“Vi o Senhor!” (João 20:18). Essa exclamação de Maria Madalena aos discípulos, mostra que uma mulher teve a honra de ter sido a primeira a ver Jesus ressuscitado, e essa não era a sua mãe.
O comentarista J. Ramsey Michaels, autor do volume dedicado ao Evangelho de João, do Novo Comentário Bíblico Contemporâneo, diz que Maria Madalena foi como “o apóstolo dos apóstolos”, por ter sido a pessoa que anunciou aos apóstolos a ressurreição do Mestre. Afinal, a palavra apóstolo, em grego, significa o mensageiro.
O versículo seguinte descreve a aparição de Jesus aos discípulos ao cair da tarde de domingo. Provavelmente, todos eles, apesar de crer, sentiam medo de confessar que estavam atônitos. Apenas Tomé, que não estava com os apóstolos quando Jesus apareceu pela primeira vez, mostrou explicitamente sua dúvida em relação à ressurreição do Mestre (ver v. 25).
Talvez, por isso, Jesus tenha dito “Paz seja convosco!” (v. 20), ao entrar no recinto onde os apóstolos estavam e o tenha repetido no versículo 21. As experiências que viveu devem ter mostrado que a paz é um elemento muito importante em todas as ocasiões e que é necessária uma confiança radical em Deus para se alcançar a paz plena. Os frutos da paz são desprendimento, liberdade, alegria, harmonia, saúde e disposição para amar. Para se ter confiança em Deus é preciso conhecer os ensinamentos do Mestre.
Quando Jesus “...soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo“ (v. 22), trouxe alento, ânimo e inspiração aos discípulos, para que levassem adiante a missão de cura que lhes estava reservada. O livro de Jó explica: “...há um espírito no homem, e o sopro do Todo-poderoso o faz sábio” (32:8) e “O Espírito de Deus me fez, e o sopro do Todo-poderoso me dá vida” (33:4).
“Se de alguns perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; se lhos retiverem, são retidos” (v. 23). Estas palavras seriam como uma antecipação do dia de Pentecostes, pois um dos significados de perdoar pode ser “deixar ir, libertar”, enquanto reter quer dizer conservar.
Oito dias depois, Jesus aparece novamente aos discípulos. Desta vez, estava presente Tomé, que queria uma prova prática da ressurreição do Mestre, que, no versículo 27, insta o incrédulo Tomé a colocar o dedo nas suas chagas. Sem chegar a fazê-lo, Tomé reconhece o Mestre com estas palavras: “...Senhor meu e Deus meu!” (v. 28), A resposta do Mestre foi: “Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram” (v. 29).
Os versículos finais deste capítulo convidam a uma reflexão sobre outros sinais que Jesus fez e que não estão aqui relatados, mas que certamente são possíveis de ver quando se crê no “...Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (v. 31).
No capítulo 21, o Mestre aparece pela terceira vez aos discípulos após a ressurreição (ver v. 14).
Os discípulos haviam passado a noite pescando sem que tivessem apanhado nenhum peixe (v. 3). De início, eles não reconheceram o Mestre, mas o instinto de obediência implícita se manifestou antes que tomassem plena consciência de quem estava na praia. Eles atenderam a ordem de Jesus e lançaram a rede para o lado direito, a qual se encheu de peixes e não se rompeu.
Quando Jesus ”...soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo”, trouxe alento, ânimo e inspiração aos discípulos, para que levassem adiante a missão de cura que lhes estava reservada.
Mais uma vez no Evangelho de João, Pedro e João aparecem na mesma cena. O espírito amável de João possibilitou que ele fosse o primeiro a reconhecer o Mestre, e a natureza impulsiva de Pedro para que agisse mais rapidamente. Esses fatos provam que, apesar de os dons serem diversos, o Espírito é o mesmo (ver 1 Coríntios 12:4) e que a igreja necessita e aceita os talentos e a ajuda de todos.
Jesus perguntou a Pedro por três vezes se ele o amava. Diante da resposta afirmativa de Pedro, vinha o pedido de Jesus: “...Apascenta as minhas ovelhas” (v. 17). Esse questionamento dá a Pedro a oportunidade de se redimir por, anteriormente, ter negado o Mestre por três vezes. Seria a forma de Jesus instar Pedro a realizar a obra de um apóstolo, o que o levou a assumir a posição de líder nos primórdios do cristianismo. Talvez o objetivo tenha sido também o de ensinar a Pedro e a toda a igreja que ser útil aos outros e trabalhar para o Cristo é uma grande prova de amor a Deus.
Bibliografia:
Bíblia de Estudo de Genebra, 2004, Sociedade Bíblica do Brasil, Barueri, SP, Brasil; Bíblia de Estudo Almeida, 1999, Sociedade Bíblica do Brasil, Barueri, SP, Brasil; Comentário Exegético y Explicativo de la Bíblia, R.Jamieson, A.R.Fausset e D.Brown, octava edición, 1981, Casa Bautista de Publicaciones, impresso nos EUA; Novo Comentário Bíblico Contemporâneo – João, Baseado na Edição Contemporânea de Almeida, 1994, Editora Vida, Deer Field, Flórida, EUA; Nuevo Comentário Bíblico, Tito Fafasuli, Abdias Mora, Federico Mariotti y J.T.Poe, 1981, Editores da la Edición española, Casa Bautista de Publicaciones, impresso nos EUA. Harper's Bible Commentary, 1988, Harper SanFrancisco, EUA.
