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Matéria de capa

A eficácia da oração no combate à violência

Da edição de julho de 2006 dO Arauto da Ciência Cristã


Diante dos acontecimentos que recentemente abalaram algumas cidades do Brasil, a edição radiofônica desta revista produziu um programa com questões sobre segurança e proteção proporcionadas pelo Amor divino. entrevistou em nossos estúdios em Boston.

Leide Lessa: Vemos tanta violência no mundo, como a guerra no Iraque, problemas de genocídio em Darfur, a guerra civil em Angola, que durou mais de 25 anos... Recentemente, no Brasil houve um sério problema de violência em alguns estados e mais de 100 pessoas foram mortas. Como a oração pode ajudar no combate à violência?

Heloísa Gelber Rivas: Para mim, volver-se a Deus é orar.

LL: Mas, e quando há vítimas em situações de violência na rua, por exemplo?

HGR: Encontramos consolo ao pensar na eterna presença de Deus, uma presença sólida, não fisicamente sólida, mas concreta.

Quando conseguimos entender que Deus e o homem nunca se separam, porque Deus é o Princípio que governa o universo inteiro, isso é oração. Esse universo de Deus é espiritual, infinito. O Princípio que o governa não é um super-homem, ou uma presença distante, mas o Amor onipresente.

Muitas vezes os povos perdem isso de vista ao adorar a Deus como algo finito, que tem forma. Aparece, então, uma adoração à matéria, que traz duas conseqüências: a incapacidade de reconhecer a presença de Deus, e um desejo por mais coisas, mais objetos, mais dinheiro, mais prestígio. Isso não traz felicidade e leva as pessoas a cobiçarem o que outros possuem. A satisfação vem quando a gente obedece ao mandamento de Jesus: "...amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Mateus 19:19). O Mestre tinha educação bíblica e era estudante das Escrituras do Antigo Testamento. Em Levítico existe o mandamento "Não te vingarás, nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Levítico 19:18). Jesus tinha esse ensinamento desde criança. Ele sabia que é importante amar o próximo como a si mesmo e obedecer à Regra Áurea: "Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a lei e os profetas" (Mateus 7:12).

Em Ciência e Saúde, Mary Baker Eddy escreve: "Em todos os tempos e em todas as circunstâncias, vence tu o mal pelo bem. Conhece-te a ti mesmo e Deus te dará a sabedoria e a ocasião para conseguires a vitória sobre o mal" (p. 571). Conhece-te a ti mesmo e a Deus, o bem infinito, o Princípio. Essa regra, ou lei que mantém o universo espiritual sempre presente, ajudará cada cidadão a vencer o mal em si mesmo e a diminuí-lo na sociedade.

Quando conseguimos entender que Deus e o homem nunca se separam, porque Deus é o Princípio que governa o universo inteiro, isso é oração.

Eu recomendaria a todas as pessoas, inclusive àquelas que foram vítimas de violência, a não tentar encontrar uma explicação para a violência, porque matar, ferir, roubar são atos nunca justificados. Existem outros meios para atender às necessidades das pessoas. Não é tirando o que pertence a outro que uma pessoa terá mais. É preciso reconhecer que Deus provê o bem infinito para todos. Volver-nos a Deus é buscar a justiça que está implícita no reino de Deus

LL: O que é Deus para que nos volvamos a Ele, ou ao Seu reino?

HGR: O que é o reino de Deus e a sua justiça? Jesus disse: "Buscai, antes de tudo, o seu reino, e estas cousas vos serão acrescentadas" (Lucas 12:31). Não é um reino lá no céu, etéreo, no além. Esse reino está na consciência de cada um de nós. É o senso de justiça como manifestação do Princípio divino, que traz o bem para todos. Podemos reconhecer que todos já têm tudo o que é bom, no universo espiritual de Deus, que está aqui, agora mesmo, apesar das aparências do contrário.

LL: Por que você disse que a violência nunca tem justificativa?

HGR: Porque não há ninguém que não tenha algo de bom no coração. Volto para a passagem de Ciência e Saúde. Se a pessoa se respeita a si mesma, reconhece seu próprio valor e aquilo que ela tem de bom, vai encontrar o bem por meios não violentos.

O auto-respeito que conduz ao respeito mútuo defende os direitos dos homens, dá validade à justiça humana como um reflexo da justiça divina, que se aplica a todos e requer conhecer-se a si mesmo e obedecer ao mandamento básico do Cristianismo: "ama ao teu próximo como a ti mesmo". A pessoa que ama a si mesma é realmente humilde. Humildade não significa pobreza, mas mansidão, ausência de arrogância e orgulho. Essa é uma arma que conquista sem ferir ninguém. É a couraça do amor.

A frase seguinte do parágrafo mencionado anteriormente, diz: "Revestido com a panóplia do Amor, estás ao abrigo do ódio humano" (ibidem, p. 571). O ódio é um fenômeno do pensamento humano, não uma realidade do pensamento divino. Quando o homem ouve aquela voz tranqüila que é a voz amorosa do Cristo falando à nossa consciência, ele age sem prejudicar ninguém.

LL: Essa ação é harmoniosa, repleta de bondade e amor?

HGR: Sim. Produz uma sociedade pacífica. O trecho acima continua assim: "O cimento de uma humanidade mais elevada unirá todos os interesses na única divindade".

