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Não se envolva no sonho

Da edição de março de 2002 dO Arauto da Ciência Cristã


Vocês se lembram da cena que se passa na corte, no final de Alice no País das Maravilhas de Lewis Carroll, quando todas as personagens voltam a ser cartas de baralho? Até aquele ponto da história Alice estava imersa em seu sonho, caindo no poço ao seguir o coelho, nadando no lago formado por suas lágrimas, ficando incrivelmente pequena ou espantosamente grande e conversando com um gato que sorria muito. Na última cena a situação passa dos limites, e a Rainha de Copas exige: "Cortem a cabeça dela!" Nesse momento, Alice começa a se rebelar e vai despertando. De repente, ela percebe que não precisa ter medo daquelas personagens e exclama: "Vocês não passam de cartas de baralho!" Essa constatação acaba com o sonho e ela acorda.

A doença e o sofrimento podem ser comparados a um sonho. Mas como podemos despertar ou ajudar outros a despertarem desse sonho? Uma pessoa com experiência na prática da cura pela Christian Science certa vez observou a importância de não nos envolvermos no desenrolar de qualquer tipo de problema. Quando não nos deixamos envolver pelo testemunho dos sentidos físicos, ou seja, não ficamos analisando os detalhes do quadro que os sentidos apresentam, conseguimos pensar mais claramente e orar de maneira mais eficaz. O tratamento pela Christian Science não pode ser dado de modo eficiente se a pessoa que o ministrar estiver mesmerizada pelo sonho da outra pessoa. Ficar sob a luz da Verdade divina, sem temer as exigências da matéria, mantendo a serenidade e o equilíbrio espiritual, ajuda-nos a despertar a outra pessoa para a realidade do seu ser e para sua inteireza como imagem de Deus, fazendo com que ela se liberte do problema.

A Christian Science nos capacita a ver que a matéria não é verdadeiramente real, mas sim o estado subjetivo da suposta mente mortal, do pensamento mortal. Ciência e Saúde faz referência à natureza irreal e ilusória da existência material: "A existência mortal é um sonho de dor e de prazer na matéria, um sonho de pecado, doença e morte; e é como o sonho que temos quando dormimos, no qual cada um reconhece que sua condição é de todo um estado da mente" (p. 188).

Algumas vezes, ao dar tratamento pela Christian Science, eu me lembro da história de Alice no País das Maravilhas, e digo ao problema: "Ora, você não passa de uma carta de baralho!" Com isso, eu quero dizer que ele não é nada, é uma mentira, e com essa compreensão pode ser anulado.

Estar desperto para a verdade do ser, que destrói o erro, é estar desperto para a bondade e supremacia de Deus e para a identidade do homem, a qual, por ser Sua semelhança, é isenta de pecado e imaculada. É estar desperto para a origem divina e para a identidade espiritual do homem. A criação de Deus é imaculada e perfeita. Esse estado do ser genuíno e espiritual é expresso em harmonia constante, ininterrupta e sem variações. Essa ordem natural e celestial revela o homem e o universo como a eterna emanação do Amor infinito, da Mente divina. Por outro lado, o quadro mortal é um sonho, ou seja, uma divergência e uma deturpação da verdade, e é totalmente falso. A Christian Science nos mostra a distinção entre o sonho e a realidade.

Um amigo meu estava lendo um livro que estimulava o raciocínio, e que trazia as seguintes perguntas: "Quem é você?" e "Onde você está?" Enquanto falava comigo sobre o livro, que encorajava as pessoas a encarar a vida de uma maneira mais profunda, em vez de simplesmente aceitar a aparência superficial das coisas, meu amigo me fez essas mesmas perguntas. A princípio, eu não queria que ele pensasse que eu vivia fora da realidade, e então respondi: "Eu penso que sou eu mesma, e que estou num corpo, dentro de um carro, numa cidade, na Inglaterra, no mundo, em algum lugar do universo". Ao que ele comentou: "Mas sua resposta não está certa! Isso não é o que você realmente pensa!" E ele tinha razão. A minha resposta se referia ao local em que eu poderia estar no sonho, mas não à minha localização exata na verdade do ser. Então, voltando às perguntas, respondi com convicção: "Eu sou uma idéia que está na Mente, que é Deus". Para mim, essa resposta tem um significado profundo.

Quem é você e onde você está? Você é uma idéia espiritual, que está na única Mente que existe, ou seja, a Mente divina. Na verdade, você não pode nunca ser mais perfeito do que você é neste exato momento, e você nunca pode estar mais perto de Deus do que você está agora. Um reconhecimento constante de sua perfeição espiritual inata e de seu lugar exclusivo no plano de Deus o despertará, em certa medida, do sonho mortal, para a realidade de um conceito de existência mais saudável, mais feliz e mais livre.

