Uma nuvem de poeira envolvia a multidão, enquanto meu cavalo tentava novamente derrubar-me da sela. O sol escaldante do verão ardia impiedosamente sobre a campina.
Parei com meu cavalo debaixo da sombra escassa de alguns pinheiros crestados pelo sol e fiquei observando, muito nervosa, a cena à minha frente.
Na arena de chão batido, três cavaleiros, cavalgando bem rápido, tentavam separar três vacas do rebanho, buscando conseguir um desempenho melhor do que o da equipe que havia se apresentado antes deles. Eles participavam de uma competição chamada “prova de apartação”,* que é muito popular nos Estados Unidos entre os fazendeiros de todo o país e seus familiares. É uma competição que sempre acontece no verão.
Era a primeira vez que eu participava dessa prova, e me sentia muito nervosa. Meu cavalo, também inexperiente nesse tipo de competição, estava com muito medo das vacas, e seu nervosismo estava me influenciando. À medida que se aproximava a hora de eu participar da prova, meu medo ia aumentando. Por fim, decidi que não iria mais competir.
Levei meu cavalo para o estábulo, retirei sua sela e comuniquei minha decisão aos juízes e colegas de equipe. Meus amigos ficaram chateados e pediram que eu reconsiderasse minha decisão. Eu não quis voltar atrás e eles então foram para a competição sem mim. Mas, quando me afastei deles, muito aborrecida, comecei a me sentir uma tola por ter deixado que o medo levasse a melhor sobre mim, e por abandonar meus amigos no último minuto. Eu estava a ponto de voltar para a competição, quando me lembrei de que havia emprestado meu cavalo para um jovem cavaleiro.
Percebi que sentir pena de mim mesma não ajudaria em nada. Comecei a orar. Sabia que as pessoas cometem erros, mas que Deus está sempre pronto para nos dar a mão quando estamos em dificuldades. Lembrei-me então desta frase de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “A percepção espiritual traz à luz as possibilidades do ser, destrói a confiança em tudo, menos em Deus, e assim faz com que o homem seja, em atos e em verdade, a imagem de seu Criador” (p. 203).
Compreendi que eu tinha medo de competir porque estava confiando em minha própria capacidade de controlar o cavalo e de trabalhar em equipe, ao invés de colocar minha confiança em Deus.
Quando ponderei sobre essas idéias, não me senti mais desanimada. Fui ao encontro de meus amigos e os parabenizei por terem conseguido a melhor colocação entre os que haviam se apresentado até aquele momento. Mais tarde, gentilmente, me ofereceram outro cavalo. Era um animal treinado nessa modalidade de competição, e senti que era minha grande chance. Aceitei, com entusiasmo, o oferecimento, e cavalguei feliz para junto dos dois amigos que seriam meus colegas de equipe. Competimos duas vezes e nos saímos tão bem que garantimos a terceira colocação, concorrendo com outros 65 participantes da prova.
Naquela noite, sentei-me junto à fogueira que alguns cavaleiros haviam acendido e fiquei ouvindo as brincadeiras que os encarregados dos animais faziam. Para minha surpresa, um fazendeiro, muito conhecido na região, perguntou se eu gostaria de montar um de seus cavalos na próxima competição. Aceitei o convite na hora.
Eu me lembro com muito carinho do amor e da generosidade que senti naquele dia. Foi como um gentil lembrete de que o Deus amoroso cuida de cada um de nós o tempo todo.
*Prova de apartação: Formada por equipes de três pessoas. Há um rebanho de vinte e uma vacas. Os cavaleiros devem separar três cabeças de gado do rebanho e colocá-las em um curral do lado oposto da arena no prazo máximo de noventa segundos. A equipe que conseguir essa proeza em menos tempo será a campeã.
