O Dia da Terra foi novamente comemorado e muitos países começaram a focalizar mais as questões relativas ao aquecimento global e seus potenciais efeitos em longo prazo sobre o planeta. Os noticiários sobre a extinção de recifes de corais, temperaturas extremas, de sérias ameaças às abelhas que produzem mel, as quais são vitais à polinização de vegetais e frutas, estão entre as muitas preocupações ambientais.
Os problemas ecológicos são inerentemente multifacetados e interconectados e pode ser difícil perceber por onde começar a resolvêlos. Às vezes, parecem gigantescos. O aquecimento da atmosfera, por exemplo, provocado pelo aumento das emissões de dióxido de carbono, afeta a temperatura dos oceanos, os padrões meteorológicos em diferentes regiões, as estações para o crescimento das plantas e a provisão de alimento e água, tanto para os seres humanos quanto para os animais.
Ao considerarmos quão enormes e complexos os problemas ambientais globais são, talvez possamos achar que seja tarde demais para se tomar quaisquer providências significativas no sentido de solucioná-los. Contudo, existe uma maneira eficaz para começarmos: amar a Terra e orar para curar seus problemas. Isso não é nem um conceito abstrato nem o bordão de uma teologia simplista. O amor concentra e alinha o pensamento com Deus, que é o Amor divino único e infinito, e revela ideias e ações eficazes.
Amar o nosso próximo—a Terra
O mandamento para amar aparece no Evangelho de Lucas, onde um advogado pergunta a Jesus como herdar a vida eterna. A resposta é "amarás o Senhor teu Deus" e "amarás o teu próximo como a ti mesmo" (ver Lucas 10:27), ou seja, um resumo dos Dez Mandamentos que Deus deu a Moisés no Monte Sinai. Consequentemente, se pensarmos a respeito do planeta Terra como nosso próximo, seguese que devemos amá-la também.
Em meio aos problemas ambientais complexos de hoje, esse amor nos capacita a "herdar", isto é, a encontrar ou a recuperar o verdadeiro senso da Vida expressa pelo planeta e sobre o planeta. Tendo em vista que Deus é o Criador e que Sua criação reflete as qualidades do Divino, conclui-se que, a partir desse ponto de vista espiritual, a Terra é pura, pacífica e intacta, nem ameaçada nem poluída.
Começar com Deus traz a perspectiva espiritual correta, a partir da qual podemos dar início à oração a respeito de qualquer situação, inclusive o meio ambiente. Amar a Deus abre o pensamento à realidade de que toda a vida está em Deus e é de Deus, o Amor divino, e é sempre espiritual, plena e perfeita. Compreender esses conceitos, mesmo que em pequeno grau, eleva-nos acima do labirinto e da névoa dos problemas complexos, para a clara luz da realidade espiritual.
O segundo mandamento de Jesus, "amarás o teu próximo como a ti mesmo", também eleva todos os filhos de Deus a essa luz da Verdade. Hoje em dia, alguém poderia perguntar, como fez aquele advogado de outrora: "Quem é o meu próximo"? (Lucas 10:29). Como resposta, Jesus contou a história de um estrangeiro de Samaria que parou ao longo da estrada para ajudar um homem ferido, que anteriormente havia sido ignorado por vários viandantes daquele lugar.
As crises ambientais globais podem ser resolvidas à medida que cada pessoa se elevar na percepção da Terra e do amor pela Terra
Essa parábola do "bom samaritano" mostra a necessidade de expandirmos o senso tipicamente estreito a respeito do "próximo", a partir do significado literal de alguém que mora nas proximidades, para um reconhecimento mais amplo de toda a humanidade como filhos de Deus. Esse senso mais ampliado de fraternidade e uma perspectiva mais elevada de vizinhança, abrem o caminho para mais amor, consideração e solicitude entre a humanidade. Esse conceito a respeito do próximo e a moral contida nos Dez Mandamentos podem também ser aplicados ao relacionamento da humanidade com a Terra, a fim de trazer cura.
Esse conceito a respeito do próximo e a moral contida nos Dez Mandamentos podem também ser aplicados ao relacionamento da humanidade com a Terra, a fim de trazer cura.
Abrir uma janela para o mundo
Usando outra metáfora, consideremos a Terra como uma casa na qual todos vivemos, mas que atualmente parece escura e fria. Amar a Deus e Sua criação é como instalar janelas nas paredes, na direção do sol. Isso torna a luz e o calor disponíveis, tanto para a casa como para todos que estejam dentro dela.
