Uma dona de casa veio ao poço buscar água. Sentado ali perto, encontrou um forasteiro que lhe pediu para deixá-lo beber de seu cântaro. Tudo muito estranho, pois, pela roupa e maneira de falar, via-se logo que se tratava de um judeu, e ela era uma samaritana, do povo de Samaria, considerado, pelos judeus, impuro e idólatra. Jamais um judeu normal pediria um favor a um samaritano. Muito menos um homem judeu se dirigiria a uma mulher desconhecida.
Mais de 700 anos antes, grande parte do povo hebreu, que morava na região, fora levado cativo para a Assíria. Os conquistadores haviam trazido outros povos para colonizar aquela área. Os recém-chegados haviam adotado em grande parte a religião dos judeus, mas a haviam mesclado com suas crenças anteriores. Presos à sua tradição, os judeus não se haviam misturado com eles e os consideravam impuros. Ao longo dos séculos, as duas comunidades haviam entrado em choque muitas vezes. Quando Neemias reconstruiu os muros de Jerusalém, os samaritanos haviam tentado sabotar a obra de várias maneiras. Quando Esdras empreendeu a reconstrução do Templo de Jerusalém, os samaritanos ofereceram ajuda, mas não foram aceitos. Em represália, tentaram impedir mais essa obra e construíram outro templo para eles próprios adorarem a Jeová em separado. Mas, a desavença não havia parado ali. A mulher, por certo, sabia que uns cem anos antes os judeus haviam destruído os lugares sagrados dos samaritanos. Provavelmente, foi tudo isso que ela lembrou quando respondeu ao forasteiro judeu.
Porém, Jesus (esse era o nome do judeu), não deu importância alguma aos ressentimentos e velhas inimizades. Foi direto ao que realmente importava: a mensagem espiritual que tinha para dar. Ele não viu um povo inimigo, mas sim alguém digno de receber a revelação do Cristo. A samaritana ainda tentou raciocinar com base no dualismo a que estava acostumada: “...nossos pais ... vós entretanto, dizeis...”, mas Jesus passou rapidamente por cima disso e falou do Pai. Sua missão era dar a conhecer a verdadeira natureza do Pai: “...vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é Espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (João 4:23, 24).
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