Neste podcast do site JSH-Online.com, adaptado para a edição impressa, Rita Polatin conversa com Mark Unger, praticista da Ciência Cristã da cidade de Boise, estado de Idaho, Estados Unidos, o qual fala de suas ideias espirituais a respeito desse tema. Para ouvir o podcast em inglês, publicado em agosto último, visite o site sentinel.christianscience.com/the-abundance-of-god-s-goodness.
Rita: Este ano, vimos que um número recorde de pessoas solicitaram o seguro-desemprego devido à pandemia e, embora tenha havido alguma melhora, muitas pessoas ainda não têm os recursos necessários para atender a todas as suas necessidades. Por isso, eu gostaria de começar perguntando: que ideias você encontrou, em seu estudo e prática da Ciência Cristã, que ajudariam a resolver essa situação?
Mark: Em primeiro lugar, manifesto minha solidariedade a todos os que estão lutando com esse problema mas, como sempre em nossa vida, parece que basicamente temos duas opções sobre como abordar nossos problemas, como resolvê-los. Uma opção é tentar lidar com as coisas a partir de uma atitude material e limitada. Dessa forma, dependemos de nós mesmos, dependemos de nossa inteligência e recursos limitados, ficamos restritos às ideias ou opções que aparecerem, e isso pode ser muito estressante, além de não haver garantia de êxito. A outra opção, que constatei ser muito melhor e sempre exitosa, é a abordagem espiritual, ou seja, recorrer ao Criador do universo, o Criador de nossa vida, a fim de descobrir o que esse Criador, que chamamos Deus, está fazendo e, em realidade já fez, por nós.
Toda a abundância do bem de Deus, que atende a toda necessidade humana, está a nosso alcance, se estivermos dispostos a olhar para além de nós mesmos, olhar para o nosso Criador, que tem ideias infinitas para nos dar a respeito de como prosseguir em qualquer situação, como encontrar o bem abundante, o suprimento abundante de tudo o que for necessário. Isso me faz pensar em um provérbio, que faz parte da sabedoria bíblica, e que diz: “Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas” (Provérbios 3:5, 6).
Se seguirmos aquela primeira alternativa, em realidade acabaremos por tentar tomar o lugar de Deus, ao invés de deixar que Ele seja nosso Deus. Afinal, Deus nos criou e continua a cuidar de toda Sua criação.
É claro que, quando tentamos descobrir soluções por nós mesmos, tudo é difícil. Como você disse, é como tentar ser o Criador, ser Deus. Então, como vamos deixar que Deus seja nosso Deus?
Constatei que a Bíblia pode nos ajudar nisso. A Bíblia está cheia de exemplos de pessoas que recorreram a Deus em situações desesperadoras e foram ajudadas, de uma maneira que vai além da forma meramente humana de pensar sobre as coisas. Vejamos como Jesus começou seus três anos de ministério. A primeira ideia que ele pregou, de acordo com o Evangelho de Mateus, foi: “…Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus” (4:17).
Acho que ele estava dizendo que em realidade o reino dos céus está exatamente aqui, próximo de nós, mas que, para vê-lo, para vivenciá-lo, temos de nos arrepender. E a palavra grega para “arrepender-se”, metanoeó, significa mudar de ideia, ou de pensamento, para melhor. Então, acho que ele estava dizendo o seguinte: se você deseja ver esse reino, ou seja, o reino em que Deus está exatamente aqui cuidando de tudo, você precisa mudar para melhor sua maneira de pensar. Logo, podemos mudar nossa maneira de pensar e olhar para Deus e Seu universo espiritual.
Deus, como diz a Bíblia, é o Espírito. Visto que somos criados por Deus, nós somos espirituais. Então, o que isso quer dizer para nós, quanto a essa questão financeira, quanto a essa questão econômica, é que existe uma economia divina, a economia de Deus, que inclui a abundância. Existe abundância para todos.