Cimento é aquilo que dá solidez, base firme. Uma sociedade melhor é a esperança mais nobre de cada cidadão. O cimento de uma humanidade mais elevada confere a cada cidadão o direito à dignidade, ao bem-estar, a uma vida decente e um sentimento de paz consigo mesmo, com seus filhos, seus vizinhos, outro país e assim por diante.

LL: Sem dúvida, também com o resto da nação.

HGR: Esse é o cimento de uma humanidade mais elevada. Esse parágrafo guia o pensamento a enxergar um caminho viável. Pensar em tais idéias é orar pela sociedade. Seja em São Paulo, em Angola, no Iraque. Não importa onde. Ajuda a elevar a sociedade a um nível de justiça divina, do Principio divino, a lei universal que afeta o governo do país, do estado, da cidade, do cidadão ou da instituição.

Gostaria de repetir o parágrafo inteiro, já que falamos sobre cada uma de suas frases: "Em todos os tempos e em todas as circunstâncias, vence tu o mal pelo bem. Conhece-te a ti mesmo, e Deus te dará a sabedoria e a ocasião para conseguires a vitória sobre o mal. Revestido com a panóplia do Amor, estás ao abrigo do ódio humano. O cimento de uma humanidade mais elevada unirá todos os interesses na única divindade" (Ciência e Saúde, p. 571).

Em outra passagem do mesmo livro, a Sra. Eddy escreve: "O ódio humano não tem mandato legítimo nem reino" (Ibidem, p. 454). Ódio é sempre humano, nunca divino, pois no reino de Deus o ódio não existe e o reino de Deus é infinito. O que é um mandato? É um período de tempo em que alguém tem autoridade para exercer uma função. O ódio humano nunca tem mandato, nunca está autorizado.

LL: Por que o ódio não exerce nenhuma função?

HGR: Não existe nenhum período, no governo de Deus, em que exista um mandato que dê autoridade ao ódio, porque Deus é Amor. Então, o ódio humano não tem mandato legítimo nem reino.

Essa palavra reino vem da Bíblia porque as sociedades dos tempos bíblicos eram governadas por reis. O rei era o mais poderoso, aquele que conquistava, dominava e mandava em todo mundo. O reino pertencia a uma pessoa, uma dinastia ou uma família.

No reino de Deus, que é supremo, o ódio humano não tem território porque aquele que pretende reinar com ódio perde seu reino. O reino do Amor é indestrutível e eterno. Cada cidadão, cada idéia de Deus vive na consciência de Deus, que é o bem infinito. Deus é a Mente infinita que abrange todas as idéias que Ele criou. Nosso próximo também reflete Deus. Ao abrigo da panóplia do Amor, o reflexo do Amor divino se traduz em amor mútuo, que traz reforma, restaura e guia cada cidadão ao reino da harmonia.

LL: Sim, Ele criou tudo harmonioso. Gostaria de dar um exemplo de como apliquei esse conceito em minha experiência.

Quando morava em São Paulo, por duas vezes sofri assalto à mão armada. A primeira vez voltava para casa por volta de meia-noite. Estava vindo da casa de um amigo e tínhamos conversado muito sobre Deus. Meu amigo era de outra religião, mas tínhamos conversado sobre a bondade divina. Comparamos o que a Christian Science ensina como Deus com o que a religião dele ensinava. Voltei pensando em tudo isso e só tinha pensamentos bons e amorosos.

Estava sozinha e, quando saí do carro para abrir o portão de minha casa, fui abordada por dois rapazes que me mostraram uma arma. Pediram para que eu entrasse no carro, junto com eles, e o dirigisse. Comecei a orar e a vê-los como filhos de Deus. Então, tive o ímpeto de entrar rapidamente no carro e dar a partida. Atiraram, mas o tiro não atingiu meu carro. Saí ilesa da situação. Em seguida, passou uma viatura da polícia que me acompanhou até em casa e tudo terminou bem.

Alguns anos depois, aconteceu algo parecido, só que durante o dia. Eu estava com três de meus sobrinhos. Ao estacionar na porta da casa da minha irmã, quatro homens nos abordaram. Quando um deles me apontou uma arma e me pediu que eu lhe entregasse a chave do carro, a primeira coisa que pensei foi: "Você é um filho amado de Deus, Ele o ama neste exato momento". Conversamos um pouco mais e ele continuou mostrando a arma. Eu lhe entreguei a chave e eles partiram com o carro. Mas, no mesmo dia, o carro foi encontrado em perfeitas condições.

Tanto eu quanto meus sobrinhos saímos ilesos dessa experiência. Somos uma prova de que o Amor é uma panóplia que nos protege.

Humildade não significa pobreza, mas mansidão, ausência de arrogância e orgulho. Essa é uma arma que conquista sem ferir ninguém. É a couraça do amor.

HGR: Essa panóplia está presente na vida de cada um de nós. Volto ao que estava lendo antes: o "ódio humano não tem mandato legítimo nem reino". A frase seguinte diz que o "Amor está entronizado" (ibidem, p. 454), ou seja, o trono do universo é ocupado pelo Amor. O trono é símbolo antigo de poder e de domínio. Não é uma cadeira de ouro, mas uma presença infinita. O Amor infinito governa o mundo inteiro. Agora e sempre.

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