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Original para a Internet

“Todos os dons perfeitos são lá do alto”

Da edição de dezembro de 2021 dO Arauto da Ciência Cristã

Publicado anteriormente como um original para a Internet em 24 de dezembro de 2020.


Na época do Natal gosto de me lembrar de um versículo bíblico que me é muito caro: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança” (Tiago 1:17).

Essas palavras expressam de forma maravilhosa o que aprendi na Ciência Cristã sobre o espírito cristão de dar e receber. Quando um presente é inspirado por aquele amor que é isento de ego, e que resulta de uma compreensão de que Deus é a verdadeira fonte de todo o bem, esse presente traz alegria tanto para aquele que presenteia como para aquele que o recebe.

Mas nem todos os presentes são intrinsecamente bons, inspirados por motivos puros. Algumas vezes, os presentes são utilizados como um meio de controlar os outros, e trazem ao destinatário não alegria, mas um senso de opressão.

Antes do meu casamento, percebi que minha futura sogra tinha uma tendência de dominar, e eu muitas vezes sentia que havia segundas intenções atreladas aos presentes que ela me dava. Por exemplo, meus futuros sogros me disseram que, como presente de casamento, eles gostariam de mobiliar o apartamento tipo flat de um dormitório para onde meu marido e eu nos mudaríamos. Eles marcaram uma data para se encontrarem conosco nas lojas, a fim de escolhermos os móveis.

À primeira vista, parecia um presente generoso, mas, em vez de me sentir grata, considerei o presente uma imposição. Eu estava ansiosa para mobiliar nossa primeira casa, e temia que a nossa liberdade de expressão fosse invadida. Fiquei temerosa quando pensei que o gosto da minha sogra era diferente do meu. Ela escolhia sempre artigos elaborados e bonitos, enquanto eu preferia coisas simples e sob medida.

Ansiosa por encontrar paz em meio à agitação em que me encontrava, voltei-me a Deus com todo o meu coração. O que me veio à mente foi a imagem de duas árvores, um carvalho e um salgueiro. Levando em conta que o carvalho só produz folhas de carvalho, e o salgueiro só produz folhas de salgueiro, seria impossível encontrar uma única folha de salgueiro em um carvalho, ou uma folha de carvalho em um salgueiro. Existe uma lei que mantém a individualidade de cada árvore.

Então pensei em uma declaração de Mary Baker Eddy em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “A Mente divina mantém distintas entre si e eternas todas as identidades, desde a de uma folha de relva até a de uma estrela” (p. 70).

Meu medo se acalmou. Assim como tive a certeza de que as árvores são individuais e distintas, eu podia confiar no fato de que Deus dá aos Seus filhos identidades que também são individuais e distintas. Quer dizer, minha sogra e eu não podíamos impor a identidade de uma sobre a outra. Compreendi com alegria que nossa expressão individual das qualidades de Deus é governada pela Mente divina, e está sempre a salvo de interferências.

No dia seguinte, saímos para a compra do presente de casamento. Senti uma enorme paz, sabendo que Deus estava no controle de tudo e mantendo a individualidade de cada uma de nós. Enquanto olhávamos as vitrines das lojas, apaixonei-me por uma sala de estar e, para minha alegria, minha sogra também gostou. Todos nós gostamos! Receber o presente acabou sendo uma experiência feliz.

Mas logo me dei conta de que eu estava de novo abrigando sentimentos de indignação diante de novas ofertas de presentes por parte da minha sogra, que pareciam uma intrusão em minha vida e mais uma tentativa de me controlar.

Foi então que certo dia li esta instrução na mensagem que a Sra. Eddy enviou À Igreja Mãe em 1902: “O Cientista Cristão não nutre nenhum ressentimento; ele sabe que isso iria prejudicá-lo mais do que toda a maldade de seus inimigos” (Message to The Mother Church for 1902 [Mensagem À Igreja Mãe para 1902], p. 19).

Tive de admitir que nutrir ressentimento era exatamente o que eu estava fazendo, e que isso só piorava as coisas. Compreendi que, para encontrar minha liberdade, eu tinha de deixar para trás essa atitude negativa. Mas como?

Mais uma vez recorri a Deus para obter uma resposta. Pensei na perfeição da criação de Deus, conforme descrito no primeiro capítulo da Bíblia, que nos diz: “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom…” (Gênesis 1:31). Visto que não há nada de “muito bom” em ser vítima ou sentir-se aborrecida, tive de concluir que essa atitude verdadeiramente não podia pertencer a mim como filha de Deus, e orei para me livrar dela. Também compreendi que Deus não criou uma pessoa autoritária, por isso eu precisava corrigir minha visão sobre minha sogra, a fim de vê-la também como filha de Deus. 

Deus não criou uma pessoa autoritária, portanto, eu precisava ver minha sogra também como filha de Deus.

