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O Evangelho de Marcos em nossa vida

Conflitos com as autoridades religiosas

Marcos 2:1-28; 3:1-6 (Terceira Parte)

Da edição de março de 1999 dO Arauto da Ciência Cristã


Após explicar a autoridade para o ministério de Jesus, o Evangelho de Marcos inicia sua narrativa desse ministério. As palavras do Mestre tocavam o coração das pessoas; suas demonstrações práticas de cura deixavam-nas maravilhadas e, em alguns casos, amedrontadas. As pessoas sentiam que seus ensinamentos tinham algo de novo e afluíam a ele de todos os lugares. Sua imensa popularidade também começou a atrair a atenção de líderes religiosos.

2:1-12 O primeiro conflito aconteceu em Cafarnaum, quando Jesus pregava em uma casa tão cheia de gente que alguns homens, conduzindo um paralítico, tiveram de fazer uma abertura no telhado para baixar o leito em que jazia o doente. Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: Filho, os teus pecados estão perdoados.

Embora fosse evidente que a necessidade era de cura, as palavras de Jesus sobre perdão faziam referência à relação direta, no pensamento, entre o pecado e a doença. Elas também despertaram a ira dos escribas que estavam assentados ali, que silenciosamente começaram a acusar Jesus de proferir blasfêmias, e pensavam: Quem pode perdoar pecados, senão um, que é Deus?

Assentados como hóspedes de honra, as autoridades religiosas faziam objeção às declarações de Jesus. Contudo, a frase na forma passiva "os teus pecados estão perdoados" reconhece um fato espiritual. Deus perdoa; essa é a palavra da verdade. Enquanto a lei associava o perdão ao ritual da purificação, Jesus compreendia que o perdão de Deus não dependia de procedimentos adotados no templo; ele podia manifestarse até mesmo em uma casa lotada de gente. Ao demonstrar a presença de Deus no mundo, de maneira totalmente nova, Jesus desafiou a crença de que havia fronteiras entre o sagrado e o secular.

Ele perguntou se era mais fácil dizer: Estão perdoados os teus pecados, ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito e anda? Os escribas sabiam que era mais fácil dizer palavras de perdão; contudo, que confirmação poderia acompanhar as palavras e provar que elas eram verdadeiras e que o perdão tinha sido realmente concedido? Proclamar mensagens de cura era muito mais difícil, pois a veracidade das palavras só podia ser provada se elas fossem acompanhadas pela cura. Se alguém podia fazer o que era difícil, ou seja, dizer palavras de cura que ficavam comprovadas pela cura imediata, então com certeza as palavras de perdão dessa pessoa eram dignas de crédito. Jesus disse então ao homem: Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa. E foi o que ele fez. Esse simples exemplo de cura forçou os escribas a também aceitar a evidência de perdão. Jesus não dizia blasfêmias; suas palavras eram verdadeiras.

2:13-17 O incidente seguinte fez com que o conceito de perdão se ampliasse. Jesus foi andando e disse a um coletor de impostos chamado Levi: Segue-me! Conhecidos por suas práticas desonestas e considerados impuros devido a seu contato diário com os gentios, os coletores de impostos eram desprezados por seus compatriotas e tratados como proscritos. O convite de Jesus para que Levi o seguisse, era mais uma transgressão dos limites estabelecidos pelas instituições religiosas.

Sem nada dizer, Levi se levantou e o seguiu. Jesus, ainda não se dando por satisfeito, sentou-se à mesa na casa de Levi, ... juntamente com ... muitos publicanos e pecadores. Recusando-se a manter distância de pessoas consideradas impuras, Jesus as incluía da maneira mais completa, oferecendo-lhes companhia e amizade, reconhecendo seu direito integral à participação no reino de Deus. Isso manifestava realmente o perdão na prática.

Mas os escribas e fariseus só conseguiam enxergar a ofensa, a transgressão perante a sociedade. Eles acreditavam piamente que essa aproximação causava poluição, impureza em todos os participantes. Por que é que um homem santo se tornaria deliberadamente profano? Ele agia como um judeu religioso, reivindicando a autoridade dada por Deus em seus ensinamentos e fazendo curas. Contudo, por ignorar as leis de pureza, ele ajudava a enfraquecer as mesmas tradições das quais fazia parte. O comportamento de Jesus era incompreensível para eles!

Percebendo que eles estavam confusos, Jesus lhes disse que ele não tinha vindo para louvar aqueles que eram sãos e que tinham uma relação correta com Deus, aqueles que não precisam de médico. Sua missão era incluir os que estavam perdidos, aqueles que precisavam de ajuda, aqueles que estavam doentes. Ele se voltaria para eles, possibilitando-lhes total participação no reino de seu Pai, porque ele não tinha vindo chamar justos, e sim pecadores.