Considerar a Terra como o nosso próximo torna-se lógico e prático quando desistimos do modo habitual de vê-la como um conglomerado de recursos materiais para serem usados (ou abusados) na criação de riquezas. Em vez disso, ela poderá ser vista mais exatamente pela explicação espiritual que Mary Baker Eddy deu em Ciência e Saúde. Ela descreveu a Terra como "um símbolo da eternidade e da imortalidade..." (ver P. 585). Essa percepção da natureza espiritual da Terra também elimina a noção equivocada de que seus problemas (e os do nosso próximo) sejam materiais ou que possam ser resolvidos a partir de uma base material. A Ciência Cristã explica que Deus e a criação são espirituais, não materiais.
A matéria, que parece muito real, é inteiramente contrária ao Espírito, Deus. Ao raciocinarmos a partir da base de que o Espírito constitua toda a substância real, a matéria jamais poderia fazer parte dessa equação. Os problemas materiais são como a falsa imagem que se obtém quando olhamos através de um par de binóculos desfocados. Para se ter a visão correta, o usuário precisa trazê-los para o foco. Semelhantemente, as crises ambientais globais podem ser resolvidas à medida que cada pessoa se elevar na percepção da Terra como uma ideia espiritual e "como seu próximo", bem como no seu amor por ela.
Sejamos o bom samaritano da Terra
É possível que, tal como os viandantes na parábola de Jesus, nós já tenhamos "passado de largo" (ver Lucas 10:31, 32) dos problemas da Terra com as desculpas de que "não é nossa culpa, não é da nossa conta, não temos tempo suficiente" ou "não é tão sério assim". Será que é tarde demais para parar nossa caminhada mental (ou literal) e ajudar? Na parábola, o homem ferido fora abandonado na estrada por algum tempo, antes que o samaritano chegasse até ele. Contudo, isso não impediu aquele viajante de ter uma atitude de amor, da mesma maneira que sua condição de ser um estrangeiro não o impediu de ver o homem ferido como o seu próximo em Deus.
As crises ambientais globais podem ser resolvidas à medida que cada pessoa se elevar na percepção da Terra como uma ideia espiritual e " como seu próximo", bem como no seu amor por ela.
Jesus conta como o samaritano tratou dos ferimentos do homem "aplicando-lhe óleo e vinho" (ver Lucas 10:34). Obtemos um senso mais profundo dessa atividade purificadora e de como ela pode ser aplicada aos ferimentos da Terra, quando lemos a descrição espiritual em Ciência e Saúde sobre óleo e vinho como representando, respectivamente: "Consagração; caridade; doçura; oração; inspiração celestial" e "Inspiração; compreensão" (ver PP. 592, 598).
Colocar inspiração, compreensão e oração e pensamento consagrado a qualquer problema traz cura. Aplicar a essência espiritual de óleo e vinho em cada crise ambiental com que nos deparemos em nossa vida diária ou nos noticiários é uma expressão ativa de amor pelo nosso próximo, a Terra, e deixa entrar a luz do Amor.
A oração pela Terra talvez nos conduza a um estudo mais profundo, tanto sobre as questões ambientais que se nos apresentam, como sobre a realidade espiritual
Expressar mais amor pelo nosso próximo, a Terra, trará gradativamente soluções para a complexa teia de problemas ambientais.
Pensar profundamente sobre as qualidades espirituais que o óleo representa, por exemplo, trará ideias para mudanças específicas no pensamento e na ação que podemos colocar em prática para ajudar a Terra. Empenharmo-nos em expressar mais caridade, boa vontade e assistência em prol da Terra talvez nos conduza a ações como apanhar o lixo do chão enquanto caminhamos ou converter em adubo restos de comida para que os nutrientes retornem ao solo.
Considerar a qualidade da gentileza talvez nos faça lembrar de respeitar o habitat dos animais selvagens e de evitar matar outras criaturas, ou de trocar um veículo velho por um de combustível mais eficiente e menos poluente. Consagrar-se mais talvez facilite um esforço consciencioso de manter no pensamento o senso espiritual da Terra e de estar atento às oportunidades de compartilhar essas percepções com outros. A oração pela Terra pode nos conduzir a um estudo mais profundo, tanto sobre as questões ambientais que se nos apresentam, como sobre a realidade espiritual.
Expressar mais amor pelo nosso próximo, a Terra, trará gradativamente soluções para a complexa teia de problemas ambientais. A janela de amor, aberta para o nosso planeta, deixará entrar a luz do Amor divino que cura tudo. Então, nem nós nem a Terra "deixaremos que o mal vença", mas, ao contrário, "venceremos o mal com o bem" (Romanos 12:21, adaptado da Bíblia Nova Tradução na Linguagem de Hoje).
