Há alguns anos, eu vivia no 25º andar de um prédio de apartamentos muito alto, e meus netos adoravam me visitar. Uma das coisas que eles mais gostavam de fazer era subir ao apartamento usando o elevador, e nunca escapava à sua atenção o fato de que, depois que o elevador chegava ao 12º andar, o marcador pulava a numeração e ia direto para o 14º andar. No início, eles ficavam intrigados.
Expliquei-lhes sobre superstições e disse que algumas pessoas acreditam que o número 13 poderia dar azar, a ponto de muitos edifícios altos não terem o 13º andar. “Mas, eles estão se enganando”, exclamou meu neto. “Ele continua sendo o 13º andar, não importa como eles o chamem!”
Isso me fez pensar de forma mais ampla no que constitui uma superstição. Notei que as superstições têm uma coisa em comum: a equação “se ... então”. “Se você mora no 13º andar, então você terá má sorte”. Ou, “Se um gato preto cruzar o seu caminho, então você terá um dia horrível”. Comecei a me perguntar se muitas outras afirmações da mente humana com base na equação “se ... então”, não poderiam ser consideradas como superstições de um determinado tipo, ou seja, embora eu não acreditasse que gatos pretos ou o 13º andar pudessem trazer má sorte, será que eu não poderia estar me deixando enganar por crenças supersticiosas de uma maneira mais moderna?
Por exemplo, eu ainda tinha uma preocupação latente de que, se eu ficasse perto de alguém com sintomas de resfriado, então eu poderia apanhar um resfriado? Ou será que eu acreditava que se meus ancestrais tivessem certos traços de temperamento, então eu também teria essas características? Ou será que eu acreditava que, se eu orasse e estudasse a Ciência Cristã todos os dias pela manhã, então somente assim eu teria um bom dia?
Percebi que essas afirmações estavam baseadas em fatores e variáveis que poderiam, de fato, admitir a realidade tanto do bem como do mal, e isso ia contra aquilo que eu havia aprendido como sendo a verdade na Ciência Cristã.
A Ciência Cristã, fundamentada diretamente nos ensinamentos da Bíblia, me ensinou que a realidade se baseia naquilo que poderia ser descrito como uma equação “visto que ... então”, indicando que não existe nenhuma variável relacionada com acaso ou circunstância e nenhuma dualidade entre bem e mal em sua premissa ou suas conclusões. Começando pelo Gênesis, lemos: “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” (1:31). Temos a percepção de que Deus está dizendo: “Visto que Eu sou o único Criador e Eu sou Tudo, então tudo é bom, como Eu”.
A verdade espiritual em todos os momentos é que não pode haver exceções para o único Deus infinito, que é todo o bem.
Um tema que aparece na Bíblia é a autodeclaração de Deus na primeira pessoa, como em Isaías 45:5: “Eu sou o Senhor, e não há outro; além de mim não há Deus...” Gosto especialmente da maneira como Deus Se revela a Moisés na primeira pessoa como “EU SOU O QUE SOU” (Êxodo 3:14). Em sua conversa com Deus, Moisés ainda está expressando todos os tipos de medo fundamentados na equação “se ... então”. Embora o relato bíblico não apresente as preocupações de Moisés com base em argumentos do tipo “se ... então”, ele me ajudou a ponderar que na raiz do medo talvez estivessem os seguintes pensamentos: “E se as pessoas não acreditarem que Tu me enviaste para liderá-los?” e “E se eu não conseguir superar os problemas que tenho de falar em público?” Mas Moisés recebe a garantia divina de que “Eu serei com a tua boca” (Êxodo 4:12). Ele finalmente compreende que, visto que Deus é o grande EU SOU, ele será bem-sucedido.
A Bíblia enfatiza a onipotência de Deus, e o Novo Testamento em particular está repleto de declarações a respeito de Sua natureza generosa e amorosa, como esta: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança” (Tiago 1:17). No livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy, lemos: “Não é bom imaginar que Jesus tenha demonstrado o poder divino de curar somente para um número seleto de pessoas ou por um período de tempo limitado, pois para toda a humanidade e a todo momento o Amor divino propicia todo o bem” (p. 494). A verdade espiritual em todos os momentos é que não pode haver exceções para o único Deus
infinito, que é todo o bem.
As superstições, então, podem ser consideradas como uma negação direta da totalidade de Deus. Longe de serem apenas crenças tolas e inofensivas, elas podem ser tratadas como sugestões mentais perniciosas de que haja outro Criador, outra causa e outro efeito. Toda a missão e todo o ministério de Cristo Jesus proclamavam que o reino dos céus, ou o bom governo de Deus, está sempre aqui, sempre ao nosso alcance e sempre em nossa consciência agora e sempre.
