Quantos anos você tinha quando experimentou um cigarro?
Tinha acabado de fazer 13 anos e estava começando uma aula de dança. Muitas pessoas ali fumavam e me ofereciam cigarros. Pensei: "Claro, por que não?" Daí, às vezes, eu fumava.
Então você começou por curiosidade?
Sim, exatamente. Todo mundo dizia: "Fumar é ótimo". Então, pensei: "Se eles todos gostam, deve ser bom mesmo. Um dia eu experimento."
E você gostou quando fumou?
Sim, realmente gostei. Achava muito legal. Era algo diferente.
O gosto era bom?
Para dizer a verdade, não. Mas aí, eu fumei o segundo cigarro, depois o terceiro e assim por diante.
Quando estava com fumantes, eles me ofereciam um cigarro no intervalo entre as danças e nos barzinhos. Comecei a fumar mais, até no banheiro da escola. As outras meninas iam comigo ao banheiro e fumávamos juntas.
Quando é que você decidiu parar?
Depois de uns três meses. Percebi que fumar era uma bobeira. Eu ficava tentando esconder dos meus pais, fazia outro caminho para chegar em casa e sempre tinha chiclete na boca, para que eles não percebessem que eu tinha fumado. Minha irmã já estava com suspeitas e dizia: "Você estava fumando, não estava?" Então, tentei parar.
Por que você não queria falar com seus pais sobre o assunto?
Bem, eu tinha medo. Sabia que eles seriam contra e não tive coragem de contar.
Você disse que tentou parar...
Sim, mas não deu certo. Às vezes, eu tentava dizer "não", quando meus amigos me ofereciam um cigarro. Mas diziam: "Ah, vá, você já fumou, por que está dizendo 'não' agora?" É por isso que não conseguia parar. Era uma coisa muito excitante, a aventura de fazer algo diferente, e eu queria estar com meus amigos.
E o que você fez?
Conversei sobre o assunto na Escola Dominical. Minha professora foi muito gentil e conversamos por um bom tempo. Ela me disse que passara por uma experiência parecida e procuramos juntas frases que me ajudassem em Ciência e Saúde e na Bíblia.
O problema não se resolveu depois da primeira aula. Conversamos diversas semanas. Mas, comecei a me sentir mais e mais segura depois de nossas conversas, até que percebi que eu sou alguém, mesmo sem os cigarros. Um cigarro não pode definir quem eu sou. Somos todos individuais e não precisamos ser como os outros para nos sentirmos bem. Meu ser, minha individualidade, é reflexo de Deus.
Você diria que a autoconfiança foi um fator que a ajudou a parar de fumar?
Sem dúvida. Acho que foi a coisa mais importante.
O que lhe deu a força para dizer "não" da próxima vez que lhe ofereceram um cigarro?
Bem, eu disse a mim mesma que não precisava ser como outra pessoa. Às vezes, eu simplesmente dizia "não, obrigada" e ia conversar com outros amigos, porque eu pensava: "Se eu ficar aqui e os outros fumarem de novo, vai ser pior e eu vou querer começar outra vez." No fim, acabei dizendo: "Não, não posso mais fazer isso. Não quero mais fumar e se vocês não aceitarem, vou sair com outros amigos." E eles acabaram aceitando.
Você acha que abriu mão de alguma coisa boa quando deixou de fumar?
Não, nem um pouco. Acho que ganhei algo. Foi simplesmente uma experiência que me mostrou que você pode ser legal e ser do jeito que você é, sem essa coisa, que é o cigarro. E nunca mais fiquei tentada a fumar.
Você diria que foi uma experiência importante de autoconhecimento?
Com certeza. Tenho muito mais autoconfiança do que antes.
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