Para nossa visão limitada, existe apenas uma economia humana que está sujeita a alterações por qualquer motivo, uma pandemia, mudança nas leis, mudança de líderes. De certa forma, a economia humana pode ir para qualquer lado. No entanto, exatamente próximo a nós está o reino dos céus. Há essa economia divina, estável, na qual Deus está dando a Seus filhos todo o necessário, a cada momento. Mas, como disse Jesus, precisamos nos arrepender. Precisamos mudar a maneira como pensamos, a fim de ver e compreender essa visão espiritual.
Parte dessa mudança é compreender que somos criaturas espirituais de Deus. Como diz o Gênesis, na Bíblia, somos criados à imagem e semelhança de Deus (ver Gênesis 1:26, 27). Assim, possuímos tudo o que Deus dá.
Aliás, isso me faz pensar em um relato que consta do livro We Knew Mary Baker Eddy, Expanded Edition, Vol. I [Reminiscências de pessoas que conheceram Mary Baker Eddy, Edição Ampliada, Vol. 1], escrito por uma aluna, contando o que Mary Baker Eddy disse sobre certa ocasião em que precisava de dinheiro, quando estava iniciando este movimento mundial da Ciência Cristã, nas últimas décadas de 1800.
Essa aluna escreveu que a Sra. Eddy disse: “Quando comecei a estabelecer esta Causa, eu precisava de dinheiro, mas agora aprendi que Deus está comigo, que Ele me dá tudo e que nada pode me faltar”. Pouco depois ela [a Sra. Eddy] acrescentou: “Quando tu estás diante de um espelho e olhas para teu reflexo, este é idêntico ao original. Ora, tu és o reflexo de Deus. Se as mãos de Deus estão cheias, tuas mãos estão cheias, por reflexo. Tu não podes conhecer a carência. Agora sei que Ele realmente nos dá tudo” (p. 296). E devo dizer que agora eu também sei que Ele nos dá tudo e muito mais.
Você poderia nos contar alguma experiência em que realmente constatou que Deus proveu o necessário?
Na verdade, eu poderia falar o dia todo sobre experiências em que me voltei para Deus e encontrei soluções muito melhores do que poderia ter imaginado. Estou pensando em uma experiência que realmente exemplifica a diferença entre vontade e planejamento humanos, e recorrer a Deus para fazer a vontade dEle e compreender o plano dEle. Aliás, acho que esse caso em particular também ilustra como isso funciona, à medida que começamos a seguir por essa vereda de descoberta espiritual e de aprendizado a respeito de como nos volver a Deus e depender dEle.
Nem sempre encontramos a solução na primeira tentativa, mas no final, podemos achar as soluções de que precisamos, sentir as bênçãos que Deus nos dá, e também aprender a recorrer a Deus e a parar de atrapalhar o trabalho dEle, como tantas vezes fazemos com nosso pensamento limitado e com a vontade humana. Visto que Deus é o Amor infinito, Ele sempre nos guia, como um pastor amoroso faz com suas ovelhas.
Na economia divina, estável, Deus está dando a Seus filhos todo o necessário, a cada momento.
Essa experiência aconteceu há muitos anos. Minha esposa e eu morávamos no campo e tivemos a ideia de voltar a morar na cidade, porque sentíamos que lá poderíamos ajudar mais pessoas. Essa parecia uma ideia que vinha de Deus. Colocamos nossa casa à venda, os meses se passaram e nada aconteceu. Então, depois de muitos meses, nós dois realmente tivemos de nos volver a Deus e dizer: “OK, veio essa ideia de nos mudarmos, mas parece que nada está acontecendo. O que precisamos saber? Que ideias tens, Deus, que talvez não estejamos percebendo?” E enquanto orávamos, lembramos que antes de decidirmos vender a casa, havíamos planejado pintá-la, colocar algumas venezianas do lado de fora, e coisas assim. Depois que decidimos vender, simplesmente havíamos parado com esses planos.
