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O poder do Amor cura estereótipos

Da edição de outubro de 2007 dO Arauto da Ciência Cristã


É maravilhoso não ter de aceitar limitações a respeito de nós mesmos ou dos outros. Como professora do Ensino Fundamental em uma escola para estrangeiros no Brasil, tenho oportunidades diárias de ver a cada aluno como sendo capaz, livre, completo, gentil, pacífico e disposto a aprender, ou seja, como o reflexo do maior e único Professor, Deus.

Em certo sentido, o aprendizado não depende de mim nem deles. Todos aprendemos e ensinamos naturalmente, porque isso nos é inato, foi com essa natureza que Deus nos criou. Como reflexos de Deus, fazemos apenas aquilo que é parte do propósito dEle para nós. Exatamente como uma laranja só pode ser uma laranja e não um carro ou um vegetal, nós podemos ser somente as idéias boas, inteligentes e perfeitas de Deus, de forma ativa. Essa é a nossa ação espontânea.

Ver os alunos, os administradores, os demais professores através da lente da Ciência Cristã, como sendo perfeitos, amorosos, dignos de ser amados e sábios, aumenta minha sensibilidade às suas necessidades e minha capacidade de suprí-las. Mesmo sem conhecer plenamente os problemas, com o Amor divino, sinto-me pronta para encontrar as soluções.

Encorajo os alunos a ver que são capazes e que não é preciso ter medo de fazer algo. Sempre que é preciso, converso com cada um e afirmo verbalmente: “Você é de descendência muito nobre”, “essa é a sua essência, sei que você vai conseguir”. É recompensador ver os alunos ultrapassarem limites impostos por eles mesmos ou pelos outros.

Há alguns anos, passei por uma experiência que abençoou muito a todos. Recebi em minha classe da primeira série do Ensino Fundamental um menino que vinha de outra escola particular, onde havia estado muito infeliz e tivera muitos problemas. Ele usava óculos e aparelho auditivo nos dois ouvidos. Era muito importunado pelos colegas e, como revidava fisicamente às provocações, armava encrencas.

A disposição constante de procurar e afirmar o bem que eu via naquele aluno e no resto da classe começou a render dividendos. A classe começou a ter a expectativa de manifestação do bem por todos, ao invés de esperar as reações de um colega mau ou esquisito.

Além de precisar lidar com o ressentimento dos colegas, ele tinha dificuldades de aprendizado por não conseguir ouvir claramente tudo o que era dito em sala de aula. Ele tinha algumas falhas no couro cabeludo, devido ao estresse e à ansiedade que sentia. Na classe, às vezes, ele se furava com um clipe de papel, ao invés de participar da aula. Soube mais tarde que ele tinha pesadelos durante a noite, o que o fazia urinar na cama. O conceito que tinha de si mesmo era negativo e incorreto.

Ele era mais alto e mais velho do que o resto da turma. Sentia-se pouco à vontade por estar em uma nova escola, pois temia que essa experiência fosse semelhante à do colégio anterior.

Percebi que ele tinha capacidade para liderar e lhe perguntei se não gostaria de ser o representante da classe, um modelo no qual os outros alunos pudessem se espelhar. Ele ficou muito surpreso, uma vez que ninguém antes o havia visto dessa maneira. Relutantemente aceitou, contando-me que talvez não fosse a pessoa certa para o cargo, pois sempre criava confusões. Respondi-lhe que eu reconhecia um líder só com o olhar e que ele era um deles. Disse-lhe também que nada me enganaria nem me faria mudar minha forma de pensar.

Às vezes, enquanto fazia seu dever de classe, de forma repentina e involuntária, soltava altos gritos. Eu, imediatamente, afirmava que a Mente era a única motivadora, a qual governa cada um de nós, sempre. Então, dirigia-me até sua carteira, colocava minha mão gentilmente em seus ombros e, de maneira muito tranqüila, dizia-lhe que ele estava bem e que eu me sentia feliz por ele fazer parte daquela turma.

