Até os 17 anos, meu rosto sempre havia estado coberto de acne. Era tão feio que as pessoas faziam piadas. Eu nem gostava de sair de casa.
Naquele ano, fui para a Cidade do México passar uns dias com um casal de amigos da família. Sabia que meu amigo (vou chamá-lo de Miguel) e sua esposa pertenciam a uma religião diferente da minha, e que Miguel tinha um trabalho ligado à igreja. Em sua casa, percebi que sua profissão era curar as pessoas — era praticista da Christian Science. Lia a Bíblia todos os dias e passava muito tempo respondendo cartas e atendendo telefonemas de pessoas que pediam ajuda. Comecei a questionar se ele poderia me ajudar.
Durante os seis anos anteriores, minha família havia me levado aos melhores médicos e dermatologistas de Mérida, onde vivíamos. Eu tomava remédios e aplicava uma medicação forte, mas a acne só piorava. Disseram-me que, mesmo se minha pele melhorasse, meu rosto ficaria com muitas cicatrizes, o que requereria cirurgia. Eu me sentia como um monstro. Mas, de certa maneira, sabia que meu amigo Miguel estava vendo algo em mim que eu não conseguia ver.
No quarto de hóspedes da casa, havia exemplares da revista El Heraldo (O Arauto, em espanhol). Peguei aproximadamente dez daquelas revistas e encontrei testemunhos surpreendentes de pessoas que oraram a Deus e foram curados. Eram relatos maravilhosos para um jovem como eu.
Decidi conversar com Miguel sobre meu problema de acne. Ele expressava muito amor e eu sabia que me ajudaria. Conversamos, longamente, sobre a minha relação com Deus. Ele a comparou com um raio de luz vindo do sol. Não existia nenhum sinal de escuridão, mancha ou marca feia naquele raio de luz (eu), porque vinha diretamente de Deus.
Mas, depois da nossa conversa, senti um desapontamento. Pensei que bastava lhe dizer “quero que você me cure”, e seria curado. Percebi que tinha de jogar fora a bagagem mental que há anos trazia comigo: a de que era feito de carne e ossos, de que minha pele era sensível, e de que o ar e certos alimentos poderiam me afetar. Não foi fácil.
Desde esse dia, a cada oportunidade que surgia, conversava com Miguel. Eu não sabia o que era um tratamento da Christian Science, por isso não lhe pedi por um. Contudo, ele sempre estava lá para tirar as minhas dúvidas e receios. Seguindo sua sugestão, comecei a ler o Novo Testamento. A passagem de que mais gostei, foi a de Jesus quando curou um leproso, porque me identifiquei com ele (Marcos 1:40-45). Então, comecei a acreditar que, se um leproso pôde ser curado, certamente eu também poderia. Esse foi o começo. Depois que voltei para casa, decidi suspender os remédios para acne. Continuei estudando a Bíblia e mantive contato com Miguel por telefone. Algumas semanas depois, ele me visitou e trouxe um exemplar de Ciência e Saúde. Na ocasião, pensei que por ser um livro enorme, nunca o terminaria. Mas, enquanto o lia, um novo mundo começou a surgir para mim e as coisas começaram a mudar. Eu não me via mais como carne e ossos. Conscientizei-me de que sou filho de Deus, espiritual, perfeito. Meu pensamento ficou repleto de luz
Poucos meses depois, a acne e as cicatrizes em meu rosto desapareceram completamente. Isso aconteceu há cerca de dez anos. Hoje em dia, sinto-me ótimo quando as pessoas dizem: “Você tem uma pele bonita.” Quando me olho no espelho, às vezes, acho que estou vivendo um sonho. Então, algo dentro de mim diz: “Não é um sonho. Você é perfeito”.
Mérida, Yucayan, México