Comecei a vigiar meus pensamentos e minhas ações para ter certeza de não estar eu mesma tentando manipular ou controlar os outros. Por exemplo, decidi levar cada um dos meus três filhos pequenos para fazer compras cada um por sua vez, quando eles precisavam de roupas novas, e deixá-los escolher suas próprias roupas em vez de eu escolher para eles. Foi uma experiência maravilhosa, pois cada criança escolhia roupas que se adequavam à sua individualidade. Que felizes e livres todos nós nos sentimos! E como me senti abençoada por ser conduzida e governada por Deus!

Minha libertação do ressentimento que eu nutria por minha sogra veio um dia quando ela chegou à nossa casa para celebrar o Natal conosco. Comecei a sentir-me oprimida, pois não terminavam de aparecer os presentes que estavam sendo descarregados do carro. Eles encheram as geladeiras, as prateleiras e as formas de bolo, e não demorou muito para que todas as minhas boas intenções fossem esquecidas. Mais uma vez, senti-me controlada por ela.

Com um profundo desejo de me livrar daquele senso de opressão, recorri a Deus para me inspirar. Imediatamente veio-me uma pergunta ao pensamento: “Qual é o motivo que tua sogra teria para te trazer todos esses presentes?”

Em vez de lhe atribuir um motivo egoísta e controlador, raciocinei que, como expressão espiritual de Deus, ela só poderia ser motivada pelo amor. Deus estava lhe fornecendo tudo de bom, inclusive o propósito e a atividade corretos. Portanto, seus presentes só poderiam trazer bênçãos. E eu certamente compreendi que ela amava a todos nós e que adorava presentear.

Naquele momento, reconheci que todos aqueles presentes que ela havia trazido me libertariam de muito trabalho extra e me permitiriam desfrutar o feriado com a família com mais liberdade. Senti-me profundamente sensibilizada. Todo o ressentimento desvaneceu-se e foi substituído por amor e gratidão. Que Natal feliz nós celebramos todos juntos, simplesmente cheios de amor e alegria!

No entanto, ainda havia outra lição que eu tinha de aprender. Finalmente, em vez de me comprar presentes, minha sogra passou a dar-me dinheiro para eu gastar em um presente para mim, mas ela impôs uma qualificação para o presente. “Você tem de comprar algo que faça você se lembrar de mim”, dizia ela.

“Por que não posso comprar algo sem ser sob uma condição?” pensei. Ao orar de novo para encontrar a verdade que me libertaria, considerei de forma mais profunda a citação em Tiago 1:17: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança”.

Foi então que descobri onde estava o meu erro. Eu havia personalizado os presentes — eu os via como coisas que provinham de uma pessoa. Mas então compreendi que, em realidade, os dons não são materiais, mas espirituais — tais como: amor, alegria, paz, harmonia — e que a verdadeira fonte desses dons é Deus. Visto que Deus é o bem, Seus dons não podem incluir uma partícula sequer daquilo que não seja o bem, e eles não podem trazer consigo nenhuma “variação” nem “sombra de mudança”.

Com profunda gratidão, compreendi que minha sogra só podia refletir o bem imparcial do Amor, que supre todas as nossas necessidades. Senti-me completamente livre da falsa crença de que eu dependia de uma pessoa em vez do Princípio divino para tudo de que eu precisasse.

No Natal seguinte, levei minha sogra para as compras de Natal, e sei que vocês não ficarão surpresos ao saber que tivemos um belo dia juntas, cheio de felicidade e companheirismo. Ao passar por um leilão de tapetes, reparei que um lindo tapete estava sendo leiloado.

“Que tapete maravilhoso!” comentei.

“Vamos parar um pouco aqui para assistir ao leilão”, foi sua resposta.

A próxima coisa que ouvi foi: “Vendido para a senhora lá ao fundo”! Minha sogra havia me comprado algo de que eu gostei muito. Depois ela me disse que esse tapete não teria sido a sua primeira escolha, mas estava feliz por eu ter gostado dele. Na verdade, foi um presente de Deus, e eu só senti muita alegria ao recebê-lo.

Agora também sou sogra, e tenho me sentido livre para dar presentes, sabendo que meu marido e eu não somos a fonte do suprimento, a fonte do bem. “Perfeitos dons do alto são”, diz o hino de L. L. Randall (Hinário da Ciência Cristã, 342, trad. © CSBD).

Como é reconfortante saber que aquele que dá não é pessoalmente responsável pelo bem de outrem, nem pode aquele que dá ficar empobrecido como resultado de dar. Visto que todos os dons perfeitos provêm do abundante bem de Deus, eles abençoam tanto aquele que dá como aquele que recebe. E nada pode nos impedir de receber o que é nosso por direito, como filhos de Deus.

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