Há pouco tempo, tive a oportunidade de trabalhar em um projeto por sete meses na Venezuela. Foi uma experiência muito boa, pois colaborou para meu aperfeiçoamento profissional, mas também desafiadora, o que me deu a oportunidade de crescer espiritualmente e aplicar o que aprendo na Ciência Cristã. Uma situação, em especial, ajudou-me a compreender melhor o significado da palavra fé.
O período do projeto foi bastante corrido e de muita demanda, mas o resultado foi gratificante. Quando faltavam apenas duas semanas para o fim do projeto, veio-me a idéia de sair de férias imediatamente após seu término. Planejei um roteiro que me possibilitaria encontrar minha namorada, que também estava em outro país. A decisão foi tomada muito em cima da hora, mas eu acreditava que seria uma boa oportunidade de conciliar uma viagem de lazer e um merecido descanso, após o trabalho no projeto. Expus a idéia para meu chefe, que atendeu prontamente ao meu pedido de férias, o que entendi como um reconhecimento do trabalho bem feito. O próximo passo seria mudar a passagem de volta para o Brasil.
Por ser um período de férias no país em que estava, a procura por vôos era bastante alta. Mas, ainda assim, fui à companhia aérea com a certeza de que haveria um lugar para mim, principalmente porque tudo estava se encaixando perfeitamente. Ao solicitar a mudança de itinerário, me comunicaram que eu deveria pagar um valor a mais (além da taxa de remarcação) apenas por que o sistema entendia que eu estava "saindo e voltando ao vôo", e como ele estava lotado, esta "volta" deveria ser feita em outra tarifa mais cara. Eu não considerei aquilo justo. Conversando com a atendente, ela comentou que havia a chance de surgir uma vaga no vôo nos próximos dias, o que viabilizaria a alteração sem que precisasse pagar o valor extra. Optei por tentar novamente no dia seguinte e voltei para o hotel.
À noite, ao pensar no que havia ocorrido, concluí que deveria ter aceitado pagar a taxa adicional. Estava arriscando a minha chance de realizar uma viagem de férias por conta de uma taxa muito inferior ao valor que pagaria por uma passagem nova. Voltei à agência no die seguinte para efetivar a mudança e a mesma atendente me disse que já não havia mais lugar no vôo em nenhum dia próximo à data desejada e que o úncio lugar disponível seria na classe executiva, a um custo absurdamente superior. Naquele momento, eu comecei a ver todos os meus planos de viagem se desmoronarem. Perderia minhas férias e teria de voltar para casa, além de desperdiçar outro trecho aéreo que já havia comprado para ir ao encontro de minha namorada. Após ver frustradas todas as alternativas que estavam ao meu alcance, voltei novamente para o hotel, sem ter alterado a passagem. Isso aconteceu em uma terça-feira e eu gostaria de viajar na manhã do sábado seguinte.
No meu quarto, comecei a ler a Lição Bíblica Semanal, composta por trechos da Bíblia e de Ciência e Saúde, e a orar a Deus, como aprendemos na Ciência Cristã. Constatei que tudo havia sido encaminhado tão perfeitamente e que essas férias não pareciam fruto de vontade humana; sobretudo, Deus não faria um plano que fosse menos que perfeito. Sob esse ponto de vista, não me parecia justo considerar a existência de alguma situação que não estivesse totalmente sob o controle de Deus.
No dia seguinte, quarta-feira, retornei à companhia aérea e a situação não havia mudado. Novamente, voltei-me a Deus em oração para buscar inspiração. Então, lembrei-me da definição de fé dada na Bíblia: "...a fé é a certeza de cousas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem" (Hebreus 11:1). Isso me fez pensar sobre o significado real de expressar fé: saber que as coisas acontecerão segundo a lei de Deus, mesmo que ainda não as vejamos. Expressamos fé, quando confiamos unicamente nos sentidos espirituais, sem nenhuma influência dos sentidos humanos. Se meu plano de viagens havia sido concebido espiritualment, ele seria harmonioso do princípio ao fim. Disso deveria consistir minha fé, mesmo que, naquele momento, as evidências se apresentassem desfavoráveis.
Absorvido nesse pensamento, passei a recusar qualquer sugestão de desarmonia e de que o desejo justo de tirar férias poderia ser prejudicado. Na quinta-feira, voltei à companhia aérea. Enquanto esperava para ser atendido, pensei que, como conseqüência de fé, eu poderia refletir a calma que a dúvida do futuro tentava obscurecer. Ter a "certeza das coisas que se esperam" é ter a mesma confiança antes e depois de algo acontecer, sem duvidar. É como, por exemplo, quando acendemos a luz em um quarto escuro: antes de acendê-la não temos dúvidas que ela tomará o lugar da sombra quando for acesa. Além de me acalmar plenamente durante a espera pelo atendimento, esse pensamento também me trouxe uma grande alegria por confiar que estaria saindo de férias. A mesma pessoa do dia anterior me atendeu e me informou que a situação ainda não havia se revertido.
Esta noção clara de fé não permitiu que me preocupasse com a situação, mesmo faltando pouco mais que 24 horas para o meu vôo de saída do país. Na sexta-feira, eu mantive guarda no meu pensamento para não consentir que nenhuma sugestão de dúvida pudesse me desviar daquela posição mental, estabelecida na fé. Ao sair do trabalho, fui para a companhia aérea e solicitei a alteração do destino como já havia feito nos outros dias. A atendente checou o sistema e, de repente, abriu um grande sorriso e disse: "há lugar no vôo"! Enquanto fazia as verificações para a mudança da passagem, ainda me informou que eu não precisaria pagar a taxa extra que ela havia indicado no primeiro dia. Quando escutei isso, ficou claro para mim o plano perfeito estabelecido por Deus. Tive uma grande oportunidade de viven-ciar a justiça divina e de aprender mais sobre o conceito de fé, tão fundamental para a compreensão e prática da Ciência Cristã.
O restante da viagem continuou sendo a manifestação da presença e harmonia de Deus em todos os aspectos!