2:18-22 O terceiro conflito foi relacionado com o jejum, um dos princípios do judaísmo, um símbolo de reforma e de arrependimento. Os judeus acreditavam que quando Israel se mostrasse merecedor, o Messias viria. Os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando, preparando-se para a vinda do reino dos céus. Jesus pregava que o reino dos céus estava próximo e conclamava ao arrependimento, e por isso eles perguntavam: Por que motivo ... os teus discípulos não jejuam? Acaso o jejum não era um aspecto natural do arrependimento?

Jesus respondeu com uma pergunta: Podem, porventura, jejuar os convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles? Sua mensagem proclamava que o dom gracioso de Deus já tinha sido dado. Apesar das falhas constantes de Israel, o Messias tinha vindo, dando início a uma época de jubilosa celebração. Ele rejeitava o conceito judaico de que tinham de ganhar o reino de Deus; ele expressava a aceitação de todos por parte de Deus e o amor incondicional dEle por todos.

Reconhecendo a disparidade mental, Jesus utilizava-se de verdades evidentes por si mesmas, extraídas da vida diária. Ninguém costura remendo de pano novo em veste velha ... Ninguém põe vinho novo em odres velhos. O velho não pode conter o novo; eles não são compatíveis. A vinda do reino dos céus e a nova ordem do ministério de Jesus não poderiam ser barradas por antigas formas ritualísticas, por leis opressoras ou pelos métodos materiais utilizados na prática tradicional judaica.

2:23-28 O quarto conflito ocorreu quando eles atravessavam em dia de sábado, as searas, e os discípulos, ao passarem, colhiam espigas. Os fariseus achavam que isso era uma violação ao mandamento divino de descansar no sábado, pois os discípulos estavam viajando, colhendo e debulhando espigas e preparando uma refeição! Eles disseram: Por que fazem o que não é lícito aos sábados? Obviamente eles esperavam que os discípulos parassem tão logo suas violações fossem observadas, pois todos os judeus deviam obedecer aos mandamentos de Deus.

Ao invés disso, Jesus respondeu com uma história contida no Antigo Testamento. Nunca lestes o que fez Davi, quando se viu em necessidade e teve fome ...? Como entrou na Casa de Deus ... e comeu os pães da proposição, os quais não é lícito comer ...? Como a situação de Davi era urgente, e havia perigo de vida, os escritos rabínicos tinham sempre justificado e inocentado suas ações. Evidentemente, Jesus e seus discípulos não estavam morrendo de fome, mas sua situação era premente; estava em jogo a vida de muitas pessoas que necessitavam de regeneração espiritual e cura. A mensagem de Jesus era nova; desviava-se dos antigos ensinamentos e já tinha suscitado oposição.

Ele tinha muito a dizer, mesmo sobre o sábado. O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado ... o Filho do Homem é senhor também do sábado. Sendo uma dádiva de Deus, o sábado havia sido estabelecido para o bem do homem, para ser honrado no espírito, não apenas na letra, da lei. E Jesus reivindicava a autoridade de determinar como o dia deveria ser usado no cumprimento de seu ministério e propósito. A urgência e magnitude dessa grande missão necessitava que eles trabalhassem sem parar, até mesmo no sábado.

3:1-6 O conflito final mostrará o que significa realmente "Senhor do sábado". Começa numa sinagoga com um homem que tinha ressequida uma das mãos. Talvez a mão estivesse ressequida desde o nascimento. Não era, evidentemente uma situação de emergência. E disse Jesus ao homem ...: Vem para o meio!

Aos que estavam presentes perguntou Jesus: É lícito nos sábados fazer o bem ou fazer o mal? Salvar a vida ou tirá-la? Sim, fazer o bem era lícito, mas se essa oportunidade fosse desprezada, isso significava, em essência, fazer o mal. Deixar aquele homem prisioneiro do mal seria negar a dádiva de Deus que era o sábado e seria negar a Jesus a oportunidade de expressar de forma completa a glória do desígnio de Deus para os seres que Ele criou. Então, disse ao homem: Estende a mão....e a mão lhe foi restaurada. Dentro do contexto de seu ministério, Jesus cumpriu o que declarara sobre buscar os perdidos e restaurálos à saúde, demonstrando assim a verdade contida em seus ensinamentos.

Mas os fariseus conspiravam logo com os herodianos ... em como lhe tirariam a vida. As facções religiosas e políticas não tinham vontade de analisar a mensagem de Jesus e uniram-se para conspirar contra sua vida. As palavras de Marcos são um profundo desafio para o leitor moderno, ao apresentarem os fariseus primeiramente como opositores da cura e em seguida como participantes de uma conspiração para matar Jesus. A ironia chocante reitera a incompatibilidade entre o velho e o novo, colocando ambos em rota de colisão entre si.

À medida que a história se desenvolve, Jesus continuará a transgredir os fundamentos das tradições religiosas, que os fariseus se esforçavam por preservar.

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