Compreendi que podia curar aquela situação expressando Amor, nada a não ser Amor. Quando retornei à escola para participar da reunião, senti-me completamente em paz. Meu marido veio para me dar apoio e compartilhou algumas idéias da praticista, que também estivera orando para saber que Deus e Suas idéias se amam umas às outras. Pude sentir o efeito tranqüilizador das orações da praticista e senti o desejo de transmitir amor àquele garoto e sua família.
Senti a presença de Deus, naquela sala, amando e protegendo todos os envolvidos.
Os pais e a criança chegaram em meio ao tumulto do movimento daquela noite. Conversei brevemente com eles numa pequena sala. Nessa ocasião, falei diretamente com o garoto, expressando meu desapontamento por ele não me ter falado nada na hora, sobre como eu o teria machucado. Recordei-lhe as regras da classe para resolver problemas: (1) falar com a pessoa que está perturbando ou machucando você, (2) informar à pessoa que você não gosta do que ela está fazendo, e (3) pedir por favor para parar com aquilo. Isso, eu expliquei, dá à pessoa a chance de corrigir seu erro e de ajudar aquele que foi prejudicado. Senti uma grande compaixão tanto pelo garoto como pelos pais, e sabia que Deus estava lá guiando-os e protegendo-os. Durante toda aquela noite, em que também a diretora conversou com a família e a criança mostrou a todos a marca no peito, posso honestamente dizer que não senti nenhuma raiva, nem ressentimento ou aborrecimento. Senti a presença de Deus, naquela sala, amando e protegendo todos os envolvidos.
No final da noite, fui para casa sentindo-me muito amada e cuidada por Deus. Falei rapidamente por telefone com a praticista e dormi tranqüilamente. No dia seguinte, quando começou a aula, mãe e filho estavam esperando por mim. A mãe queria que eu soubesse que ela havia conversado novamente com o filho sobre a marca, quando chegaram em casa. Eles concluíram que ela fora feita no início da semana, brincando com uma corda no quintal de casa. Ela queria que eu soubesse que eles estavam convencidos de que aquilo não acontecera na escola. O exame feito na criança pela enfermeira da escola, no final daquele dia, confirmou que aquele era, de fato, um machucado mais antigo.
Esse acabou sendo o ponto decisivo no meu relacionamento com aquele garotinho. O amor e a compaixão que eu sentira por ele naquela noite, levaram-me a encontrar um plano de disciplina que lhe permitiu fazer um grande progresso no seu autodomínio e ter consideração pelos outros. Ambos sentimos uma genuína afeição um pelo outro e tivemos, naquele ano, muitas atividades construtivas. Essa experiência tornou-se também um marco para mim no estudo e prática da Christian Science, pois muitas vezes me faz lembrar do poder sanador de apenas ser amor, nada a não ser amor.
San José, Califórnia, E.U.A.
 
    
