Durante 16 anos, as atividades escolares estruturaram a minha vida. Agora tudo isso acabara. Recém-formada na faculdade, e tendo completado um projeto durante o verão, esperava-se que eu estivesse preparada para encarar o futuro. Mas eu não me sentia pronta. Decisões importantes (o que fazer, por onde começar, para onde ir) pareciam graves demais. Eu temia fazer escolhas erradas.
Aparentemente, meus amigos já estavam com a vida resolvida. Mas eu estava sobrecarregada e estressada. Logo iria se acabar o dinheiro que eu ganhara, trabalhando durante o verão, e eu necessitava conseguir um emprego, além de orientação e algum senso de propósito para a minha vida.
A minha maior preocupação era com um relacionamento no qual eu estava, pois necessitava decidir se deveria romper ou firmar. Ele morava em Massachusetts, no Nordeste dos Estados Unidos, e eu estava no Centro-Oeste. Tomei um avião e fui visitá-lo, mas o fim de semana estava quase acabando, e eu ainda estava indecisa. Ao anoitecer, na véspera do meu voo de volta, ouvi os carrilhões dA Primeira Igreja de Cristo, Cientista, A Igreja-Mãe, em Boston.
Caminhei até lá para assistir ao Culto Dominical daquela noite. Senti-me em casa, ancorada. Lágrimas desciam pela minha face enquanto cantávamos um hino de autoria de Mary Baker Eddy, o qual começa assim: “Mostra, Pastor, como andar”. Era como se fosse minha própria oração, vindo direto do meu coração.
De volta ao meu quarto de hotel e ainda orando fervorosamente, notei que havia uma Bíblia na escrivaninha, aberta no livro dos Salmos. Olhei para baixo, e li: “Deus está no meio dela; jamais será abalada; Deus a ajudará desde antemanhã [que interpretei como sendo agora]” (46:5). Li e reli, sentindo uma torrente de convicção e conforto. Naquele momento tornou-se claro para mim que o relacionamento não era correto, e senti verdadeiramente que Deus estava comigo, assim como estava com meu namorado, e iria me dar coragem a cada passo. Senti-me aliviada e dormi a noite inteira.
Durante todo o trajeto de volta para casa, pensei naquela promessa que eu lera na Bíblia, e na autoridade divina e ternura que acompanhavam aquelas palavras. Eu dizia para mim mesma: Deus me enviou aquela mensagem exatamente quando eu necessitava! Tive a certeza de que eu poderia seguir em frente, sem recear o que poderia acontecer, com a convicção de que Deus me orientaria e protegeria a cada passo do caminho. Eu confiava em que podia prosseguir sem hesitação; eu estava sendo apoiada e sustentada por Deus.
Embora tivessem me dito que ninguém estava contratando profissionais da minha área (eu acabara de me formar em inglês), no dia em que cheguei a casa, uma empresa promissora abriu uma vaga de emprego sob medida para minhas habilidades. Inscrevi-me e fui admitida. A empresa ficava a apenas a uns quinze quilômetros da casa do meu pai, e ele me convidou para morar lá, assim eu poderia poupar algum dinheiro. Logo em seguida, comecei a namorar o colega de quarto do meu irmão gêmeo, e no ano seguinte nos casamos.
A parte mais interessante de tudo isso é que eu não sabia, nem sequer sentia a necessidade de saber, o que haveria de acontecer. Mas após aquele fim de semana em Boston, todo o meu receio com relação ao futuro e todo o medo de cometer erros desapareceu. Este verso do hino 169 do Hinário da Ciência Cristã me ajudou: “Não peço para ver adiante, além. Um passo bastará” (John Henry Newman).
Um passo. É impressionante como eu estava tranquila com isso. Em vez de ser uma tortura, cada dia era uma nova aventura de minha confiança em Deus. Dia após dia, meu caminho me era revelado. Nunca mais me senti como se fosse uma náufraga ou à deriva, flutuando sem rumo no oceano. Deus havia me ancorado, e eu havia começado a aprender que meu propósito de vida, independentemente da forma exterior com que se apresentasse, haveria de ser sempre o mesmo: glorificar a Deus em tudo que eu viesse a fazer.
Talvez neste momento você esteja lutando com seu próprio futuro imprevisível. Talvez até em mais de um aspecto: saúde, escola, finanças ou mesmo quanto ao futuro em geral. Mas profundamente, no âmago de cada um de nós, está a lei de Deus, a lei do bem, o Uno e Único. “No meio de nós”, no centro de nosso existir. Essa lei, sólida, firme e absoluta, sempre pode nos orientar, corrigir e proteger, quando a reconhecemos e a ela recorremos. Minha experiência demonstrou o quanto essa lei do Amor é inabalável; tal qual a natureza do Amor divino: incessante, incondicional, invariável, independentemente das dificuldades que estejamos atravessando.