Enquanto orávamos sobre isso, pensamos: “Por que não seguir em frente com essa ideia de pintar a casa e abençoar assim as pessoas que vão comprá-la, em vez de pensar humanamente só em nosso benefício?” Na época não tínhamos muito dinheiro, então havíamos pensado em economizar.
Essa não fora a abordagem correta. Repito: Deus é ilimitado. Trata-se de abençoar. Trata-se de dar. Trata-se de recorrer a uma fonte ilimitada. Então compreendemos: precisamos seguir ativos e não parar o progresso em nossa vida, mas sim continuar a seguir as ideias que estamos recebendo. Por isso, pintamos a casa. Foi muito interessante, essa casa estava no mercado há mais de um ano, mas quando acabei de pintar a última porta, recebemos no dia seguinte duas propostas de compra e aceitamos uma. Foi simplesmente incrível.
E essa não é a história toda. A parte seguinte foi a mudança para a cidade. A essa altura, tínhamos uns dois meses para fazer a mudança. Foi quando aprendi mais lições, porque comecei com um pouco de vontade humana, dizendo à minha esposa: “Gostaria de morar no lado norte ou no lado sul da cidade, mas não quero viver no vale”. Ela concordou com isso. Começamos a visitar casas, e devemos ter olhado umas cinquenta, o que é realmente muito. E especialmente se Deus está guiando, por que você teria de visitar tantas casas? E não havíamos encontrado nada.
Então, essa constatação fez com que minha esposa e eu recorrêssemos a Deus — principalmente eu, que havia dito que só queria morar no lado norte ou no lado sul. Perguntei a Deus: “O que preciso saber?” Para mim ficou muito claro que eu havia delineado a coisa toda. Não estava deixando nada a cargo de Deus, pois achava que só eu sabia o que era melhor para nós.
Compreendi naquele dia, por meio da oração, que eu precisava sair de cena e deixar Deus liderar, precisava apenas deixar que Deus nos colocasse no melhor lugar para nós e confiar na Sua escolha, como as pessoas na Bíblia fizeram, tal como Jesus fez e os profetas fizeram. Eles confiaram em Deus. Então, disse à minha esposa: “Quer saber? Acho que foi um erro eu tentar delinear o que deveria acontecer, dizendo que desejava morar somente em determinados lugares. Estou disposto a morar em qualquer lugar — na verdade, em qualquer cidade, onde quer que seja. Temos de deixar isso a cargo de Deus”. E, claro, ela ficou feliz com minha decisão.
Ora, aconteceu algo incrível. Logo no dia seguinte, depois que me voltara para Deus e me abrira com Ele em total confiança, meu pai me ligou, contando uma experiência interessante que tivera. Disse que estava indo para o centro, que fica ao sul da casa dele, mas disse: “Quando me dei conta, eu estava me dirigindo para o norte e não sabia o porquê”. Passando por aquelas ruas, viu um restaurante. Como ele mesmo era proprietário de um restaurante, conhecia a maioria dos proprietários de restaurantes da cidade, e sabia que o estabelecimento em questão havia acabado de ser comprado por um novo proprietário. Então, pensou: “Bem, já que estou passando por aqui, vou entrar e ver se o dono está, pois gostaria de conhecê-lo e bater um papo com ele”. Foi o que fez. E acabou acontecendo que o dono desse restaurante tinha uma casa à venda, no vale, que eles haviam tentado vender, mas não haviam conseguido.
Então, nós resolvemos dar uma olhada na casa, no dia seguinte. Levando em conta que já havíamos examinado aquelas cinquenta casas já mencionadas, àquela altura já tínhamos uma ideia clara do modelo de casa perfeita para nós. Entramos na casa. Ela tinha a configuração perfeita que procurávamos e acabamos por comprá-la. Outro pequeno detalhe foi descobrirmos que, ao longo do ano anterior, os proprietários haviam investido bastante dinheiro nessa casa e feito muitas melhorias, exatamente no mesmo ano em que nós havíamos feito as melhorias na nossa própria casa.
