Depende do que entendemos por "diferente". SIM, ela vai ser diferente porque não será uma "cópia" da mulher do século passado nem mesmo da mulher da última década. Mas, basicamente, NÃO será diferente, pois a verdadeira feminilidade nunca se modifica.
Todas as gerações introduzem alguma coisa diferente: um novo estilo de cabelo, um novo comprimento para as roupas, novas carreiras, aspirações e oportunidades. Contudo, essas coisas logo são aperfeiçoadas, saem de moda, são substituídas ou mesmo descartadas. Aquele tipo de roupa, aquele estilo de cabelo, ou qualquer outra coisa considerada "a última moda" logo se torna ultrapassada. Mas as tendências da moda não definem a mulher nem seu verdadeiro propósito.
O verdadeiro propósito da mulher consiste em reivindicar e expressar as qualidades inatas que toda mulher (e todo homem) já possui. Esse propósito nunca foi mutilado, encurralado nem sufocado. Aliás, o que acontece muitas vezes é que, no momento em que enfrentam essas restrições, as mulheres descobrem a força interior e o impulso espiritual que as estimula a serem aquilo que elas são capazes de ser.
Um exemplo notável disso é o caso de uma francesa, que ficou conhecida por muitas pessoas, em todo o mundo, como "Madame Laure". Em sua adolescência, Irene Laure sentiu o impulso interior de fazer algo que pudesse ajudar os oprimidos. Ela arriscou sua vida, cuidando dos feridos na Primeira Guerra Mundial e tornando-se uma líder arrojada da Resistência francesa, durante a Segunda Guerra. Em 1946, ela foi uma das primeiras mulheres eleitas para o parlamento francês. Contudo, ela nutria um forte sentimento de ódio e vingança por aqueles que considerava inimigos.
Em determinada ocasião, ela foi convidada para uma conferência de paz, na Suíça.Chegando lá, ficou horrorizada ao saber que 150 mulheres alemãs, que ela tanto detestava só por serem alemãs, também participariam da conferência. No momento em que uma delas ocupou a tribuna para falar, Madame Laure se retirou em protesto, mas percebeu naquele momento que tinha de encarar o fato de que havia alguma coisa errada em seu procedimento. Ela começou a sentir que precisava de "uma experiência espiritual que quebrasse as amarras de aço que o ódio pelos alemães havia colocado em seu coração".All Her Paths are Peace, de Michael Henderson, Kumarian Press 1994, p. 21. Ela lutou consigo mesma durante dois dias e duas noites. Então, em sincera humildade, procurou uma das senhoras alemãs e, enquanto as duas trocavam experiências durante o café da manhã, ela a convidou para orarem juntas.
Esse primeiro passo levou-a à descoberta radical de sua verdadeira identidade. E também a dedicar muitos anos de sua vida a ajudar a curar as feridas de guerra, não apenas na Alemanha, mas também na Irlanda, no Camboja e em diversas outras partes do mundo.
O que Madame Laure descobriu, no meu entender, tem muito a ver com a verdadeira feminilidade. Essa natureza que não mudou através da história e que nunca mudará. É direito inalienável de toda mulher encontrar dentro de si mesma essa verdadeira feminilidade. E encontrar a coragem e a força para se libertar da instabilidade, da insegurança e da limitação.
Humildade, paciência, coragem, pureza, inteligência, gentileza, capacidade de perdoar, liberdade, são qualidades que definem a verdadeira natureza da mulher. Essas qualidades lhe pertencem agora, porque você é filha de Deus. Você as reflete de Deus. Por isso, essas qualidades não precisam ser adquiridas, precisam apenas ser expressadas. Não são atributos exclusivos de nenhuma idade, raça, localização geográfica, preparo educacional ou situação econômica. Não têm histórico humano de descaso, abuso ou insegurança. Não têm nada a ver com os genes ou com o ambiente em que a pessoa viveu. São qualidades espirituais universais, imparciais e eternas. São as dádivas de nosso Pai-Mãe Deus para cada uma de Suas filhas — e filhos!
A Epístola de Tiago, no Novo Testamento, nos assegura: "Não vos enganeis, meus amados irmãos. Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança" (Tiago 1:16, 17).
Todos estamos cientes dos desafios que as famílias enfrentam hoje em dia: o índice de divórcios aumenta a cada dia, o compromisso do casamento está sendo negligenciado, famílias são criadas com apenas um dos pais, mulheres abandonam seus filhos em favor da própria "liberdade", pais fogem às suas responsabilidades, e notícias sobre abandono e abuso de crianças são divulgadas diariamente pela mídia. Contudo, em meio a todas essas "mudanças" que querem nos dar a impressão de uma realidade assustadora, a natureza imutável do filho de Deus permanece inviolada.