A seguinte fábula ilustra a natureza ilusória e irreal da existência mortal. Um dia, o diabo estava se vangloriando, dizendo a um amigo que ele iria criar um mundo completamente novo. Seu amigo perguntou, então, que material ele usaria para criar esse mundo, ao que o diabo lhe respondeu: "Ah, eu não preciso de nada para criá-lo. Só preciso contar uma mentira a respeito do mundo real".

O mal imaginário não tem de fazer nada a não ser contar uma mentira a respeito daquilo que é real. As informações falsas que assimilamos, a ignorância e o medo se encarregam do resto. Não há nada de errado com o universo espiritual nem com o homem espiritual criado por Deus. Eles não precisam ser modificados. Eles são sempre perfeitos e constituem a única realidade. Só precisamos despertar para essa realidade.

Cristo Jesus subia ao monte e entrava em comunhão com Deus. Quando ele voltava para as cidades e vilarejos, estava tão imbuído da realidade espiritual de Deus e do homem, que sua obra de cura era feita sem esforço, de uma forma espontânea. Ele ensinava aquilo que sabia que era verdadeiro, ou seja, que o reino dos céus, ou Deus, está "próximo" e "dentro" de nós (Mateus 4:17; Lucas 17:21). Muitos despertaram e o seguiram e esse despertar continua, na medida em que as palavras do Mestre continuam sendo a verdade em ação. Ele se referia ternamente aos seus seguidores de todas as épocas como seu "pequenino rebanho". Ele também disse: "Não temais... porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino" (Lucas 12:32).

Jesus tinha plena consciência da presença de Deus e estava constantemente atento a ela. Sua espiritualidade o mantinha fora, isto é, afastado do sonho material. Quando ele se confrontava com o materialismo, ele sabia o que era verdadeiro e permanecia firmemente no reino de Deus. Ele compreendia que a recusa em descer ao nível desse materialismo desfaz o sonho do mal e traz a cura.

Eu percebi a importância de não me envolver no sonho certa vez, quando minha filha era pequena. Ela estava com muita dor de ouvido e muito aflita. Eu sabia que precisava me afastar mentalmente daquele quadro desarmonioso para poder pensar com clareza e orar.

Quando minha filha estava com dor de ouvido, afastei-me mentalmente para orar.

Eu me voltei silenciosamente para Deus, de todo o coração. Compreendi que somente o poder e o controle absolutos de Deus eram a realidade naquele momento; que Seu filho amado era espiritual, perfeito e puro. O medo, a infecção e a dor não tinham lugar, não podiam fazer nada e, portanto, não tinham existência no reino do Amor. Quando fiquei calma e me tranqüilizei, vi que minha filha havia adormecido. Então, eu a peguei no colo e a levei para a cama. Ela dormiu normalmente a noite toda. Ao acordar, estava muito bem, e era evidente que, durante a noite, o ouvido supurara naturalmente. Lemos no livro Ciência e Saúde: "Para evitar a moléstia ou para curá-la, é preciso que o poder da Verdade, do Espírito divino, destrua o sonho dos sentidos materiais" (p. 412). Foi exatamente isso o que aconteceu nesse caso com a oração.

A Christian Science penetra o mesmerismo de forma clara e precisa. O fato de a Mente divina ser única e ser tudo anula qualquer evidência que possa sugerir um poder separado de Deus. Essa verdade fundamental sustenta o tratamento na Christian Science. Com relação a qualquer pretensão de pecado ou de doença, o praticista sabe que nunca está lidando com uma realidade, mas com uma irrealidade que parece ser real. Em Ciência e Saúde lemos: "O mal é uma negação, por ser a ausência da verdade. Ele nada é, por ser a ausência de algo. É irreal, porque pressupõe a ausência de Deus, o onipotente e onipresente. Todo mortal tem de aprender que não há poder nem realidade no mal" (p. 186).

Com um grande sentimento de amor por Deus e pelo homem, nós podemos ficar imperturbados, quaisquer que sejam os sintomas. O fato espiritual de que Deus é o único poder é a base do tratamento em todas as circunstâncias. A Verdade é sempre eficaz. Não há problema ou situação que a Verdade não possa solucionar.

A afirmação de verdades espirituais específicas e a negação de seus opostos despertam o paciente, e fazem com que ele adquira uma noção mais elevada e mais espiritual das coisas. A percepção do que está por trás do problema, como, por exemplo, um medo latente, sentimentos de amargura ou ressentimento, nos levará ao fato espiritual específico que contraria o quadro material, e que é necessário para a cura. Com essa oração, a força da Verdade vai sendo compreendida e se tornando mais evidente. A Verdade penetra a mentira do erro com precisão inabalável. A força viva incansável de Deus está em ação.

O pensamento precisa mudar para que a cura se realize de maneira completa. Contudo, é a verdade espiritual e não a personalidade que desperta o pensamento adormecido. Ambos, paciente e praticista, despertam para a Ciência do ser e, à medida que fazem isso, colocamse fora do sonho material e adentram o reino do Amor. E o resultado disso é a cura.

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