Deus estivera preparando aquela casa para nós como também estivera preparando a nossa para a pessoa que a comprou, e é assim que Deus sempre atua, de maneira simplesmente abundante. Todos são abençoados. De novo, é essa economia divina, ilimitada, que queremos ver, partindo da perspectiva espiritual de que o reino dos céus — a harmonia, o bem, a abundância — está sempre próximo de nós. E isso me faz lembrar de algo que Jesus disse: “…eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (João 10:10).
Isso também me faz pensar no que Mary Baker Eddy disse em um de seus escritos: “Deus te dá Suas ideias espirituais, e elas, por sua vez, te dão o suprimento diário” (Escritos Diversos 1883–1896, p. 307). Bom mesmo foi que você parou de delinear como deveria ser e ficou ouvindo, e as ideias vieram. Essa citação continua dizendo: “Nunca peças para amanhã; é suficiente o fato de que o Amor divino é uma ajuda sempre presente; e se esperares, jamais duvidando, terás todo o necessário, a cada momento”. Portanto, as ideias estão sempre aí, e você se detém, volta-se para Deus e presta atenção.
É isso mesmo. Eu gosto desta parte da citação: “…e se esperares, jamais duvidando…”. Isso pode ser difícil. Mas aí, novamente, você se volta para a Bíblia, com essas histórias que nos inspiram a nunca duvidar. E mesmo se falharmos, devido a um pouco de vontade humana, talvez um pouco de egoísmo, um pouco de limitação, Deus nos mostrará que só precisamos olhar de maneira diferente, ou seja, olhar espiritualmente.
Fale-me de algumas outras atitudes que podem nos atrapalhar. Digamos que talvez haja alguma inveja. Talvez você veja que outras pessoas têm coisas que você deseja, ou, às vezes, você talvez sinta que não é bom o suficiente, que não merece o bem. Quais são algumas das coisas que nos impedem de ver essa vida abundante de que Jesus falou, esse bem que Deus está constantemente nos proporcionando?
Em primeiro lugar, nós realmente merecemos todo o bem. Por que posso dizer isso? Porque o que realmente faz sentido é que todos nós somos na verdade filhos queridos de Deus. E pense bem, será que qualquer um de nós não faria qualquer coisa pelos filhos? Bem, Deus ama Seus filhos em igual ou maior proporção e certamente, como eu acabei constatando, ama mais do que um pai humano consegue amar. É de Deus que estamos falando. Ele nos supre de tudo o que necessitamos e exatamente quando necessitamos. Por isso, podemos dizer que nós realmente merecemos todo o bem.
Quando seguimos os ensinamentos que Jesus nos legou, constatamos que eles contêm realmente o suficiente para termos êxito, abundância e uma vida feliz.
No que se refere a ter inveja daquilo que outra pessoa tem, de novo, essa é uma maneira muito limitada de ver as coisas. Jesus certamente não era rico, de acordo com a definição do mundo para a palavra rico, como por exemplo, ter muitas coisas materiais. No entanto, ele foi, sem dúvida, o homem mais rico que já existiu neste planeta. Seu relacionamento com Deus era uma riqueza. Eu também considero meu relacionamento com Deus como uma riqueza que ninguém jamais poderia me tirar. Sei que Deus estará sempre presente para mim e para todos, sei que sempre cuidará de cada necessidade de maneira abundante. Eu não poderia ter inveja de ninguém e de sua riqueza.
Na verdade, as riquezas materiais podem acabar em um minuto. Esse tipo de riqueza mundana pode causar muito mal às pessoas, como temos constatado várias vezes. Mas, novamente, se olharmos para as coisas a partir de uma perspectiva espiritual, nosso relacionamento com esse Deus Todo-Poderoso, o conforto, a paz, o contentamento, a satisfação que esse relacionamento nos traz são riquezas imensuráveis e, além de tudo isso, ainda temos a abundância do bem de Deus.
