Posso imaginar uma história que deve ter circulado entre conferencistas da Ciência Cristã há algumas décadas, quando eu era um estudante universitário no norte do estado de Idaho. Deve ter sido mais ou menos assim: "Se você der uma conferência para a Organização da Ciência Cristã na Universidade de Idaho, fica um aviso de alerta: provavelmente você irá se deparar com um sujeito que lhe perguntará 'de onde vem o mal'. Não importa qual a sua resposta, é bem provável que ele não fique satisfeito!"
Ora, esse sujeito era eu. Todos aqueles que tinham um CS ou CSB depois do nome (siglas que definem uma pessoa, respectivamente, como Praticista da Ciência Cristã e Professor de Ciência Cristã) e se aventuravam a passar perto da Universidade, provavelmente ouviriam de mim essa pergunta! Não era exatamente que estivesse insatisfeito com suas respostas. Talvez fosse por achar que estivesse reunindo inúmeras informações para montar um grande quebra-cabeça.
Cada pessoa precisa ordenar seus próprios pensamentos sobre essa questão. Contudo, aqui está um convite para uma breve jornada, caso queira saber como foi que a minha se desdobrou.
Eu havia de fato aceitado a premissa básica que a Ciência Cristã tira da Bíblia: a realidade de Deus é infinitamente boa e que Deus é Tudo. Portanto, o mal não tem nenhuma origem ou realidade que provenha de Deus. O mal se encaixa mais na categoria de erro, engano, ilusão, falsidade, magnetismo animal ou um estado hipnótico de pensamento. Para mim, a lógica era sólida. Eu estava em linha com aqueles que respondiam minha pergunta dessa maneira. Contudo, o ponto que continuava a me confundir era este: Se Deus é infinito, perfeito, a Mente eterna, como poderia uma ilusão, falsidade ou engano criar raízes ao longo do caminho? Como tudo isso começou? Onde haveria uma consciência para começar ou aceitar uma mentira? Lutei com essas questões durante a faculdade e depois que me graduei.
Finalmente, comecei a compreender que nunca teria uma resposta aceitável ... para a mente humana. Foi então que comecei a ficar esperançoso de que encontraria algo que verdadeiramente me satisfizesse. Enquanto tentasse compreender esse quebra-cabeça sob um ponto de vista humano, nunca me sentiria em paz. A natureza da mente humana simplesmente não é formada de maneira que a capacite a compreender esse dilema, esse enigma. A grande questão da teodiceia, a de justificar Deus, que é o bem infinito, à luz de todo o mal aparente, nunca foi e nunca será compreendida por uma mentalidade limitada.
Durante a faculdade, fiz o Curso Primário da Ciência Cristã e isso me ajudou a crescer espiritualmente, em especial na compreensão da totalidade de Deus, a única Mente perfeita, e de como a cura resulta do entendimento dessa verdade. Gradativamente, meu pensamento abandonou a tentativa de lutar com a questão a partir de uma perspectiva humana. Um momento de definição me sobreveio quando sofri, durante mais de uma semana, de uma doença não diagnosticada. Isso ocorreu há mais de um terço de século, mas posso me lembrar vividamente daquele momento, certa noite, enquanto fazia uma curva a caminho de casa nas montanhas.
Estivera pensando sobre o que a Ciência Cristã ensina a respeito do mal. Fiquei repentinamente cheio de gratidão pela descoberta de Mary Baker Eddy de que o mal é irreal. Naquele momento, a doença desapareceu. Foi uma experiência profunda. Tentei compreender o significado de uma mudança tão surpreendente. Seria isso o que as pessoas chamam de remissão espontânea? Seria um milagre? Alguns dias de ponderação me levaram à conclusão de que havia vislumbrado, além do raciocínio humano, uma verdade eterna. Foi como colocar de lado a mente humana e viver um momento de realidade, de Deus, a única Mente.
Essa foi certamente uma peça importante do quebra-cabeça, ajudando-me a compreender que ficaria satisfeito a respeito dessa questão latente somente quando percebesse a realidade a partir do ponto de vista da Mente divina, não da mente humana. Além disso, como poderia eu me unir adequadamente a essa Mente para compreender a vida a partir de sua perspectiva? Somente por meio da cura. Curando a mim mesmo. Curando os outros. Ajudando a curar o mundo. Cada cura na Ciência Cristã é mais do que libertação física, ou a harmonia que substitui o conflito, ou o pecado que cede à inocência. Cada cura cristã autêntica traz um vislumbre ou um senso da realidade espiritual. Cada cura afasta nossa vida do ponto de vista da perspectiva humana e nos aproxima um pouco mais da perspectiva divina.
Em última análise, a visão humana estará sempre desnorteada. O divino não conhece nenhum mal, nunca conheceu e nunca conhecerá. Ficou claro para mim que a única maneira de ficar satisfeito nessa busca era me afastar do humano em direção ao divino. Isso acontece com a cura. Dia a dia, cura após cura.
Quando era criança, achava que o mal se escondia debaixo da cama. Na faculdade, achava que ele era irreal, mas não podia entender exatamente como reconciliar essa teoria com o cotidiano. Agora, sinto-me livre do quebra-cabeça.
Abandonar o humano pelo divino me proporciona uma confiança crescente sobre a revelação de que o mal não provém de nenhum lugar. Ainda mais, que é possível para nós, por meio da cura, desenvolver, passo-a-passo, a consciência espiritual que não luta para tentar imaginar de onde o mal provém ou como se origina. A mente humana ficará sempre confusa.
A consciência divina sabe tudo e não conhece nenhum mal e nenhuma origem para o mal, eternamente. Essa consciência reconhece e ama somente a verdade infinita do bem eterno, ininterrupto. Essa é a consciência que você e eu podemos começar a vivenciar. Cura após cura.