Capítulo 11
1-16 Os nomes Lázaro e Eleazar significam “Deus é meu socorro”, e eram comuns entre os judeus. O personagem bíblico desses versículos era um homem de boa posição social e não deve ser confundido com Lázaro, o mendigo, da parábola “O rico e o mendigo” (ver Lucas 16:19-31).
Aquele que foi ressucitado, morava em Betânia, que ficava a aproximadamente 3 km de Jerusalém, e foi um homem muito querido não apenas por suas irmãs, Marta e Maria, mas também por Jesus (ver João 11:3).
Naqueles dias, na Judéia, o pensamento antagônico ao Cristo estava muito presente (v.8). Por isso, Tomé, que significa gêmeo em hebraico, afirmou aos condiscípulos: “...morreremos com ele” (v.16). Ele expressava sua preocupação quanto a se exporem com Jesus ao perigo existente em Betânia.
17-37 Era costume da época que as pessoas de luto não saíssem de casa por sete dias, sentassem no chão ou em tamboretes baixos e recebessem visitas. Por isso, havia pessoas na casa de Maria e Marta.
Marta foi ao encontro de Jesus fora da vila onde morava, pois pensava ser necessária a presença física de Jesus para que a cura se efetuasse. Logo depois, Jesus explicou que a ressurreição era possível para quem confiasse nos seus ensinamentos. Daí o fato de que a cura pode acontecer em todas as épocas, inclusive hoje.
Jesus mandou chamar Maria e lhe disse “...Eu sou a ressurreição [ato de levantar] e a vida” (v.25) para que ela saísse deixasse de lamentar e percebesse a realidade espiritual dos ensinamentos que havia recebido durante as visitas de Jesus à sua casa.
O pensamento crítico em relação às ações de Jesus se revela no questionamento de alguns dos presentes, quando perguntaram como ele permitira a morte de Lázaro, visto que dera outros sinais, como a cura de um cego (v.37).
38-44 Os versículos 33 e 38 dizem que Jesus “agitou-se”, o que mostra que ele não queria se envolver no estado de tristeza daqueles que o rodeavam. Diante da incredulidade dos presentes, Jesus pediu que removessem a pedra da frente do túmulo, para que nada pudesse impedir a visão daquilo que aconteceria.
Mais uma vez, em desacordo com as regras humanas da época, ele agiu conforme a inspiração do Princípio divino..Levanta os olhos e, sem olhar para o túmulo, exclama: “...Pai, graças te dou porque me ouviste” (v.41). Assim disse para o povo saber que seu poder vinha de Deus.
O Mestre ofereceu o milagre como prova de Sua missão divina. Disse em voz alta: “...Lázaro, vem para fora...” (v.43). Assim falou para que todos o ouvissem e não tivessem a impressão de que se tratava de algo mágico ou supersticioso. Lázaro obedeceu à ordem do Cristo, levantou-se e saiu do túmulo (v.44).
47-57 O Sinédrio era um concílio de 71 membros, composto por anciãos, escribas e familiares dos sumos-sacerdotes judeus. As causas mais importantes eram julgadas nesse tribunal. Caifás, era o sumo-sacerdote e, portanto, chefe do Sinédrio; exerceu um cargo político por dezoito anos.
Depois da ressurreição de Lázaro, essas autoridades judaicas se reuniram para decidir o que fazer com Jesus, pois sentiam que o poder político delas estava ameaçado pela influência do Mestre sobre o povo.
A agitação política da época era conseqüência do domínio romano sobre os judeus. Com medo de uma eventual repressão romana ao alvoroço que Jesus causava, Caifás argumentou que era melhor “que um só homem morresse pelo povo, para que não perecesse toda a nação” (ver v.50). Como era um líder religioso judeu, pareceu que profetizava a morte de Jesus. Porém, movido pela sabedoria divina, o Mestre se retirou para uma região próxima.
Como a Páscoa estava próxima, os membros do Sinédrio especulavam se Jesus participaria das comemorações em Jerusalém, para prendê-lo.
Capítulo 12
1-11 Nardo é uma planta de onde se extraía um óleo muito usado naquela época, de alto custo e com perfume delicioso. O que Maria fez não era comum, pois ela derramou o óleo sobre os pés de Jesus, quando o usual seria ungir sua cabeça, e usou os cabelos para secá-los. Naquela época, uma mulher de respeito não mostrava seus cabelos em público. Além disso, só os servos limpavam os pés dos convidados. Tal gesto demonstrou a humildade de Maria e seu respeito pelo Mestre.
O Evangelho de João enfatiza as características negativas de Judas. Este observou que o perfume era muito valioso e que o dinheiro de sua venda seria mais útil aos pobres (v.5). Judas estimou o valor em 300 denários, equivalente a um ano de salário. Ele era o tesoureiro do grupo, ou seja, o encarregado de arrecadar dinheiro e pagar as despesas. Porém, ele não exercia esse cargo honestamente.
Muitos judeus estavam em Jerusalém para a festa da Páscoa. Todos queriam ver Lázaro, pois a notícia de sua ressurreição se espalhara, o que aumentara o prestígio de Jesus. Além de matar Jesus, os principais sacerdotes resolveram matar Lázaro também.
O ramo de palmeira era um símbolo nacionalista da Judéia, usado para celebrar vitórias militares. Aqui há um contraste interessante pois, ao mesmo tempo em que Jesus é recebido com ramos de palmeira, como se fosse um líder militar, um libertador dos judeus do domínio romano, ele chega montado a jumento (os guerreiros utilizavam cavalos fortes ou carros de guerra), o que confirmava que Jesus era um homem de paz.
20-36 Chamar os helenistas de “alguns gregos” (v.20) era uma maneira pejorativa de se referir aos judeus que falavam grego. As palavras de Jesus nos versículos 23 a 28 passam uma mensagem de transformação e de vida.
37-50 João foi o discípulo que melhor percebeu a natureza divina expressa nas obras de Jesus. Em seus escritos não fez clara distinção entre a “glória de Deus” e a “glória de Jesus”, o que, com o passar do tempo, justificou a afirmação equivocada de que Jesus era Deus. Jesus sabia qual era sua missão: transmitir a palavra e ser uma luz para o mundo.
Bibliografia:
Zondervan NIV Study Bible (Fully Revised), 2002, The Zondervan Corporation, USA; Quem é Quem na Bíblia Sagrada, 1999, Editora Vida; The New Westminster Dictionary of the Bible, 1974, The Westminster Press, Philadelphia, Pennsylvania, USA; Comentário Bíblico Atos: Novo Testamento, 2005, Editora Atos, Belo Horizonte, MG, Brasill; Bíblia Online 3.0, Sociedade Bíblica do Brasil, Módulo Avançado, ISBN 85-311-0501-3, www.sbb.org.br; Bíblia de Estudo Plenitude, João Ferreira de Almeida, Edição Revista e Atualizada, 2005, Sociedade Bíblica do Brasil.