Ao optar por ver as coisas espiritualmente, encontramos muita inspiração e sabedoria em algo que consta na primeira epístola a Timóteo: “Grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores. Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão” (6:6–11). Eu simplesmente acho que isso vai direto ao ponto.
Algo que aprendi ao longo dos anos é que cada um de nós tem seu próprio bem específico, porque para Deus cada um de nós é único. Às vezes pensamos que há apenas um único bolo e que cada um está tentando obter uma fatia. Mas, de certa forma aprendi que todos nós ganhamos nosso próprio bolo individual. E o que é bom para outra pessoa não é necessariamente bom para nós. Compreender, portanto, que aquilo que Deus dá a cada um de nós é único, porque cada um de nós é Sua expressão única, faz com que não desejemos o que os outros têm.
Sim, é por isso que olhamos para essa economia divina, e é assim que a economia divina é configurada. Na economia de Deus, todos têm abundância. Deus não tira de alguém para dar a outro. E acho que isso está ilustrado naquilo que contei sobre a casa que encontramos. Eles não conseguiram vender a casa e tentaram por meses. Aparentemente, aquela casa era nossa. Tenho vivido minha vida assim e tem sido muito bom.
Quando acreditamos nessa ideia de competição, de que existe apenas um pouco de algo e que temos de competir por nossa parte, essa é uma visão muito humana, muito limitada das coisas. Mas, se desejamos um determinado emprego, precisamos saber que ou ele já é nosso agora ou é o emprego de outra pessoa. Nós não gostaríamos de ter o emprego de outra pessoa. Nós queremos o que é nosso — o emprego que é exatamente feito sob medida para nós neste momento, para aprender tudo o que precisamos aprender, para estar em contato com quem precisamos estar em contato e sermos capazes de compartilhar nossos talentos e bênçãos. As coisas são assim, sempre.
Quando pensamos nestes tempos em que vivemos atualmente, com tantos desempregados, com muitos negócios fechando e não reabrindo, com tantas pessoas procurando pelo mesmo tipo de trabalho, se fizermos essa escolha espiritual de saber que Deus é infinito e não depende de circunstâncias materiais e que está 100 por cento suprindo propósito, alegria e todo o necessário para cada um de nós, de maneira única e individual, então será que essa maneira de pensar abrirá oportunidades para cada um?
Sem dúvida; é isso que Jesus ensinou. O reino dos céus, a abundância, está à mão. Está aqui. Mas você tem de mudar sua maneira de pensar. O problema é que, se olharmos para o noticiário ou para a forma como fomos educados, começamos a cortar pedaços de um bolo, e não há pedaços suficientes para todos. Mas Jesus compreendia completamente o conceito da economia divina, a economia de Deus, onde há abundância, muita fartura. Como dissemos antes — trata-se de ideias.
Pense na ocasião em que Jesus tinha à sua frente uma multidão de mais de cinco mil pessoas (ver Mateus 14:15–21). Ele estivera pregando e então disse aos discípulos: “…dai-lhes, vós mesmos, de comer”. E os discípulos responderam em essência: “Como podemos fazer isso?” E Jesus perguntou: “O que tendes aí?” E eles disseram: “Cinco pães e dois peixes. Como podemos alimentar cinco mil pessoas com isso?” Mas Jesus sabia que o que abençoa um abençoa todos e Mary Baker Eddy trouxe isso à luz em seu livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, que explica tão bem os ensinamentos de Jesus e torna muito clara essa abundância de Deus para nós. Ela disse: “Na relação científica entre Deus e o homem, constatamos que tudo o que abençoa um, abençoa todos, como Jesus mostrou com os pães e os peixes — sendo o Espírito, não a matéria, a fonte de suprimento” (p. 206).