O Apóstolo Paulo disse: “Senhores atenienses! Em tudo vos vejo acentuadamente supersticiosos*; porque, passando e observando os objetos de vosso culto, encontrei também um altar no qual está inscrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Pois esse que adorais sem conhecer é precisamente aquele que eu vos anuncio” (Atos 17:22, 23, *conforme a Bíblia em inglês, versão King James).
Uma tradução moderna da Bíblia traduz as palavras “acentuadamente supersticiosos” como “extremamente religiosos” (J. B. Phillips, The New Testament in Modern English [O Novo Testamento em Inglês Moderno]), e Paulo estava desafiando aquela que poderia ser chamada de a superstição religiosa mais básica de todas: a falsa noção, que ainda é amplamente aceita hoje em dia, de que Deus é, em última análise, incognoscível, e de que temos de aceitar a Deus como um mistério. A partir dessa premissa, deveríamos também nos resignar à presença do mal e acreditar que coisas ruins simplesmente acontecem, às vezes, mesmo as aceitamos, como se elas fossem “a vontade de Deus”. Paulo desafiou essa ideia quando explicou que nós, literalmente, vivemos e nos movemos e temos nossa existência completa na totalidade do Amor e, portanto, não existe nenhuma equação “se ... então” adversa e supersticiosa. Não há nenhum bem desconhecido na Mente.
Há alguns anos, quando um dos meus netos, o Collin, estava cursando o Ensino Fundamental, recebi um telefonema de sua mãe logo cedo pela manhã. Ela perguntou se ele poderia passar o dia comigo enquanto ela estava no trabalho. Ela explicou que ele estava aparentando sintomas de uma doença contagiosa que aparecera em sua escola. Os pais haviam recebido um aviso da escola, trazido pelas crianças no dia anterior. O aviso informava que mais de sessenta por cento das crianças não estavam indo à escola, e que a doença era bastante contagiosa.
Concordei alegremente em receber o Collin e passamos um dia maravilhoso e tranquilo. A primeira coisa que fizemos foi ler em voz alta a Lição Bíblica que consta do Livrete Trimestral da Ciência Cristã. Não me lembro das ideias específicas que lemos, mas tenho certeza de que conversamos sobre o fato de que ele estava em segurança por ser o filho de Deus, e de que todas as outras crianças também estavam sendo cuidadas na totalidade de Deus. Em seguida, montamos quebra-cabeças, fizemos sanduíches de queijo quente e assistimos a um filme.
Quando sua mãe veio apanhá-lo, ele estava perfeitamente bem e feliz. Porém, naquela noite, quando eu estava me preparando para fazer o jantar, comecei a sentir os sintomas da doença. Sentei-me imediatamente e simplesmente volvi meu pensamento a Deus em um tipo de oração para ouvir a Sua mensagem. O que ouvi foi minha própria afirmação da equação “visto que ... então”.
“Eu sou cem por cento perfeito, então você é cem por cento perfeita”. Compreendi que essa era uma declaração direta de Deus, a Mente. Era um desafio específico à pretensão de que a doença podia trazer com ela uma necessidade estatística por meio de uma suposta lei de contágio. O fato absoluto “visto que ... então” da perfeição cem por cento de Deus e a minha perfeição espiritual como reflexo de Deus triunfaram sobre a pretensão do mal aleatório, variável e circunstancial.
Passei apenas alguns instantes aceitando esse fato espiritual de que a perfeição é invariável para todos e me regozijando nele, levantei-me da cadeira completamente livre de quaisquer sintomas e fui me dedicar aos meus afazeres. Mais tarde, minha filha também me contou que o contágio havia desaparecido abruptamente e que as crianças voltaram rapidamente para a escola.
Podemos detectar depressa quaisquer proposições supersticiosas do tipo “se … então” e perceber que elas são crenças não espirituais e que não têm nenhuma autoridade; elas não são de Deus. Então, podemos nos fortalecer ao considerá-las não mais como uma lei e, portanto, não mais plausíveis do que as superstições quanto a gatos pretos e a andares com o número 13. E o melhor de tudo é que podemos nos volver a Deus para ouvir a voz trovejante da Verdade que está eternamente proclamando: “...portanto, vós sereis santos, porque eu sou santo” (Levítico 11:45).
Somos perfeitos e harmoniosos porque Deus é perfeito e harmonioso. É isso!
Publicado anteriormente como um original para a Internet em 19 de junho de 2017.
Tradução do original em inglês publicado na edição de junho de 2017 do The Christian Science Journal.