Apegando-se a essa idéia, a mulher do século XXI pode encontrar as soluções de que necessita. Essas soluções estão à disposição de toda mulher que encontra seu verdadeiro propósito e descobre a satisfação que é inatacável. Essa descoberta é feita por meio da oração. Madame Laure certa vez comentou que ela e sua família tinham descoberto a necessidade do "silêncio", ou seja, a necessidade de ficarem calados e ouvir. Em outras palavras, a necessidade de orar. Mas, podemos confiar na oração?
Permitam-me contar como uma outra mulher, no início do século XX, encontrou a resposta para essa pergunta. Haviam-lhe dito que a morte de seus pais tinha sido "a vontade de Deus". Era difícil para ela amar esse conceito de Deus ou confiar nele, e por isso ela não acreditava que suas orações fossem respondidas ou tivessem o mínimo efeito.
Foi então que lhe deram um livro. Passando os olhos por ele, viu que o capítulo inicial intitulava-se "A Oração". O livro chamava-se Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras e o que mais intrigou aquela jovem foi o fato de ele ter sido escrito por uma mulher: Mary Baker Eddy. O fato em si já era interessante, pois se naquela época já era inédito alguma mulher emitir comentários sobre assuntos teológicos, quanto mais uma mulher escrever um livro sobre esse assunto.
Bastou ler aquele primeiro capítulo para que ela despertasse para o fato de que Deus era seu verdadeiro Pai-Mãe, e que a oração não era um processo de petição, mas o reconhecimento da totalidade de Deus, o Amor infinito, naquele exato instante. O pavor do futuro, o peso e mágoa do passado passaram repentinamente a ser encarados como nada mais do que meras sugestões negativas, sem qualquer poder para limitar sua experiência. Ela também percebeu a importância do "silêncio", de ficar calada e ouvir o "cicio tranqüilo e suave" de que tinha ouvido falar na Bíblia.
Esse livro que ela acabara de descobrir, Ciência e Saúde, forneceu-lhe uma nova abordagem da Bíblia. As obras do Mestre, Cristo Jesus, passaram a ser mais do que milagres feitos por um homem. Tornaram-se exemplos do que cada um de nós pode fazer. Ela descobriu a importância da lei de Deus, invariável, universal e eterna. Percebeu então a base moral dos Mandamentos e a liberdade que a obediência a eles proporciona. E essa percepção a ajudou a construir uma nova vida.
Naqueles primeiros anos do século, essa mulher teve a oportunidade de desafiar limitações e adentrar um campo de negócios que antes era totalmente vedado às mulheres. Esse fato trouxe, nos anos que se seguiram, bênçãos a muitas outras mulheres que abraçaram carreiras nesse campo. Para ela, a bênção mais imediata foi a de que pôde servir à humanidade como membro da direção de uma escola por 25 anos, e de sustentar uma família de três pessoas, sem o marido. Ela tinha uma qualidade maternal que fazia com que cada criança se sentisse querida. Seu exemplo serviu de modelo para os filhos, assim como para os netos e bisnetos.A base espiritual de sua vida inspirou cada um deles a reconhecer a importância da oração e o valor de sua própria natureza imutável. O "livro" que a abençoou continua a abençoar cada nova geração da família.
Mary Baker Eddy exemplificou, para muitos, a mulher que deu provas, de forma integral, do verdadeiro sentido de feminilidade. Em um artigo publicado num jornal de 1895, sob o título "Ponto de vista — A nova mulher", um repórter escreveu estas proféticas palavras, referindo-se à Sra. Eddy:
"Está próximo o 'tempo dos tempos', quando 'a nova mulher' irá subjugar o mundo todo com as armas da paz. Aí então a injustiça perderá seu amargor e a ingratidão, seu aguilhão; a vingança dará as mãos à piedade; e o amor habitará nas tendas do ódio; enquanto isso, lado a lado, parceiros em tudo aquilo pelo qual vale a pena viver, estarão o novo homem e a nova mulher" (Pulpit and Press, p. 84).
O século XXI oferece a oportunidade para o cumprimento dessa profecia. A verdadeira feminilidade está mostrando seu valor genuíno, não por meio de mudanças exteriores, mas através do reconhecimento da natureza imutável de cada filho de Deus. Cada mulher pode ser uma parte ativa nesse despertar mental e encontrar seu lugar e seu papel verdadeiro na vida.
