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Matéria de capa

Aceite o inaudito dom!

Da edição de dezembro de 2008 dO Arauto da Ciência Cristã


Esta amada canção de Natal: "Ó tu, aldeia de Belém", menciona, em seu último verso, o "inaudito dom" de Deus. No nascimento de Jesus, anjos anunciaram esse dom aos pastores. Qual é esse precioso dom dado à humanidade? É o jorrar contínuo do amor infinito e incondicional de Deus, que criou a todos nós para expressar Sua glória e majestade, para sermos seus próprios filhos e filhas. O Natal é um lembrete do relacionamento que cada um de nós tem com Deus, nosso divino Pai, e que foi tão maravilhosamente exemplificado na vida de Cristo Jesus.

Nos primeiros versículos do primeiro livro da Bíblia, Gênesis, lemos que Deus, sendo perfeito, deu origem a uma criação perfeita. Esse universo espiritual reflete a substância divina, infinita, do Espírito, que é o Amor perfeito, imparcial e incondicional. Partindo dessa compreensão a respeito da criação, percebemos que todo o bem nos foi dado como nosso direito inato como filhos de Deus. Tudo o que possamos necessitar está suprido como um dom, uma vez que nossa felicidade, alegria e perfectibilidade fazem parte do projeto original de Deus.

Além disso, tendo em vista que somos idéias individuais e espirituais do Amor infinito e que Deus "...nos amou primeiro" (1 João 4:19), vivemos perpetuamente na consciência do Amor. Contudo, como os dois irmãos na parábola de Jesus sobre o filho pródigo (ver Lucas 15:11-32), nem sempre se reconhece esse fato. Na história, o filho mais novo pede sua parte da herança e abandona o lar. Ele desperdiça essa herança monetária "vivendo dissolutamente" e acaba empobrecido e falido moralmente. Então, "caindo em si", reconhece que até mesmo os servos de seu pai têm uma vida melhor do que a dele. Portanto, humildemente ele volta para casa e pede para não ser perdoado e reintegrado como herdeiro, mas para ser apenas um servo. Seu agradecido pai lhe dá as boas-vindas, não como a um servo, mas com braços abertos e uma festa de gala. Ele o recebe como um filho com todos os seus direitos.

Esse filho querido aprende algo sobre o amor firme e constante que seu pai tem por ele, um amor tão grande e intocado pelas circunstâncias pecaminosas nas quais o filho se envolvera, que, mesmo naquela ocasião, inspira o jovem e o impele a voltar para casa. Ele aprende que o amor do pai por ele é um dom eterno, por isso jamais pode ser perdido ou desperdiçado.

Quando o irmão mais velho, o qual havia permanecido lealmente em casa trabalhando de forma obediente, enquanto seu irmão mais moço dissipava o dinheiro do pai, descobre a grande festa em homenagem a seu irmão, fica furioso. Ele enfrenta seu pai e o lembra do deslize moral do irmão e de sua própria retidão.

Esse filho também é ternamente tocado pelo amor imparcial e completo do querido pai, que lhe assegura: "Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu" (Lucas 15:31). Esse filho também necessitava reconhecer seu direito de nascença, sua identidade verdadeira como o filho amado de seu pai. Ele aprende que o amor de seu pai não tem de ser adquirido, porque é um dom eterno.

O objetivo dessa parábola de Jesus foi o de ilustrar como o amor de nosso Pai celestial se assemelha ao amor do pai dessa parábola. Esse doce amor não inclui nada fortuito, nenhuma mutabilidade ou instabilidade. É um amor incondicional que envolve a cada um de nós, de forma terna e compassiva, apesar de quaisquer pecados que possamos ter cometido. Toda a criação é mantida nesse Amor todo-abrangente, benevolente e consolador. Esse amor não pode ser deturpado ou desvirtuado. Ele é simplesmente um poder sempre-presente, disponível a todos e nunca é negado a ninguém. Uma vez que o Amor divino é o único Criador e deu origem a toda a criação infinita para que esta manifestasse sua bondade inexaurível, tudo o que possamos necessitar para uma vida abundante já foi provido a cada um de nós, quando fomos criados. O Salmo 23 fala desse relacionamento e dessa provisão: "O Senhor é o meu pastor; nada me faltará". No final, o Salmista reconhece a provisão infinita de Deus, e declara com clareza: "...o meu cálice transborda. Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre" (Salmos 23:1, 5, 6).