Cada vez que isso ocorria, eu reconhecia que ele, como filho de Deus, expressava perfeição e paz continuamente. Compreendi que seu passado não poderia interferir no fato de ele ser um filho amoroso, equilibrado e maravilhoso de Deus.

Sempre que surgia uma oportunidade, ressaltava as qualidades daquele aluno, bem como as do resto da classe. Essa disposição constante de procurar e afirmar o bem que eu via nele e no resto da classe começou a render dividendos. A classe começou a ter a expectativa da manifestação do bem por todos, ao invés de esperar as reações de um colega mau ou esquisito. Cada um era precioso e amado por suas qualidades únicas. Depois de certo tempo, aquele aluno parou de agir de forma agressiva ou de gritar em sala de aula.

Sua mãe me contou que, a cada manhã antes de ir para a escola, ele passava muito tempo tentando cobrir as falhas no couro cabeludo com as poucas mechas de cabelo que lhe restavam, penteando-as com gel. Ele era muito sensível a esse problema. Um dia, após o recreio, enquanto os alunos estavam sentados ouvindo uma história, as meninas gentilmente começaram a recolocar no lugar as mechas de cabelo que haviam ficado em desordem. No início, ele ficou tenso, mas compreendeu que isso estava sendo feito com o maior amor e cuidado. Podia-se perceber serenidade em seu semblante. Logo depois disso, seu cabelo voltou a crescer.

Sempre que se furava com algo cortante, eu retirava dele o objeto, rápida e gentilmente. Dizia-lhe o quão valioso ele era e que ele tinha liberdade para se proteger e cuidar de si mesmo. Ele era digno dessa proteção. Afirmei-lhe que Deus não criaria um filho tão maravilhoso como ele para depois, de algum modo, destruí-lo ou feri-lo. Ele ficava um tanto envergonhado e me dizia que gostava de se furar. Em meu pensamento, eu reconhecia que o homem, como filho de Deus, não possui nenhuma tendência destrutiva e expressa somente amor, tanto para consigo mesmo como para com os outros. Esse problema também desapareceu depois de algum tempo.

Soube que os pesadelos, a insônia e o problema de urinar na cama sumiram após uns três meses que aquele aluno estava em minha classe.

Naquela ocasião, ele recebeu dois hamsters de presente, os quais sua mãe doou para a escola. Os alunos os chamaram de “Raio de Sol” e “Pequena Cinzenta”. Raio de Sol era muito gentil e fácil de ser segurado, mas Pequena Cinzenta era o oposto e mordia a cada chance que tinha. Os alunos tentaram fazer amizade com os dois, mas logo se tornou óbvio que preferiam Raio de Sol.

Certo dia, um menininho disse à classe que ele não gostava da Pequena Cinzenta, porque ela era e sempre seria uma hamster maldosa, portanto ele não tentaria mais fazer amizade com ela.

Contudo, o aluno que antes apresentava problemas pulou na frente da gaiola com os braços abertos, de modo protetor. Ansioso, disse a todos que eles simplesmente não compreendiam, não sabiam o que a hamster devia ter passado antes de chegar à classe. A Pequena Cinzenta estava apenas com medo. Tudo o que ela precisava para mudar de comportamento era o amor contínuo dos alunos. Era como se ele falasse sobre a sua própria experiência.

A classe decidiu amar a hamster e cada aluno passava algum tempo diariamente conversando com ela de forma gentil, procurando ver nela somente boas qualidades. Em menos de um mês a Pequena Cinzenta não mordia mais, subia pelos braços das crianças e se aninhava no pescoço deles. Ela continuou a ser um bichinho manso.

Essa foi uma lição para todos nós, a de nunca desistirmos de amar alguém. Também nos mostrou o poder maravilhoso do Amor. Gosto da citação que tenho sobre minha mesa, a qual se aplica não somente ao ensino, mas a cada aspecto de nossa vida: “Procure o bem e você o encontrará”.

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