Deus não daria só o suficiente para alguns poucos. Ele alimenta a todos, dá a todos o bem que eles merecem como Seus filhos. Jesus sabia que havia um modo totalmente diferente de ver as coisas. E o que ele fez? Recorreu a Deus, dando-Lhe graças. Ele agradeceu a Deus por cuidar de todos, porque sabia que Deus cuidaria daqueles cinco mil. Então, mandou que os discípulos distribuíssem a comida a todas aquelas cinco mil pessoas e todos comeram. E ainda sobraram doze cestos cheios.
Existe o suprimento infinito; existe o bem infinito. Mas temos de mudar a maneira como pensamos, temos de deixar de ser limitados e aceitar essa economia divina ilimitada e abundante, onde Deus está no controle de tudo.
Onde é possível encontrar essa perspectiva espiritual, a fim de compreender melhor a Deus e o nosso relacionamento com Ele e realmente conhecer quais são as leis espirituais do universo? Onde encontrar tudo isso?
Como já mencionei, tudo isso está na Bíblia. Vemos exemplos e mais exemplos de como as pessoas confiaram em Deus, o Espírito, Deus que é o Amor. Obviamente, essa é uma abordagem espiritual. A Bíblia realmente contém a inspiração de que necessitamos.
Apenas para citar alguns exemplos: temos a maravilhosa história, no Gênesis, quando Deus utilizou José para cuidar do Egito e dos países vizinhos, em uma época de fome. Em Êxodo, há o exemplo de Deus cuidando dos filhos de Israel durante os quarenta anos no deserto, dando-lhes todo o necessário. Há o caso, no segundo livro dos Reis, da viúva que não tinha nada e um credor iria levar seus dois filhos para serem escravos. E tanto ela como os filhos receberam a ajuda de que necessitavam.
São tantas as histórias que nos inspiram! Há também o exemplo de Jesus transformando a água em vinho, em um casamento no qual o vinho havia acabado. Certa vez, Mary Baker Eddy fez algo semelhante. Ela estava morando em Concord, no estado de New Hampshire, e havia um período de seca, sem chuva durante um mês inteiro. E um fazendeiro local que entregava o leite em sua casa contou à cozinheira que as vacas estavam começando a não ter leite porque o poço estava seco.
Quando a Sra. Eddy ficou sabendo disso, ela sorriu e disse: “Oh! Se ele soubesse, o Amor enche aquele poço”. A palavra “Amor” aqui é outro nome para Deus. O que ela estava dizendo era que Deus encheria aquele poço. “No dia seguinte, quando o fazendeiro veio, contou com alegria à cozinheira que, naquela manhã, ele encontrara o poço cheio de água. O que o intrigava era que não chovera nada”. Então, como você pode ver, não é apenas nos tempos bíblicos que Deus cuida de nós. Aliás, esse incidente pode ser encontrado no livro Mary Baker Eddy — Uma Vida Dedicada à Cura, na página 169, de autoria de Yvonne Caché von Fettweis e Robert Townsend Warneck.
Como eu estava dizendo, a Bíblia realmente contém a inspiração de que precisamos. Mary Baker Eddy descobriu o profundo significado espiritual das Escrituras e, para mim, seu livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, ilumina a Bíblia para que possamos realmente vê-la em sua praticidade e compreender que as leis utilizadas na Bíblia, as quais Jesus nos mostrou, são leis que podem ser realmente colocadas em prática em nossa própria vida.
Eu tenho praticado essas regras e leis que encontro na Bíblia e que estão explicadas tão claramente em Ciência e Saúde e em outros textos escritos pela Sra. Eddy, inclusive como podemos recorrer a Deus e como podemos orar. Venho estudando esse livro há anos e anos, a fim de entender melhor essas leis e regras e como aplicá-las em minha experiência. Pude ver que funcionam, e que é isso que Jesus estava nos mostrando. Por isso, podemos seguir seus ensinamentos, especialmente os que constam do Sermão do Monte, no Evangelho de Mateus, capítulos 5, 6 e 7. Quando seguimos todos os ensinamentos que ele nos legou, constatamos que eles contêm realmente o suficiente para termos êxito, abundância e uma vida feliz.