Vislumbrei algo sobre esse terno amor há alguns anos, quando orava para obter uma compreensão mais profunda a respeito de Deus e do meu relacionamento com Ele, o qual inclui suprimento abundante.

À medida que orava, comecei a aceitar mais o amor incondicional de Deus por mim e a ver mais evidências desse amor em minha vida. Por exemplo, precisava de uma passagem aérea para um programa de treinamento em um cargo na igreja, do outro lado do país, para o qual havia sido nomeada. Embora não tivesse nenhum dinheiro no orçamento para essa viagem extra, um casal me cedeu generosamente algumas milhas de seu programa de milhagem. Senti-me encantada e muito grata por essa amorosa provisão. Entretanto, quando retirei o bilhete, descobri que era para um assento na primeira classe. Portanto, não somente esse fora um dom, mas um dom bem abundante, exatamente como o filho pródigo que fora recebido com inúmeros presentes na forma de roupas e anel! Senti que estava "impregnando-me" no doce e generoso amor de Deus.

Mais tarde, tive a oportunidade de compartilhar com minha filha o que havia aprendido sobre o dom do amor de Deus. Pelo que achava tivesse sido uma inspiração, ela havia pedido demissão do emprego. Era uma jovem casada e acabara de seu segundo filho. Tinha a intenção de largar o emprego completamente, mas então se deu conta de que sua família não poderia passar sem seu salário. Além das mensalidades escolares a serem pagas, eles também precisavam de um carro melhor.

Quando minha filha e eu conversamos sobre Deus e o relacionamento dela com Ele, contei-lhe sobre o presente do bilhete aéreo e a grata surpresa. Em seguida, disse-lhe que ela também precisava aceitar o dom do grande amor que Deus tinha por ela. Contudo, ela insistiu na disposição de trabalhar para ter tudo que necessitasse e que pudesse pagar por conta própria. Encorajei-a durante toda nossa conversa para que ela apenas "aceitasse o dom". Finalmente, após uns quinze minutos, ela disse: "Tudo bem! Vou tentar"!

Mais ou menos uma hora mais tarde ela me telefonou, cheia de alegria. Sua antiga chefe havia ligado e queria que minha filha voltasse a trabalhar e disse que se aceitasse o emprego, lhe daria seu antigo carro. A chefe havia sido promovida para um cargo que incluía um carro da empresa e ela e seu marido decidiram dar o carro deles ao invés de vendê-lo, porque queriam abençoar outra pessoa. Minha filha insistiu em pagar pelo carro. Eles discutiram isso durante alguns minutos e finalmente a chefe lhe disse: "Apenas aceite-o como um presente"! Essas palavras ressoaram na mente de minha filha, que compreendeu que precisava aceitar a provisão do Amor divino, e assim o fez. Ela também voltou para a empresa com uma promoção e um aumento de salário e, seis meses mais tarde, deu à luz uma menina maravilhosa.

Contudo, se esse dom do Amor não é negado a ninguém, talvez possamos nos perguntar por que todas as pessoas não vivenciam essa bondade abundante em sua vida? O que é que separa alguém do Amor e da provisão?

Em simples palavras, tudo o que faz com que qualquer um de nós se sinta excluído da graça de Deus e de Seu suprimento abundante de todas as nossas necessidades, são os pensamentos limitadores, negativos e destrutivos que entretemos. A Bíblia descreve essa maneira de pensar como proveniente da "mente carnal" que "é inimizade contra Deus" (ver Romanos 8:7). Esse pensamento insiste em que somos indignos do amor de Deus e ficamos convencidos de que estamos separados da fonte e da substância de todo o bem. Então, ignoramos ou até mesmo nos esquecemos do amor de Deus por toda Sua criação, que inclui cada individuo. A ingratidão e o pecado podem bloquear nosso reconhecimento do desígnio perfeito de Deus e impedir nossa própria receptividade à provisão que Deus tem para nós.

Entretanto, à medida que oramos para compreender mais sobre o Amor divino infinito e o quanto somos amados e constantemente cuidados por Deus, perdemos a visão limitada sobre nós mesmos como mortais, separados de Deus, e começamos a nos ver a partir do ponto de vista de Deus, como Seus filhos amados. Então, não seremos enganados tão facilmente pelo pensamento falso que vem a nós, insistindo em que realmente não somos bons o bastante para sermos amados por Deus. A compreensão de que Deus nos ama perpetuamente, aconteça o que acontecer, resulta em vivenciarmos mais da bondade sempre-presente do Amor, que não pode mais passar despercebido.

Mesmo quando nossa vida dá uma guinada na direção errada, como fez a do filho pródigo, Deus continua a nos amar, nutrir-nos, abençoar-nos com misericórdia, bondade e perdão. Nada pode mudar o amor eterno que Deus tem para cada um de nós.

Não podemos ser mais valiosos para Deus do que já o somos neste exato momento, mas, à medida que entendemos melhor nosso valor espiritual e propósito, e que somos os amados filhos de Deus, percebemos e sentimos mais a natureza de Deus manifestada em nossa própria vida. Mary Baker Eddy escreveu em Ciência e Saúde que o sentido espiritual do ser proporciona ao homem "...uma individualidade mais desenvolvida, uma esfera mais ampla de pensamento e de ação, um amor mais expansivo, uma paz mais elevada e mais permanente" (p. 265).

Portanto, o que fazer com todo esse amor que recebemos de Deus? Nosso propósito é refletir o Amor, viver esse amor incondicional em nossa interação com os outros, e também reconhecer constantemente a nós mesmos como um dos queridos filhos de Deus. Embora não tenhamos de obter nosso relacionamento com Deus, uma vez que ele é um dom, ainda assim necessitamos dar provas desse amor em nossa vida, a fim de vivenciá-lo plenamente.

Todos nós somos convocados em Gênesis 1 a sermos frutíferos e a nos multiplicar, a expressar a natureza e a essência de Deus. Se estivermos pensando a respeito do nosso propósito ou em como podemos expressar o amor de Deus aos outros, podemos saber que estamos aqui para glorificar o Criador. Esta declaração em Ciência e Saúde nos mostra o caminho: "O Amor divino abençoa suas próprias idéias e faz com que se multipliquem — com que manifestem o poder de Deus" (p. 517).

O que fazemos com todo o amor que recebemos de Deus? Nosso propósito é refletir o Amor, viver esse amor incondicional em nossa interação com os outros, e também reconhecer constantemente a nós mesmos como um dos queridos filhos de Deus.

Desde seu nascimento em um humilde estábulo, ao longo de todo seu ministério de cura e em sua ressurreição e ascensão, Cristo Jesus revelou a Deus como um Pai amoroso e que perdoa e proporciona continuamente todo o bem aos Seus filhos. Jesus expressava esse amor em tudo que ele dizia e fazia. Também podemos retribuir o dom do Amor, seguindo o mandamento de Jesus de amar a Deus de todo nosso coração e amar nosso próximo como a nós mesmos (ver Lucas 10:27).

O transbordante Amor divino nos concede tudo o que necessitamos para expressá-Lo de forma magnífica! Esse é o nosso dom, o dom que Deus concedeu a cada um de nós como Seus herdeiros, Seus filhos eternamente e "co-herdeiros com Cristo" (ver Romanos 8:17). Exatamente aqui e agora, podemos aceitar o dom divino do nosso relacionamento inquebrantável, inviolável, com Deus. Então, nossos corações cantarão: "Graças a Deus pelo seu dom inefável!" (2 Coríntios 9:15). Como Seus filhos amados, podemos aceitar esse dom e saber que somos mantidos eternamente nos braços do Amor.

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